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Homens armados atacam canal de TV pró-Assad na Síria

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Homens armados invadiram nesta quarta-feira uma emissora de TV pró-governo sírio, provocando explosões e matando três empregados, informou a imprensa estatal, em um dos mais ousados ataques até agora contra um símbolo do regime do presidente Bashar al Assad.

Após 16 meses de uma rebelião inicialmente pacífica, as forças rebeldes parecem estar se fortalecendo na Síria, e na terça-feira Assad declarou pela primeira vez que seu país está "em guerra".

Os serviços norte-americanos de inteligência, no entanto, dizem que o regime está "bastante firme" e preparado para uma longa luta contra os rebeldes.

O ataque à sede da TV Ikhbariya, cerca de 20 quilômetros ao sul de Damasco, aconteceu ao amanhecer. Durante a noite, intensos combates já haviam sido travados em diversos subúrbios da capital.

A Ikhbariya retomou suas transmissões logo depois do ataque, mostrando perfurações de balas em seu edifício de dois andares, e poças de sangue no chão. Um prédio havia sido quase completamente destruído.

"Ouvi uma pequena explosão, aí uma enorme explosão, e os pistoleiros entraram correndo. Eles saquearam os escritórios e destruíram inteiramente a redação", disse um funcionário do canal à imprensa estatal.

Embora a Ikhbariya seja um canal privado, oponentes de Assad dizem que ela funciona como porta-voz do governo. Toda a mídia síria é rigidamente controlada pelo Ministério da Informação.

Desde o início da revolta na Síria, em março de 2011, a emissora tenta se contrapor ao que diz ser uma campanha de desinformação dos canais por satélite ocidentais e árabes.

SÍRIA "EM GUERRA"

Na terça-feira, discursando com transmissão pela TV a um gabinete nomeado no mesmo dia, Assad disse que a Síria vive "um verdadeiro estado de guerra, por todos os ângulos".

"Quando estamos em guerra, todas as políticas e todos os lados e todos os setores precisam ser direcionados para vencer essa guerra", afirmou.

O caótico discurso --no qual Assad também comentou temas como o uso da energia renovável-- deixou pouco espaço para a conciliação. Ele criticou o Ocidente, que "tira e nunca dá, e isso tem sido provado em todos os estágios".

A declaração de que a Síria está em guerra representa uma mudança na retórica de Assad, que durante meses minimizou a rebelião contra si como sendo obra de militantes isolados, financiados pelo exterior.

A ONU acusa as forças sírias de já terem matado mais de 10 mil pessoas desde o início do conflito, que começou como uma rebelião popular e evoluiu para uma insurgência armada.

Apesar de algumas deserções nas Forças Armadas, especialmente entre militares de baixa e média patente, o círculo de poder de Assad continua coeso, e a guerra civil deve ser prolongada, segundo avaliação de agentes de inteligência dos EUA.

"Ainda estamos vendo as forças militares do regime bastante coesas, eles aprenderam algumas lições ao longo do último ano e meio sobre como lidar com esse tipo de insurgência", afirmou um funcionário.

Por outro lado, disse essa fonte, a insurgência também está mais forte.

"Ambos os lados parecem estar se preparando para uma longa luta. Nossa sensação é de que o regime ainda acredita que pode afinal prevalecer, ou pelo menos parece determinado a tentar prevalecer, e a oposição ao mesmo tempo parece estar se preparando para uma longa luta."

(Reportagem adicional de Tabassum Zakaria em Washington)

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