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Lula: Brasil não tem nada para repensar em relação a Honduras

29 nov 2009 - 21h01
(atualizado em 30/11/2009 às 00h45)
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Lúcia Jardim
Direto de Estoril

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo que o Brasil não vai reconhecer as eleições presidenciais que Honduras realizou hoje, sem a participação do presidente deposto, Manuel Zelaya, e coordenadas apenas pelo presidente interino Roberto Micheletti. "No caso de Honduras, eu tive uma conversa com o ministro Celso Amorim e disse a ele que o Brasil não tem por que repensar a questão. É importante ficar claro que a gente precisa, de vez em quando, firmar convicção sobre as coisas, porque isso serve de alerta para outros aventureiros", afirmou Lula, ao chegar ao hotel Ilha Itália, em Cascais, Portugal. Lula está no país para participar da 19ª Cúpula Ibero-Americana, que ocorre até terça-feira.

O presidente disse que a crise política enfrentada pelo país da América Central é "piada", ao ser questionado se Zelaya poderia continuar abrigado na embaixada brasileira na capital Tegucigalpa por tempo indeterminado. "Até que o governo de Honduras tenha garantias de voltar, ele vai ficar na Embaixada brasileira. Nós não podemos permitir que ele saia sem que haja garantias e segurança para que ele volte para a sua casa. É no mínimo uma piada tudo isso, mas de qualquer forma faz parte da cultura latino-americana", afirmou o petista.

Lula afirmou que as alegações de que as eleições ocorreram com tranquilidade são relativas. "Eu não sei qual foi o resultado de Honduras ainda, mas o dado concreto, de os golpistas não permitirem que o presidente voltasse para coordenar o processo eleitoral, é um sinal muito perigoso e delicado, porque ainda existem muitos países, na América Central sobretudo, com vulnerabilidade política."

Ele afirmou que o Brasil "precisa manter a posição" de não reconhecer o pleito, ao contrário do que fizeram a Colômbia, Costa Rica e Peru, porque "não é possível a gente aceitar que um golpe militar disfarçado de civil". Lula não acha que exista divisão na América Latina sobre este assunto e enxerga as posições distintas dos países como uma consequência normal da democracia.

O presidente disse que, no que diz respeito à crise de Honduras, o Brasil e os Estados Unidos adotaram campos opostos, mas afirmou que as divergências fazem parte dos governos democráticos. Ele disse que a União Europeia, mesmo com mais de 50 anos de existência, ainda diverge em diversas e frequentes questões.

"Vejo que cada país tem soberania para tomar as suas decisões. Cada país vai tomar a decisão em função da sua realidade política", disse. "Obama me mandou uma carta, eu a respondi na sexta-feira. Obviamente que nós temos discordâncias sobre como foi tratada a questão de Honduras, mas também se entre dois chefes de Estado não tiver nenhuma discordância, não tem graça". Disse ainda que existem "muito importantes" para discutir com o presidente americano, como a Cúpula do Clima de Copnhague, que começa no próximo dia 7.

Policiais derrubam apoiador do presidente de Manuel Zelaya, durante manifestação contra as eleições, em San Pedro Sula
Policiais derrubam apoiador do presidente de Manuel Zelaya, durante manifestação contra as eleições, em San Pedro Sula
Foto: AFP
Fonte: Especial para Terra
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