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Sangue Latino
A genealogia do poder na América Latina
Lucas Rohãn
De marido para mulher, de irmão para irmão, de pai para filho e até de sogro para genro: a árvore genealógica do poder político na América Latina repete os mesmos sobrenomes em países como Cuba, Argentina, Venezuela e Peru.

Cuba


Fidel e Raúl Castro durante sessão do Parlamento cubano em fevereiro de 2013


Alejandro e Mariela Castro Espín, filhos de Raúl, durante missa pela morte da mãe, Vilma Espín, em 2007


Atualmente é impossível falar de Cuba sem lembrar-se da família Castro. Governada por Fidel desde 1959 (como primeiro-ministro), a ilha caribenha assistiu à sucessão em fevereiro de 2008, quando Raúl Castro foi eleito novo presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros. O irmão mais novo participou de todo o processo de ascensão política de Fidel, tendo liderado uma as frentes durante a tentativa de tomar os quartéis Moncada, em Santiago de Cuba, e Carlos Manuel de Céspedes, de Bayamo, em julho de 1953.

Fidel e Raúl atuaram juntos no golpe contra o governo do ditador Fulgêncio Batista, finalizado com sucesso em janeiro de 1959. No governo de Fidel, foi nomeado ministro das Forças Armadas, cargo no qual permaneceu por 49 anos. Em 76, quando Fidel passou a ser presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, Raúl era o vice. Assumiu o poder em Cuba em 2008 e, três anos depois, passou a ser o segundo secretário da história do Partido Comunista – antes, o cargo só tinha sido ocupado por Fidel.

Fidel tem nove filhos, mas reconhece oito. O primogênito, Fidel Castro Díaz-Balart, o “Fidelito”, é assessor do Conselho de Estado para Assuntos Nucleares. É o único que faz política. Entre os demais, há de empresário à golfista.

O único filho homem de Raúl Castro e Vilma Espín Guillois (que foi presidente da Federação de Mulheres Cubanas), Alejandro Castro Espín, é coronel do Ministério da Justiça. Não são poucas as vozes que o apontam como possível sucessor do pai. Após Raúl Castro assumir a presidência, Alejandro se tornou assessor pessoal do mandatário e tem aparecido com mais frequência em atos públicos e visitas oficiais.

Em fevereiro de 2013, outro Castro entrou para a política. A sexóloga Mariela Castro Espín, filha de Raúl e Vilma, foi eleita para o Parlamento. Antes, era reconhecida pelo trabalho em prol dos direitos dos homossexuais. Ao assumir o cargo legislativo, negou intenção de suceder o pai no poder.

 

 

 

 

 

 

Argentina

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Com Néstor e Cristina, família Kirchner está há 10 anos no poder na Argentina

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Alicia foi eleita senadora após o irmão, Néstor, assumir a presidência


Na Argentina, Perón, o sobrenome mais repetido na política deu origem a uma corrente dentro do peronismo: o kirchnerismo. Néstor Kirchner, que morreu em 2010, venceu as eleições e tomou posse em 2003. Passou o bastão presidencial em 2007 para a mulher, Cristina Kirchner, que está em seu segundo mandato, reeleita em primeiro turno.

Néstor e Cristina se conheceram ainda na universidade quando ambos cursavam direito e começaram a militar juntos. Ao lado deles, a irmã de Néstor, Alicia Kirchner, também iniciava sua carreira política. Quando o irmão chegou à presidência, ela foi nomeada ministra do Desenvolvimento Social e seguiu na pasta nos mandatos de Cristina. No pleito de 2005, foi eleita senadora pela província de Santa Cruz, berço políticos dos Kirchner.

Antes de Néstor e Cristina, os ex-presidentes Carlos Menem (1989-1999) e Fernando de la Rúa (1999-2001) tiveram irmãos ou familiares em seus gabinetes ou postos-chave. Eduardo Menem foi presidente do Senado durante os 10 anos de governo do irmão e Jorge de la Rúa foi ministro da Justiça por pouco mais de um ano durante o mandato do irmão Fernando.

 

 

Uruguai


Lucía e Mujica na casa onde vivem, perto de Montevidéu

Nos anos 60 o guerrilheiro “Ulpiano” foi apresentado, durante as reuniões do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, a uma jovem conhecida como “La Tronca”. Quase 50 anos depois, em março de 2010, ele tomava posse como presidente do Uruguai e ela, como senadora que liderou a lista mais votada nas eleições de 2009. José “Pepe” Mujica e Lucía Topolansky se conheceram quando planejavam assaltos, sequestros e fugas de prisioneiros do movimento de esquerda que atuava como guerrilha urbana no Uruguai.

