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Gorbachov, Kohl e Bush pai comemoram queda do Muro de Berlim

31 out 2009 - 13h33
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O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachov, o ex-chanceler alemão Helmut Kohl e o ex-presidente dos Estados Unidos George Bush (pai) se reencontraram hoje, em Berlim, para comemorar a queda do Muro, um acontecimento estreitamente ligado às três personalidades.

"Nós três participamos do processo que levou à queda do muro e à unidade da Alemanha. Mas os verdadeiros heróis foram outros", disse Gorbachov.

Em seu discurso, Gorbachov destacou que, ainda antes da queda do Muro, houve um longo e difícil processo de aproximação entre russos e alemães que foi preparando o terreno para os eventos de 9 de novembro de 1989.

"Após tudo o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), muitos podem ter pensado que seria impossível que russos e alemães se aproximassem. Foram tempos difíceis", disse Gorbachov, que lembrou que 30 milhões de russos tinham morrido durante o conflito.

"Agora, já foi inaugurado na Rússia o 20º cemitério de soldados alemães caídos na guerra e, isso, é quase um milagre", disse Gorbachov.

Depois, o ex-líder soviético e prêmio Nobel da Paz em 1990 lembrou que as primeiras aproximações já começaram, em plena Guerra Fria (1947-1991), com o primeiro chanceler alemão do pós-guerra, Konrad Adenauer, e suas visitas a Moscou para conseguir o retorno de prisioneiros de guerra à Alemanha.

"Depois veio Willy Brandt e a política de distensão que Helmut Schmidt prosseguiu. Eles nos prepararam o terreno", disse Gorbachov.

Sobre sua relação de amizade pessoal com Kohl, que foi considerada fundamental para as conversas que prepararam o caminho para a reunificação da Alemanha, Gorbachov lembrou que esta não tinha sido boa desde o início.

"Perdoa, Helmut, mas tenho que dizer isso. Nós não nos entendemos desde o começo", disse Gorbachov, a quem Kohl respondeu com um sorriso e o público, com uma gargalhada, lembrando talvez algumas declarações "infelizes" de Kohl no início dos anos 80.

Naquelas declarações, Kohl comparou Gorbachov com o nazista Joseph Goebbels, das quais depois se arrependeria, a que o líder soviético respondeu na época que esperava convencer o chanceler de que estava errado.

Kohl ressaltou que George Bush (pai) e Mikhail Gorbachov tinham sido "um presente para a Alemanha" nos momentos em que se começou a abrir o caminho para a reunificação.

Os dois apoiaram, segundo Kohl, o processo de reunificação ainda no momento em que outros países, especialmente França e Reino Unido, não escondiam sua preferência de que continuassem existindo dois Estados alemães.

"Os dois foram um presente dos céus para nós. A reunificação não caiu do céu, mas os céus nos ajudaram", disse Kohl.

Gorbachov admitiu, no entanto, que ele ficou surpreso com a velocidade do processo, e lembrou que, em entrevista coletiva em 1989, disse que a reunificação alemã seria um tema para o século XXI.

Bush ressaltou que os eventos que acontecem nestes dias, em relação à queda do Muro, não é algo que afeta somente Berlim, Moscou ou Washington, mas é um símbolo para todas as partes do mundo onde existam pessoas lutando para que seus direitos sejam respeitados.

Os discursos de Gorbachov, Kohl e Bush foram precedidos por um discurso do presidente alemão, Horst Köhler, que defendeu a integração da Rússia na arquitetura de segurança europeia.

Köhler ressaltou também a necessidade de continuar trabalhando pela democracia e pela liberdade no mundo, e para isso é preciso um trabalho de cooperação permanente.

"Há 20 anos, muitos acharam que o mundo se transformaria automaticamente em um gigantesco Ocidente. Isso era ingênuo", disse Köhler.

EFE   
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