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Mundo

Guiné vai às urnas para superar anos de "caos"

28 set 2013 - 10h58
(atualizado às 11h01)
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Os guineenses foram às urnas neste sábado para as primeiras eleições parlamentares em mais de 10 anos na Guiné, em um clima de tensão após os atos de violência pré-eleitoral.

"Espero que o povo da Guiné vote esmagadoramente e em paz. Tudo vai ficar bem. A Guiné irá avançar", declarou o presidente Alpha Condé, depois de votar no centro da cidade sob forte esquema de segurança.

"A partir de agora, o Estado vai exercer as suas responsabilidades e o país será tranquilo", assegurou Condé que, um dia antes, considerou que a eleição permitirá a seu país "deixar uma transição (...) caótica".

A votação, prevista para acontecer das 8h00 às 18h00 local, iniciou com antecedência em partes da capital Conakry, de acordo com jornalistas da AFP.

Os colégios eleitorais abriram suas portas, em geral, no horário previsto nas províncias de Kankan (leste), Pita, Labe (norte), Siguiri (nordeste) e Forécariah (sul), indicaram à AFP testemunhas e funcionários eleitorais.

Em Kankan, as eleições foram, no entanto, perturbadas por tempestades. Em Siguiri, muitos eleitores tiveram dificuldades para encontrar os locais onde foram registrados.

Problemas foram relatados em alguns locais em Conakry, como a falta de tinta e cartões eleitorais não encontrados.

Depois de depositar seu voto em Conakry, Lamine Camara, uma professora de 57 anos, declarou que espera a "vitória de seu candidato e a aceitação dos resultados pelos partidos políticos".

Mais de cinco milhões de eleitores estão aptos a votar nessas eleições legislativas, as primeiras desde 2002.

Elas deveriam ter sido realizadas seis meses após a posse, em dezembro de 2010, de Alpha Condé, que se tornou o primeiro presidente democraticamente eleito da Guiné, após dois anos de uma transição agitada por um golpe militar.

As eleições foram adiadas várias vezes devido à falta de consenso entre governo e a oposição, especialmente quanto ao registo eleitoral.

Cerca de 1.800 candidatos disputam 114 assentos.

Apesar do grande números de candidatos, a batalha nas urnas se resume essencialmente a um confronto entre duas coalizões: a União do Povo da Guiné (RPG, tendências socialistas) do presidente Condé, e a União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG, liberal) do principal opositor Diallo, ex-primeiro-ministro.

Durante vários meses, o processo eleitoral foi tomado por um impasse entre governo e a oposição, que foi resolvido por um acordo assinado em julho entre os dois lados, sob os auspícios da comunidade internacional.

Um dos pontos fundamentais de discordância era o registo eleitoral. A oposição suspeita de estar "inflado" em favor do poder em áreas consideradas pró- Condé e "reduzido" em áreas consideradas redutos da oposição.

Nos últimos meses, várias manifestações degeneraram em confrontos neste país de língua francesa de 11 milhões de habitantes, cuja história é marcada pela violência política, militar e étnica desde a sua independência da França em 1958.

Os recentes confrontos entre partidários do poder e da oposição, em 22 e 23 de setembro (um morto e mais 70 feridos) elevou os temores de mais violência.

As eleições são supervisionados por mais de mil observadores nacionais e mais de 100 observadores da União Europeia e da União Africana. Os resultados preliminares devem ser anunciados pela comissão eleitoral no prazo de 72 horas após as eleições.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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