Mujica e Lucía começaram a namorar em abril de 1972, depois que ele fugiu pelo esgoto da prisão de Punta Carretas. O casal foi separado em agosto do mesmo ano, quando ambos foram presos pelas Forças Armadas. Segundo o jornalista Nélson Fernández, do jornal argentino La Nación, Mujica foi preso quando andava de bicicleta com uma metralhadora nas costas, uma granada e alimentos – linguiça, pão e vinho.

Na prisão, tanto Mujica quanto Lucía foram torturados para delatar os companheiros. Os dois foram mantidos como uma espécie de “reféns” do regime, que ameaçava matá-los caso os Tupamaros voltassem a promover ações violentas. Foram liberados em março de 1985 pela Lei de Anistia do primeiro governo de Julio María Sanguinetti.

Com uma doação internacional, Mujica comprou a chácara onde vive até hoje, nos arredores de Montevidéu. Ali se instalou ao lado de Lucía para produzir flores e hortaliças, enquanto tentavam reunir os velhos camaradas Tupamaros em um grupo político legal. Pepe e Lucía não tiveram filhos. Vivem na chácara com a já famosa cadela de três patas de nome Manuela.

O atual ministro do Interior Jorge Vázquez foi secretário da presidência durante o mandato do irmão, o ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010).

 

 

Peru

O ex-presidente Alberto Fujimori e a filha, Keiko

Humala e Nadine durante a comemoração da vitória na eleição de 2011


As eleições de 2011 no Peru revelaram a tentativa da família Fujimori de voltar ao poder 11 anos depois do presidente Alberto Fujimori vencer, mas não levar as eleições. Fujimori governava o país desde 1990, quando derrotou o escritor Mario Vargas Llosa nas urnas. No ano 2000, apresentou a candidatura para um controverso terceiro mandato. Ele venceu os dois turnos do pleito, assumiu por alguns meses, mas acabou renunciando devido a denúncias de corrupção.

A filha dele, Keiko Fujimori, ocupou o cargo de primeira-dama durante a presidência do pai. Após a renúncia, ela foi Congressista e líder do grupo fujimorista. Em 2011, se apresentou como candidata à presidência pela Força Popular, perdendo para Ollanta Humala. Os fujimoristas são a segunda força política no Congresso peruano. Atualmente, Keiko segue atuante na política e deve tentar a presidência novamente em 2016.

Analistas apontam para uma possível situação similar nas próximas eleições presidenciais. Isso por que a mulher do presidente Ollanta Humala, Nadine Heredia, fundadora do Partido Nacionalista, é presença constante nos atos do governo e militante ativa. Ela é apontada como possível candidata do governo nas eleições de 2015, já que atualmente o país proíbe a reeleição imediata do atual presidente.

Além de Nadine, Humala convive, desde antes de assumir a presidência, em 2011, com a acusação contra o seu irmão, Alexis Humala. O empresário viajou à Rússia por conta própria logo após Humala vencer as eleições e se apresentou como representante do governo peruano. Reuniu-se com empresários e autoridades. Documentos do WikiLeaks divulgados em 2013 revelam que Alexis teria negociado a troca de armas por recursos naturais durante essa viagem.

 

Venezuela

Imagem de 2012 mostra Hugo Chávez durante o tratamento em Cuba ao lado do irmão, Adán Chávez, do atual presidente Nicolás Maduro e de seu genro e ministro Jorge Arreaza, casado com María Gabriela Chávez


Quando Hugo Chávez chegou à presidência da Venezuela, nas eleições de 1998, impulsionou a carreira política de outros membros da família Chávez. O pai do comandante da revolução bolivariana, Hugo de los Reyes Chávez, 80 anos, foi eleito governador de Barinas em novembro de 1998, um mês antes de o filho ganhar as presidenciais. Permaneceu no cargo por dez anos, quando passou o posto para o seu filho mais velho, Adán Chávez, atual governador desse reduto chavista e terra natal da família. Adán entrou no governo de Hugo Chávez em 2006, quando foi nomeado assessor direto do irmão e, no ano seguinte, assumiu a pasta da educação.

