PUBLICIDADE

Mundo

Indiano é linchado após boato de que consumia carne bovina

30 set 2015 - 08h32
(atualizado às 10h47)
Compartilhar
Exibir comentários

Um homem de 51 anos foi linchado até a morte no norte da Índia após boatos de que ele e sua família armazenavam e consumiam carne bovina em casa.

Foto: (AFP)

Mohammad Akhlaq foi chutado e apedrejado por um grupo de homens em Dadri, no Estado indiano de Uttar Pradesh, na noite de segunda-feira (28).

O filho de Akhlaq, de 22 anos, sofreu ferimentos graves durante o ataque e foi encaminhado a um hospital da região.

Seis pessoas foram presas por ligação com o crime. A polícia está investigando quem espalhou o boato.

O abate de vacas é um assunto sensível na Índia já que o animal é considerado sagrado pelo hinduísmo, religião professada por cerca de 80% dos 1,2 bilhão de habitantes do país.

Uttar Pradesh é um dos Estados indianos que vem endurecendo as leis sobre o abate de vacas e a venda e o consumo de carne vermelha.

A proibição, contudo, vem provocando críticas de parte da sociedade indiana, que diz não ser incumbência do Estado decidir o que a população come.

A família de Akhlaq disse que a família armazenava carne de carneiro na geladeira, mas não carne bovina. A polícia apreendeu o alimento e o enviou para análise, segundo a imprensa indiana.

"Alguns moradores espalharam boatos de que Akhlaq tinha carne bovina em casa e realizava abate de vacas. Por causa dos rumores, a casa dele foi atacada", afirmou uma autoridade local ao jornal indiano The Indian Express.

Incidente aconteceu em um vilarejo, a cerca de 50 km da capital Indiana, Nova Déli, onde Akhlaq, um ex-fazendeiro, vivia com a família
Incidente aconteceu em um vilarejo, a cerca de 50 km da capital Indiana, Nova Déli, onde Akhlaq, um ex-fazendeiro, vivia com a família
Foto: (AFP)

Segundo um policial afirmou à agência de notícias AFP, o "boato de que a família consumia carne bovina foi feito em um templo (local)".

O incidente aconteceu em um vilarejo, a cerca de 50 km da capital indiana, Nova Déli, onde Akhlaq, um ex-fazendeiro, vivia com a família.

Em entrevista ao The Indian Express, a filha de Akhlaq, Sajida, de 18 anos, disse que "um grupo de mais de 100 pessoas do vilarejo" invadiu a casa na noite de segunda-feira (28).

"Eles nos acusaram de armazenar carne bovina, arrombaram as portas e começaram a bater em meu pai e meu irmão. Meu pai foi arrastado para fora da casa e agredido com tijolos", disse ela.

"Ficamos sabendo depois que o boato se espalhou dentro do templo… havia carne de carneiro na geladeira… a polícia levou tudo para análise".

Segundo testemunhas, ao protestar contra as prisões após a morte de Akhlaq, moradores locais entraram em confronto com a polícia e danificaram vários veículos.

Na Índia, 11 Estados ─ incluindo Uttar Pradesh ─, além de dois territórios (regiões administradas), proíbem o abate de vacas, bezerros, touros e bois.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade