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Mundo

OEA não chega a consenso sobre eleições em Honduras

23 nov 2009 - 23h36
(atualizado em 24/11/2009 às 01h30)
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A Organização dos Estados Americanos (OEA) não chegou a um consenso sobre que posição adotar frente às eleições presidenciais em Honduras, marcadas para o próximo domingo. Representantes dos 24 países que formam a Organização se encontraram nesta segunda-feira para uma reunião na sede da OEA em Washington.

Ao final do encontro, os representantes não apresentaram uma posição comum sobre os desenvolvimentos políticos no país. Vários países, como Brasil, Nicarágua, Equador, Argentina, Bolívia e Venezuela, insistem que não reconhecerão o resultado do pleito sem a prévia restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya. Em contrapartida, os Estados Unidos e o Panamá anunciaram que aceitarão os resultados.

"A maioria dos países estão espantados e disseram que as eleições são inválidas, não têm legitimidade", disse o embaixador da Nicarágua na OEA, Denis Moncada. Fontes da OEE disseram à BBC Mundo que "é pouco provável" que a Organização divulgue um comunicado sobre as eleições em Honduras nos próximos dias, já que há grande divisão entre os Estados membros.

Valenzuela

A reunião desta segunda-feira marcou a estreia diplomática de Arturo Valenzuela como secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado - o mais alto cargo para as Américas na diplomacia americana. Valenzuela substituiu Tom Shannon, o mediador responsável pelo acordo Tegucigalpa- San José, entre o presidente deposto e o governo interino de Honduras, assinado no final de outubro e que fracassou em pôr fim à crise política no país.

Valenzuela defendeu a decisão do governo americano de reconhecer as eleições presidenciais, argumentando que os comícios não foram "inventados" pelo líder interino, Roberto Micheletti, mas que correspondem ao calendário estabelecido antes da crise política, iniciada em 28 de junho com a deposição de Zelaya.

O secretário-assistente ainda elogiou a decisão de Micheletti de renunciar temporariamente ao cargo entre os dias 25 de novembro e 2 de dezembro para facilitar a "reflexão nacional", conforme afirmou o presidente interino ao anunciar a decisão na semana passada. "Pedimos para que se facilite a formação de um governo de unidade nacional, tal como estabelece o acordo do dia 30 de outubro, um (governo) que possa inspirar confiança em todos os setores da sociedade hondurenha", disse Valenzuela.

De acordo com as afirmações de Valenzuela durante a reunião da OEA, Washington espera que os hondurenhos "exerçam sua vontade soberana". O retorno de Micheletti às funções presidenciais está previsto para o dia 2 de dezembro - o mesmo dia em que o Congresso hondurenho se reunirá para decidir o possível regresso de Zelaya à Presidência, um cargo que eventualmente teria que entregar no final de janeiro de 2010.

Zelaya

Ainda nesta segunda-feira, Zelaya pediu a comunidade internacional que não reconheça as eleições do dia 29 de novembro. "Estas eleições terão que ser anuladas e reprogramadas para que se respeite a vontade do soberano", disse Zelaya em uma carta entregue a jornalistas na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde o presidente deposto está refugiado desde setembro.

O pedido de Zelaya coincide com o final da campanha eleitoral no país, encerrada nesta segunda-feira. Zelaya apoiou o acordo Tegucigalpa-San José por entender que poderia retornar à Presidência antes das eleições. Ao surgir diferenças sobre a interpretação do texto do acordo, em relação às datas para o retorno do presidente deposto ao poder e à formação de um governo de unidade nacional, Zelaya declarou o acordo como "letra morta".

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