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Mundo

Amorim: Zelaya chegou a pedir avião brasileiro emprestado

29 set 2009 - 17h22
(atualizado às 17h36)
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Marina Mello
Direto de Brasília

O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, chegou a pedir um avião brasileiro emprestado para voltar a seu país enquanto estava escondido em El Salvador.

Celso Amorim falou durante durante audiência na Comissão de Relações Exteriores, em Brasília
Celso Amorim falou durante durante audiência na Comissão de Relações Exteriores, em Brasília
Foto: Reuters

De acordo com Amorim, o Brasil negou o pedido para não se envolver na questão interna de Honduras e esta é até uma prova da isenção brasileira nesta questão. "Foi pedido um avião brasileiro para que o presidente Zelaya voltasse e nós negamos", disse.

O ministro explicou, no entanto, que negar o abrigo na embaixada, que ele garante ter sido pedido por Zelaya meia hora antes de ele chegar ao local, seria errado e seria um desrespeito às regras internacionais. Na opinião do ministro, se o pedido fosse negado, a situação em Honduras poderia estar pior.

"Não sei o que teria acontecido se Brasil não tivesse aceito (o pedido de abrigo). Ele teria sido preso, talvez morto. Ou estaria numa serra planejando uma guerra civil, uma insurreição", disse. Na visão dele, diante da "emoção" comum em situações como essa, a situação em Honduras, em especial na embaixada, não tem sido das piores.

Além disso, o ministro voltou a ressaltar que não foi o Brasil que escolheu entrar nessa polêmica. "O papel que coube a nós, não foi escolhido por nós, mas também não o repudiamos", disse. Segundo ele, a importância desta questão é enorme porque pode servir como base para outros países. "Isso é o destino da democracia na América Central. A tolerância a um golpe de estado poderia estimular outros", afirmou.

Amorim também reconheceu que a situação vivida por brasileiros que estão em Honduras é "delicada" e "bastante difícil". Para viabilizar o contato com estes brasileiros, afirmou que o Brasil vai contar com o apoio de países vizinhos a Honduras que, apesar de também não reconhecerem o governo de facto, mantém uma relação mais amigável com Honduras.

Situação singular

Amorim classificou a situação vivida em Honduras como "única" e "singular", pois ele não se recorda de alguma vez na história da diplomacia mundial de um presidente deposto querer voltar ao seu país de origem ao invés de querer fugir.

Amorim explicou que o Brasil vem buscando apoio internacional nesta questão e fez questão de ressaltar que importantes organismos internacionais - como a Organização dos Estados Americanos (OEA) - estão apoiando a iniciativa brasileira de abrigar em sua embaixada em Tegucigalpa o presidente deposto Manuel Zelaya.

"Estamos procurando mobilizar a OEA e as Nações Unidas", disse ele. Apesar de ontem um membro da OEA ter dito que a atitude brasileira foi "irresponsável", Amorim disse que a mídia deu destaque a esta fala sem ressaltar que o Brasil vem recebendo apoio por ter cumprido as regras internacionais ao abrigar um presidente legitimamente eleito.

Fonte: Redação Terra
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