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Lula e Eduardo Campos saem fortalecidos das eleições municipais

29 out 2012 - 15h57
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O PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu aliado PSB, liderado por Eduardo Campos, foram os partidos que mais aumentaram seu número de Prefeituras nas últimas eleições e os que mais avançaram entre as grandes cidades abrindo caminho e ganhando força para o pleito presidencial de 2016.

Lula é apontado como o artífice da eleição como prefeito de São Paulo de Fernando Haddad, relativamente desconhecido para os eleitores que começou com menos de 5% nas pesquisas de intenções de voto e venceu ontem o segundo turno com 55,57% dos votos.

Assim como fez com Dilma Rousseff nas presidenciais de 2010, Lula escolheu Haddad a dedo, impôs sua candidatura apesar das múltiplas resistências do PT e foi o principal orador em seus comícios e em sua propaganda eleitoral.

Já Campos, governador de Pernambuco, que nos últimos dez anos foi um aliado incondicional do PT, transformou o PSB no partido que governa mais capitais e ganhou algumas praças importantes como Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.

Segundo analistas, as vitórias do PT nas municipais também fortalecem Dilma, cuja possível reeleição é considerada como prioritária pelo partido de Lula.

"Os grandes vencedores foram Lula e Eduardo Campos. O primeiro ninguém descarta como possível candidato nas próximas presidenciais e Campos surge como outra candidatura viável para a esquerda", disse à Agência Efe o analista político Lúcio Rennó, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB).

"Além do PT, que conseguiu aumentar seu número de prefeitos e deixar claro o poder eleitoral de Lula, quem mais ganhou nas municipais foi o PSB, que conseguiu nacionalizar o nome de Eduardo Campos e mostrá-lo como uma alternativa viável ao PT", concordou Thiago de Aragão, analista-chefe da agência de análise estratégica Arko América Latina.

O PT, o mais votado nas municipais, aumentou o número de cidades que governa das 558 que conquistou em 2008 para 636 neste ano, enquanto o PSB passou de 310 para 443 Prefeituras.

Ambos ainda estão abaixo do PMDB e do PSDB, que, no entanto, perderam espaço. O número de Prefeituras nas mãos do PMDB caiu de 1.201 em 2008 para 1.031 neste ano, e as dos tucanos minguaram de 791 para 702.

Segundo Aragão, enquanto Dilma pouco participou das campanhas, Lula foi muito ativo no apoio de alguns candidatos, embora alguns tenham fracassado, e mostrou que continua sendo alternativa caso a presidente desista de disputar a reeleição ou as pesquisas não a apontem como viável.

Campos, por outro lado, pode surgir como candidato governista caso o PT desista da reeleição de Dilma ou como uma terceira força viável para 2014.

"O PSB mostrou sua viabilidade como partido sólido de esquerda que pode concorrer com a hegemonia do PT, o que deixa Campos como protagonista das próximas eleições presidenciais: qualquer negociação passará por suas mãos", comentou Rennó.

Apesar de se manter como o segundo partido com mais Prefeituras no país, o PSDB sofreu uma forte queda no número de governos regionais, pois só garantiu quatro capitais e perdeu em São Paulo, a joia da coroa e seu reduto desde 2005.

No segundo turno em São Paulo, Haddad derrotou José Serra, líder histórico do PSDB que tinha sido vencido nas presidenciais de 2002 por Lula e nas de 2010 por Dilma.

"A oposição em geral perdeu terreno, mas este naufrágio fortaleceu o senador Aécio Neves, que surge como o candidato mais viável da oposição em 2014", ponderou Rennó.

Neves, ex-governador de Minas Gerais que garantiu a vitória de um aliado seu na Prefeitura de Belo Horizonte, disputava com Serra a hegemonia no PSDB, e por isso, paradoxalmente, foi o mais favorecido pela derrota da oposição na capital paulista.

Do outro lado, Haddad discutiu hoje com Dilma acordos entre a União e o governo municipal durante uma reunião no Palácio do Planalto, na qual agradeceu o apoio da governante.

"Foi uma reunião primeiro para agradecer o apoio, mas também para discutir assuntos importantes para a cidade", afirmou o prefeito eleito a jornalistas após seu encontro de 45 minutos com Dilma. EFE

cm/rsd

(foto)

EFE   
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