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Irã terá nova reunião com grandes potências em junho apesar de desacordos

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BAGDÁ, 24 Mai 2012 (AFP) -O Irã e as grandes potências encerraram nesta quinta-feira dois dias de tensas negociações em Bagdá sobre o programa nuclear de Teerã e pretendem se reunir novamente em meados de junho em Moscou, apesar de haver divergências entre ambas as partes.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, destacou na coletiva de imprensa que persistem "importantes divergências" com a República Islâmica, mesmo com o governo de Teerã estando disposto a tratar da questão do enriquecimento de urânio a 20%.

"Vamos manter contatos intensos com nossos homólogos iranianos para preparar uma nova reunião em Moscou (...) nos dias 18 e 19 de junho", informou Ashton.

O negociador iraniano Said Jalili afirmou que seu país tem um "direito absoluto" de enriquecer urânio.

"Insistimos que temos direito a um ciclo pacífico de energia nuclear e enriquecimento. É um direito inalienável da nação iraniana", declarou.

Contudo, o enriquecimento de urânio "pode ser um tema de negociação em favor de uma cooperação", acrescentou.

As conversas, previstas somente para quarta-feira, foram prolongadas por mais um dia. Participaram delas o Irã, a União Europeia e os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China) e a Alemanha.

O objetivo da reunião de Bagdá era colocar as bases de um processo de negociações destinado a resolver a crise que compromete há anos as relações entre o Irã e as grandes potências e faz pairar a ameaça de um conflito armado no Oriente Médio.

O grupo 5+1 (dos cinco países membros do Conselho de Segurança da ONU e Alemanha) quer ter "garantias" por parte do Irã de que não se trata de fabricar a bomba atômica, enquanto Teerã deseja, entre outras coisas, que sejam suspensas as sanções impostas pela ONU, que pesam sobre sua economia.

Nesta quinta-feira as negociações começaram em um clima definido por um representante iraniano como "muito ruim". Segundo essa mesma fonte, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e o chefe da delegação iraniana, Said Jalili, realizaram três reuniões bilaterais.

Para uma fonte diplomática ocidental, as negociações foram interrompidas porque o Irã pediu que seja reconhecida a possibilidade de enriquecer urânio, o que foi negado ao país pelas grandes potências.

Na quarta-feira, o grupo 5+1 tinha apresentado ao Irã um pacote de propostas. Os detalhes sobre a oferta não foram revelados, mas segundo a imprensa, estabeleciam que o Irã deveria suspender seu enriquecimento de urânio a 20%.

As grandes potências temem que o Irã adquira a capacidade de enriquecer urânio a mais de 90%, uma taxa que o permitiria fabricar uma arma nuclear.

Teerã defende que seu programa nuclear é pacífico, mas numerosos países veem uma tentativa de se unir ao clube fechado das potências nucleares. Israel, que se sente ameaçado e duvida da eficiência das sanções contra Teerã, não exclui uma eventual operação militar.

Nesta quinta pela manhã, vários meios de comunicação iranianos acusaram as grandes potências de terem se alinhado com Israel nas discussões de Bagdá sobre este tema.

"O discurso (dos representantes 5+1) nas conversas se parecem muito com o do primeiro-ministro israelense (Benjamin Netanyahu) e de seu ministro de Defesa", Ehud Barak, segundo o correspondente do canal de televisão em árabe Al Alam presente em Bagdá.

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