Argenis Chávez Frías, outro dos cinco irmãos do ex-presidente, foi secretário de governo em Barinas na gestão do pai e, em 2011, foi nomeado vice-ministro do Desenvolvimento Elétrico. Foi diretor da estatal de energia elétrica Corpoelec até o início de 2013, quando deixou o cargo durante a crise de apagões no país. Aníbal José Chávez Frías, outro irmão, foi prefeito da cidade Alberto Arvelo Torrealba, em Barinas. Aníbal e Argenis foram acusados pelo deputado Wilmer Azuaje (integrante do Psuv, partido de Chávez), em 2008, de adquirir empresas com a ajuda de testas-de-ferro.

Elena Frías de Chávez, a mãe do ex-presidente, nunca exerceu cargo público. Professora primária em Barinas, foi apenas primeira-dama do Estado quando seu marido foi governador. Rosa Virginia Chávez, a filha mais velha, foi nomeada recentemente como presidente de uma fundação ligada ao governo, o que indica o início de sua vida pública. O marido dela, Jorge Arreaza, é o atual vice-presidente da Venezuela. Começou na política no governo do sogro, quando foi nomeado como diretor de uma fundação voltada para conceder bolsas aos estudantes venezuelanos. Foi ministro da Ciência e Tecnologia até vencer a eleição de 21 de abril de 2013 como vice na chapa de Nicolás Maduro.

María Gabriela Chávez, outra das filha de Hugo, nunca ocupou cargo público nem se candidatou. Desde o desaparecimento de Chávez, é a herdeira mais atuante nas mídias sociais e na imprensa. Após a morte do pai, divulgou nota com duras críticas contra o líder opositor Henrique Capriles. Na posse de Maduro, ajudou a colocar a faixa presidencial no presidente eleito, um gesto simbólico interpretado por muitos como um indicativo de um futuro político para a jovem comunicadora social de 33 anos.

 

Guatemala

Sandra Torres, atual secretária-geral do partido União Nacional da Esperança

Álvaro Colom, ex-presidente guatemalteco


A Guatemala viveu uma tentativa de sucessão familiar das mais curiosas no continente. Em 2011, primeira-dama Sandra Torres se divorciou no papel do então presidente Álvaro Colom, para tentar ser sucedê-lo no cargo nas eleições de setembro do mesmo ano. A Constituição do país proíbe expressamente a reeleição e também não permite que parentes sucedam o atual chefe de Estado. O divórcio político gerou grande repercussão e fortes críticas da oposição. A briga acabou na Justiça.

Num primeiro momento, a Corte de Constitucionalidade da Guatemala aceitou a candidatura de Sandra Torres, mas o Supremo Tribunal Eleitoral barrou a inscrição da primeira-dama. Sandra recorreu e, após inúmeros recursos judiciais, um mês antes da eleição a Corte Constitucional finalmente decidiu que ela não poderia participar da eleição. Naquele pleito, Otto Perez Molina, do Partido Patriota (PP), de direita, opositor à Colom, foi eleito presidente.
Atualmente, Sandra Torres continua sem ocupar cargo público, mas atua como secretária-geral do partido de centro-esquerda União Nacional da Esperança (UNE). O ex-presidente Álvaro Colom é deputado do Parlamento Centro-Americano (Parlacen).
As próximas eleições gerais na Guatemala acontecerão em setembro de 2015 e, apesar da repercussão negativa do intento de dar a volta na Constituição, Sandra Torres continua sendo o principal nome para concorrer à presidência pelo UNE.

 

 

Paraguai

Lino Oviedo e a mulher, Raquel Marín

No Paraguai, um sobrenome se repete na política recente: Oviedo. Os descendentes do falecido general Lino Oviedo, um dos principais nomes por trás do golpe contra a ditadura de Alfredo Stroessner, ocupam cargos no Senado e nas Assembleias.

Criador do partido União Nacional de Cidadãos Éticos (UNACE), uma dissidência do conservador Partido Colorado, Lino Oviedo morreu em fevereiro de 2013 num acidente de helicóptero durante sua pré-campanha para a eleição de abril, na qual Horacio Cartes, do Partido Colorado, foi eleito presidente. Menos de um mês após morte do general, a viúva Raquel Marín tomou as rédeas das negociações do UNACE. Inicialmente, cogitou-se a possibilidade do deputado Ariel Oviedo, filho do casal, assumir a candidatura. Depois, o senador Lino César Oviedo Sánchez, sobrinho do general, foi oficializado como candidato, mas, no decorrer da campanha, o partido coligou com os Liberais, dando voto útil para o candidato Efraín Alegre, segundo colocado no pleito.

