Mercosul diz não reconhecer novo governo de Honduras
- Fernando Diniz
- Direto de Montevidéu
Os países do Mercosul e a Venezuela anunciaram uma "enérgica condenação" ao golpe de Estado em Honduras e pediram o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya. No texto, o Mercosul anuncia "total e pleno desconhecimento" do pleito de novembro, que foi realizado em um "ambiente de inconstitucionalidade e ilegalidade". O comunicado com o repúdio foi lido pelo presidente do Uruguai, Tabaré Vasquez, pouco antes de passar a presidência do bloco para a colega argentina, Cristina Kirchner.
O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi deposto em um golpe militar, depois de propor um plebiscito sobre uma eventual candidatura à reeleição. Desde setembro, Zelaya está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa.
Na reunião do Mercosul, estava prevista a discussão de temas como a redução de taxas e o fortalecimento das moedas locais em negociações entre países do bloco. Entretanto, o encontro de cúpula foi tomado por discursos de repúdio ao golpe militar em Honduras e às eleições presidenciais do país.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou os governos do Peru e da Colômbia por apoiarem a eleição de Porfírio Lobo em Honduras e defendeu uma posição energética do bloco. "Isso nos preocupa. Há países aqui sentados que reconhecem o novo governo", disse. Os presidentes do Paraguai e da Argentina, Fernando Lugo e Cristina Kirchner, também lembraram do caso envolendo Manuel Zelaya.
A posição do Mercosul segue a mesma adotada pelo Brasil após as eleições de Honduras. O País não reconhece o pleito por não ter sido organizado pelo governo de Manuel Zelaya. Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que não há prazo para que o presidente hondurenho deixe a embaixada e afirmou que a diplomacia brasileira facilitou o diálogo no país.
Lula, no entanto, não debateu a crise em Honduras durante a cúpula.Ele se limitou a ler um discurso em que defende a integração do bloco após a crise financeira internacional, além de destacar a União Europeia como um parceiro fundamental. O presidente deixou a reunião sem falar com a imprensa.