10 maiores acidentes em minas da História Mineração, uma atividade de risco Atividade exercida há milhares de anos pelos romanos, a mineração foi amplamente explorada durante a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, no século 18. O crescimento das minas nos séculos seguintes dependeu em grande parte das longas – e perigosas – jornadas de trabalho de homens e crianças. Diversos acidentes graves e com vítimas fatais já foram registrados em minas ao redor do mundo. Relembre alguns e saiba como funciona uma mina. História As minas de carvão começaram a ser exploradas nos Estados Unidos no começo do século 18 e a sua exploração para fins comerciais se desenvolveu em meados de 1730, no estado da Virgínia. Hoje o carvão é comercializado em cerca de 50 países, com destaque para os da Ásia, onde a exploração da rocha tem crescido rapidamente. As reservas de carvão estão disponíveis em quase todas as nações do mundo, e, de acordo com os níveis atuais de produção, elas podem durar até 147 anos. A mina de carvão mais antiga do Reino Unido – e possivelmente do mundo – é a Tower Colliery. Foi desenvolvida em 1805 e fechada apenas em 25 de janeiro de 2008. Evolução X Alto risco Para acompanhar a tecnologia e extrair carvão da forma mais eficiente possível, os mineiros são altamente qualificados e treinados para manejar complexos equipamentos. Embora tenha havido uma modernização da atividade – hoje há o monitoramento de gases tóxicos, lâmpadas de segurança, equipamentos elétricos e de ventilação que reduzem o risco de quedas de rochas e explosões – trabalhar em minas continua sendo uma das atividades profissionais mais perigosas. Todo ano, muitos mineiros morrem em explosões de gás, incêndios, ou por asfixia causada por envenenamento por gás, sem contar o desenvolvimento enfermidades – como doenças pulmonares crônicas – que diminuem a expectativa de vida do mineiro. Segundo levantamento divulgado pela Reuters, 30 mil pessoas já morreram no mundo em acidentes relacionados às minas de carvão desde a década de 1970. Apesar de a Organização Internacional do Trabalho não ter um estudo detalhado sobre mortes entre as profissões, o trabalho de extração mineral e de petróleo já foi considerado o segundo mais perigoso no Brasil pela Fundação em Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho, em 2012. Turquia Um incêndio na mina de carvão da cidade de Soma, a oeste da Turquia, matou 301 pessoas em 13 de maio de 2014. De acordo com um relatório inicial, o fogo pode ter sido provocado pelo aquecimento de carvão, após entrar em contato com o ar, descartando as suspeitas de que a explosão de um transformador tenha provocado o incêndio. O acidente na mina de Soma foi o pior desastre do tipo na Turquia, país onde incidentes em minas costumam se recorrentes. Até então, o pior desastre da mineração turca era uma explosão de gás que, em 1992, matou 270 trabalhadores perto do porto de Zonguldak, no Mar Negro. O incidente em Soma desencadeou inúmeros protestos em todo o país contra o primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan, acusado de ter negligenciado a segurança dos trabalhadores. China Em abril de 2010, 115 homens ficaram presos por oito dias em uma mina de carvão inundada na província de Sanxi, no norte da China. Para não caírem na água enquanto dormiam, os mineiros se prenderam às paredes com seus cintos, e só foram encontrados porque mantiveram as luzes de seus capacetes acesas, em turnos. Os homens chegaram a comer pedaços de viga de madeira e beber água turva do local para se manterem vivos até o resgate. Acidentes em minas, especialmente de carvão, são comuns na China. O pior acidente de todos os tempos, no mundo, aconteceu no país asiático em 26 de abril de 1942. 1.549 mineiros morreram em uma mina de carvão de Honkeiko, operada por japoneses. Chile O acidente da mina de cobre e ouro San José, no Chile, em 5 de agosto de 2010 ficou marcado pela intensa cobertura da mídia, embora não tenha feito vítimas fatais. Trinta e três trabalhadores ficaram soterrados a quase 690 metros de profundidade. Os mineiros recebiam água e alimentos por meio de um poço de alguns centímetros de diâmetro por mais de dois meses até serem resgatados por uma cápsula, que tinha a capacidade de abrigar apenas um trabalhador por vez. O acidente na mina de San José é, até hoje, considerado o pior desse tipo no Chile e o maior resgate dessa natureza no mundo. África do Sul Em 3 de outubro de 2007, 3.200 mineiros ficaram presos em uma mina de ouro na cidade de Elandsrand, situada em Witwatersrand, a maior reserva mundial de ouro. Um tubo teria caído no túnel da mina, comprometendo cabos de energia dos elevadores. Todos os mineiros foram resgatados com vida. De acordo com o Daily Mail, as minas de ouro da África do Sul são as mais profundas e perigosas do mundo. Muitas pessoas exploram minas de forma ilegal no país, vivendo de maneira perigosa e precária. Zimbábue O desastre da mina de carvão Wankie, na antiga Rodésia, hoje Zimbábue, matou 426 pessoas. O acidente, provocado por múltiplas explosões, aconteceu em 6 de junho de 1972. 