Na atual formação do Senado paraguaio, dois membros assinam com o mesmo sobrenome: além do sobrinho Lino César Oviedo Sánchez, também há o senador Jorge Oviedo Matto que, apesar do sobrenome, não tem parentesco com o general, mas é um dos principais nomes do “oviedismo”. Os filhos de Lino Oviedo, Fabiola Elvira Oviedo e Ariel Oviedo são deputados nacionais e um sobrinho, Eliseo Fernández Oviedo, é suplente. Além deles, a irmã do senador Jorge Oviedo Matto, Lidia Oviedo Matto, é suplente no Parlamento do Mercosul (Parlasul).

Equador


Fabricio Correa, irmão do presidente Rafael Correa, vota nas eleições de abril de 2013 acompanhado de Darth Vader


Quando assumiu a presidência do Equador em 2007, Rafael Correa aboliu a figura da primeira-dama e expressou que espera que toda a América Latina “elimine imediatamente esse anacronismo” que considera “sexista”, “ilegítimo” e discriminatório com as demais mulheres. A mulher do presidente, Anne Malherbe, não ostenta o cargo e não ocupa funções públicas no governo do marido. Ela não costuma aparecer em público e nem dar entrevistas. Correa, que se define como cristão e humanista de esquerda, também é um crítico severo dos concursos de beleza.

O atual presidente tem um irmão na política, mas no lado oposto. Fabricio Correa, 53 anos, é forte opositor do atual mandatário e, inclusive, tentou fundar um partido político para disputar a presidência contra Correa nas eleições de 2013. No entanto, o empresário não conseguiu formalizar sua candidatura porque não reuniu o número de assinaturas necessárias. Os irmãos Correa romperam relações após denúncias de irregularidade em contratos das empresas nas quais Fabricio é sócio com a mãe.
Fabricio Correa apareceu no dia das eleições vestindo uma camiseta “Fabricio 2014” e votou acompanhando por uma pessoa fantasiada de Darth Vader. Ele acusa o irmão de instaurar um “regime de terror” no país. Em declarações ao portal Notimérica, o irmão do presidente disse que não se arrepende de ter se tornado uma figura relevante na política: “para mim tudo foi positivo e, hoje, me transformei em líder político, como diz o Chaves, sem querer querendo”.

Bolívia

Foto de outubro de 2012 mostra festa de aniversário de  53 anos Evo no Palácio presidencial: da esquerda para a direita, Claudia Fernandez, mulher do vice, Alvaro Garcia, que entrega um presente para Evo, e, sentadas, as irmãs do presidente, Eva Liz e Esther Morales


Assim como Rafael Correa no Equador, o presidente da Bolívia, Evo Morales, não concorda com a existência do cargo de primeira-dama e vetou essa função em seu governo. Ele não tem parentes na política e não permitiu que sua irmã Esther exercesse o cargo de primeira-dama porque considera “um insulto para a mulher”. “Fiz a minha irmã chorar, ela queria ser primeira-dama”, revelou Morales.

“Isso de ser primeira-dama é um insulto para a mulher e eu não aceitei. Felizmente, depois de pouco tempo a minha irmã entendeu perfeitamente e minha família não se mete no Palácio de Governo e nem na residência presidencial”, disse Morales durante uma coletiva em Cochabamba em 11 de abril.

México

Enrique Peña Nieto foi acusado de nomear a irmã para um cargo quando era governador


No México, o atual presidente Enrique Peña Nieto se viu envolvido em um escândalo em plena campanha eleitoral de 2012 envolvendo uma de suas irmãs. Ana Cecilia Peña Nieto, a mais nova entre os três irmãos do então candidato do Partido Revolucionário Institucional, ocupava um cargo público no governo do Estado do México.

Ela foi nomeada diretora de Atração de Projetos de Investimento Estrangeiro em 2005, primeiro ano de Peña Nieto como governador do Estado. Durante a campanha presidencial em julho de 2012 a imprensa mexicana publicou que a irmã do candidato recebia salário de cerca de R$ 9 mil no cargo. Após a denúncia, ela deixou o cargo para atuar na campanha do irmão como presidente de seu fã clube.

 

Nicarágua


Daniel Ortega e a mulher, Rosario Murillo, durante as eleições de 2012, quando ele foi reeleito para seu segundo mandato


Na Nicarágua, país tradicionalmente marcado pelo nepotismo, o atual presidente Daniel Ortega, no poder desde 2007, delegou metade de seus poderes à mulher, Rosario Murillo. Integrante da Frente Sandinista de Libertação Nacional, Murillo preside o Conselho de Comunicação e Cidadania, de onde impulsiona reformas de âmbito social. A mulher de Ortega desempenha papel de uma ministra da Presidência.

