"Espero não estar equivocado. Creio que há um avanço com bastantes possibilidades de se alcançar um consenso (...) da União Européia em relação a Cuba", afirmou Moratinos antes do jantar de chanceleres, no qual o tema deverá ser debatido.
Mas "até o último momento prefiro me manter cauteloso", disse o ministro espanhol das Relações Exteriores.
Outros dirigentes europeus também manifestaram seu otimismo sobre a retirada das sanções adotadas em 2003 e suspensas desde 2005.
"Estamos debatendo. Sou a favor da retirada das sanções, mas resta ainda ver o que vamos fazer", afirmou o ministro esloveno das Relações Exteriores, Dimitrij Rupel, cujo país exerce atualmente a Presidência rotativa da UE.
"O debate que fizemos nas duas últimas semanas avançou em uma direção que me parece boa", indicou o chanceler sueco, Carl Bildt, alertando que os gestos de abertura feitos por Raúl Castro após o afastamento de seu irmão Fidel não são suficientes.
Seguindo a posição da Espanha, a Presidência eslovena preparou um texto básico sobre o qual os chanceleres deveriam ter se pronunciado na segunda-feira durante uma reunião em Luxemburgo.
A pedido da chanceler alemã Angela Merkel, a questão foi adiada, porém, até o primeiro dia da reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo desta quinta e de sexta-feira em Bruxelas.
Na Alemanha, "como sabem, há um governo de coalizão e tanto a chancelaria como o Ministério das Relações Exteriores tinham sua posição, mas já estão claras, já temos uma posição unida alemã, e creio que isso vai nos permitir encerrar o tema, espero que essa noite", afirmou o ministro espanhol.
Além da retirada das sanções impostas ao regime comunista por condenar 75 dissidentes, em março de 2003, a duras penas de prisão, e pela execução sumária de três seqüestradores de uma lancha que pretendiam emigrar para os Estados Unidos, o texto preparado pela Eslovênia propõe o início de um diálogo político com o governo de Cuba.
"Temos conversado com as autoridades de Cuba (...) e dissemos a elas, com clareza, que queremos ver mais progressos, que queremos ver a libertação de mais presos políticos", afirmou Benita Ferrero-Waldner, Comissária de Relações Exteriores da União Européia.
As sanções, que consistem em limitar as visitas governamentais bilaterais de alto nível e em convidar, sistematicamente, dissidentes cubanos para as embaixadas de países da UE, estão suspensas desde 2005 graças à pressão do governo socialista espanhol.
Até o adiamento pedido pela Alemanha, a República Tcheca era, com o apoio de Dinamarca e Holanda, a mais reticente dos 27 a retirar as sanções. Um membro da delegação tcheca, que solicitou o anonimato, confirmou, contudo, que "um acordo está relativamente próximo".
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