36 europeus e 390 africanos estavam entre as vítimas. Duas outras explosões, que preencheram o subsolo com nuvens de gás tóxico, tornaram o resgate impossível. Índia O desastre da mina de Dhanbad,a maior cidade mineira da Índia, aconteceu na noite de 27 de maio de 1965. 375 homens morreram no desastre. Dez anos depois, em 27 de dezembro de 1975, outro desastre acometeu a mina de carvão Chasnala, próximo a Dhanbad. Dessa vez, o saldo de mortes foi de 372 pessoas. Em setembro de 2006, outro acidente, na mina de carvão de Bhatdih, matou 44 pessoas. África do Sul Um dos maiores acidentes em mina da África do Sul aconteceu em 21 de janeiro de 1960, em Coalbrook. Uma rocha caiu em uma região da mina, deixando 437 mineiros presos, dos quais apenas 20 saíram com vida. 417 homens foram intoxicados pelo gás metano. O resgate foi impossibilitado, principalmente, pela inexistência de uma broca capaz fazer um orifício grande o suficiente para que os homens pudessem deixar a mina, comprada pelo governo após o acidente. O desastre causou grande polêmica porque alguns mineiros que correram em direção à entrada da mina, na tentativa de se salvar logo após o início do desmoronamento, foram obrigados, pelos seus supervisores, a recuar. Por causa do preconceito racial no país, as viúvas dos mineiros brancos receberam indenização maior do que as mulheres de mineiros negros. Reino Unido O acidente na mina de carvão Senghenydd aconteceu em 14 de outubro de 1913, em uma época em que a explporação de carvão atingia seu auge no Reino Unido. 439 mineiros morreram em decorrência de uma explosão de metano, fazendo do desastre em Senghenydd o pior do Reino Unido durante uma época em que a segurança das minas britânicas era extremamente deficiente (entre 1850 e 1930). Antes disso, em 25 de junho de 1894, 290 pessoas morreram em uma mina de Cilfynydd, Glamorgan, após uma explosão de gás. Em 22 de setembro de 1934, o saldo de mortos em uma mina próxima a Wrexham, no País de Gales foi de 266. Japão 687 foi o saldo de mortos de uma explosão de gás ocorrida dentro da mina de carvão Mitsubishi Hojyo, em Kyushu, no Japão. Esse foi o mais mortífero do tipo, ocorrido no país. Em 9 de novembro de 1963, 458 mineiros morreram na mina de carvão de Mitsui Miike em Omuta, 438 deles por intoxicação por monóxido de carbono. Esta, a maior mina de carvão do país, só deixou de operar em 1997. França Uma explosão em uma mina de carvão na comuna de Courriéres, no norte da França, em 10 de março de 1906, matou ao menos dois terços dos trabalhadores em minas na época: 1099 pessoas, incluindo crianças. Os sobreviventes sofreram inúmeras queimaduras. Um grupo de 13 sobreviventes viveu 20 dias embaixo da terra, entre eles, três homens com menos de 18 anos. Até hoje, não se sabe o que provocou a explosão do pior acidente de mina da história da Europa. Como funciona uma mina de carvão? Há dois métodos principais de exploração de carvão – rocha sedimentar que se deposita em camadas horizontais: próximo à superfície ou mais profundamente, no subterrâneo. A exploração da superfície é feita através de recapeamento e retirada. No Brasil, grande parte da extração é realizada desta forma. Quando a camada do minério é mais profunda, é necessária a construção de um poço com rampas para entrada de mineiros e equipamentos, sendo este tipo de mina o mais perigoso. O carvão é uma rocha com resistência mecânica um pouco menor que de outros minérios, então ele pode ser raspado. Assim, é possível usar uma técnica muito recorrida chamada “long-wall”, em que uma grande parte da parede é recortada. Raspadores vão retirando o carvão, que cai em uma esteira e leva o minério para fora. Outra técnica, chamada “câmaras e pilares” são explosões controladas, que deixam pilares do próprio carvão na mina para sustentar o teto. Perigo Extrações de minas podem ser perigosas devido às pressões subterrâneas e ao desmoronamento de terra, mas principalmente pela presença de gás metano. “Explosões em minas de carvão estão quase sempre relacionadas à presença do gás metano que o próprio carvão libera e que, misturado ao oxigênio em devidas concentrações, pode causar este tipo de acidente” Eduardo César Sansone, professor de Engenharia de Minas da Poli-USP Quem está por trás da produção de carvão? De acordo com a Associação Mundial do Carvão (World Coal Association), o carvão fornece cerca de 30% das necessidades mundiais de energia primária, gera 41% da eletricidade do mundo e é usado na produção de 70% do aço do mundo. Produção de carvão global em 2012: 7.831.000 kg. Dez países que mais produziram carvão em 2012: China – 3.471.000 kg Estados Unidos – 1.004.000 kg India- 585.000 kg Indonesia – 414.000 kg Austrália – 376.000 kg Rússia – 34.000 kg África do Sul – 253.000 kg Alemanha – 189.000 kg Polônia – 139.000 kg Cazaquistão – 117.000 kg mais especiais de notícias