O casal tem sete filhos e, de acordo com reportagem da rede Univisión, eles ocupam postos-chave no governo e em meios de comunicação.  O filho mais velho do casal, Rafael Ortega Murillo, 43 anos, é dono da emissora de rádio de maior audiência na Nicarágua; Carlos Enrique Ortega “Tino” trabalha no Canal 4, emissora da Frente Sandinista; Laureano Ortega é assessor do Pro-Nicaragua, uma instituição que promove investimentos estrangeiros no país; Juan Carlos Ortega dirige o Canal 8; Daniel Edmundo, 32 anos, é diretor do Canal 4; Maurice Ortega dirige o recém-inaugurado Canal 13, onde também trabalham suas irmãs Camila e Luciana Ortega.

 

 

Honduras


Xiomara e o marido, o ex-presidente Manuel Zelaya, durante a proclamação da candidatura dela à presidência


Em Honduras, a mulher do presidente deposto em junho de 2009, Manuel Zelaya, se lançou candidata à presidência nas eleições deste ano. Para isso, Xiomara Castro de Zelaya fundou ao lado do marido o Partido Liberdade e Refundação (Libre, pela sigla em espanhol). A sigla foi reconhecida em 2011 e marca a tentativa da família Zelaya de voltar ao poder após a conturbada crise de 2009.

Zelaya foi retirado do poder após pouco mais de três anos no cargo, quando resolveu convocar um plebiscito propondo uma Assembleia Nacional Constituinte. A consulta foi desautorizada pelo Congresso e pelo Judiciário, mas Zelaya decidiu realizá-la com valor simbólico. Os militares se recusaram a distribuir a urnas no dia marcado para a votação e Zelaya demitiu o chefe das Forças Armadas, que não aceitou deixar o cargo e se rebelou, prendendo o presidente com apoio das demais instituições.
Manuel Zelaya foi enviado à força para a Costa Rica e retornou ao país escondido em setembro, quando se refugiou na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Ele ficou no local até janeiro, quando terminava seu mandato, e depois partiu para o exílio em Santo Domingo. Voltou ao país em 2010 com a ajuda de Hugo Chávez, que condicionou reconhecer o novo governo de Porfírio Lobo em Honduras à volta de Zelaya à vida política.

Abecedário de curiosidades

Ana Cecilia Peña Nieto, a mais nova entre os três irmãos do atual presidente do México, foi nomeada para um cargo público no governo de Enrique Peña Nieto no Estado do México.

Carlos Menem, presidente da Argentina entre 1989 e 1999, tinha o apoio do irmão Eduardo Menem, presidente do Senado durante esses 10 anos de governo.

Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, colocou os seus sete filhos em postos-chave no governo e em meios de comunicação.

Equador não tem primeira-dama. O presidente Rafael Correa considera o cargo considera “sexista”, “ilegítimo” e discriminatório com as demais mulheres.

Esther Morales saiu chorando de uma reunião com o irmão, o presidente da Bolívia Evo Morales, após ter negado seu pedido para ser primeira-dama. Evo também considera o cargo “um insulto para a mulher”.

Fabricio Correa é um dos principais críticos e opositores ao governo do irmão, o presidente do Equador Rafael Correa.

Fidel Castro tem nove filhos, mas reconhece oito. O primogênito, Fidel Castro Díaz-Balart, o “Fidelito”, é assessor do Conselho de Estado para Assuntos Nucleares. É o único que faz política.

Hugo de los Reyes Chávez, pai do ex-presidente da Venezuela, foi eleito governador de Barinas em novembro de 1998, um mês antes de o filho ganhar as presidenciais.

José “Pepe” Mujica e a mulher Lucía Topolansky eram guerrilheiros que lutaram contra a ditadura no Uruguai. Ambos foram presos e torturados.

Keiko, filha de Alberto Fujimori e posterior candidata à presidência do Peru, foi a mais jovem primeira-dama da história do país durante a presidência do pai.

Sandra Torres se divorciou no papel do então presidente da Guatemala Álvaro Colom, para tentar ser sucedê-lo no cargo nas eleições de setembro de 2011. A candidatura foi impugnada.

Xiomara Castro de Zelaya, mulher do ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya, será candidata à presidência do país em novembro de 2013 por um partido fundado pelo casal.