Gbagbo decreta toque de recolher nos bairros de Abidjan
13 jan2011 - 10h35
(atualizado às 11h49)
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Laurent Gbagbo declarou o toque de recolher em vários bairros populares de Abidjan, fortificações do seu rival Alassane Ouattara, após dois dias de conflitos violentos que causaram 11 mortes na Costa do Marfim.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas marfinianas, general Philippe Mangou, leal a Gbaggo, informou na manhã desta quinta-feira na emissora estatal RTI que o toque de recolher estará vigente das 19h do horário local às 6h da manhã do próximo sábado nos bairros de Abobo e Anyama.
Desde a última quarta-feira, os dois bairros estão cercados por tropas das Forças Armadas e de segurança, com tanques blindados e diversos soldados, embora não tenham registrado outros episódios violentos, disse a Polícia à agência EFE.
O general Mangou afirmou que o dispositivo militar "se manterá na região o tempo necessário para despejar os rebeldes que se escondem no lugar" e acusou os seguidores de Ouattara de organizar ataques contra as Forças de segurança, que apoiam Gbagbo.
Por sua parte, os ex-rebeldes das Forças Novas, que não se desarmaram após a guerra civil entre 2002 e 2007, que controlam o norte do país e defendem a sede provisória do Governo de Ouattara, no Hotel Golfe de Abidjan, negaram qualquer relação com os fatos.
Em contraste com a declaração do general Mangou, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, advertiu na quarta-feira que as Forças leais a Gbagbo que deverão responder pelos ataques dos dois últimos dias contra o bairro de Abobo, em comunicado lido pelo porta-voz da ONU, Martin Nesirky.
Nesirky também expressou a preocupação do organismo pelas informações procedentes de Abidjan que as Forças de Gbagbo planejam outra ação contra seguidores de Ouattara nas próximas horas.
Explicou, além disso, que os homens de Gbagbo tratam de forçar o despejo da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI) enviados a Abobo para tratar de conter a violência.
Após o segundo turno das eleições presidenciais em Costa do Marfim, a Comissão Eleitoral Independente (CEI) deu a vitória com uma ampla vantagem a Ouattara, resultado que foi certificado pela ONUCI e reconhecido pela comunidade internacional.
Gbagbo não admitiu esse resultado e recorreu ao Conselho Constitucional, controlado por seus seguidores, que anulou a votações em sete departamentos amplamente favoráveis a Ouattara e lhe outorgou a vitória, o que rejeitou a comunidade internacional, que exige que o político deixe o poder.
Crise pós-eleitoral
No dia 28 de novembro de 2010, a Costa do Marfim realizou o segundo das eleições presidenciais, cujo resultado permanece até agora indefinido. Os dois candidatos se consideram vencedores do pleito: o até então presidente, Laurent Gbagbo; e o líder oposicionista, Alassane Ouattara.
Internamente, a situação está dividida e reflete a antiga cisão por que o país passou na Guerra Civil de 2002: Gbagbo conta com o apoio da porção sul do país, enquanto Ouattara tem sua base no Norte. Externamente, porém, a ampla maioria da comunidade internacional apoia a renúncia de Gbagbo e a posse de Ouattara.
Enquanto o dilema político não se resolve, a sociedade marfinense vive à beira do colapso: a ONU reportou casos de violência e teme um conflito de proporções graves. Centenas já morreram, e milhares fugiram para a Libéria, país vizinho. A União Africana, que mantém diálogo com os líderes, não descarta uma intervenção no país.
Homem vota nas eleições presidenciais do Haiti em 28 de dezembro de 2010
Foto: AFP
Os mediadores africanos Boni Yayi, presidente do Benin, Ernest Koroma, presidente de Serra Leoa, e Pedro Pires, presidente de Cabo Verde, representando os 15 países membros da Comunidade Econômica doOeste Africano, e o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, representando a União Africana, saem deuma reunião com o líder da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, em 3 de janeiro de 2011 no palácio presidencial em Abijian
Foto: AFP
O presidente da Costa do Marfim e candidato presidencial Laurent Gbagbo vota em Abidjan em 28 de novembro de 2010, durante o segundo turno das eleições presidenciais
Foto: AFP
Um membro da Comissão Eleitoral mostra uma cédula em 28 de novembro de2010, em Bouaké, após o término da votação para o segundo turno das eleições presidenciais na Costa do Marfim
Foto: AFP
Soldados das forças da ONU montam guarda perto de um centro de contagem de votos em 29 de novembro de 2010 em Yopougon, um subúrbio de Abidjan, um dia após o segundo turno das eleições presidenciais da Costa do Marfim
Foto: AFP
Policiais da Costa do Marfim dispersam os manifestantes em uma rua de Gagnoa em 29 de novembro de 2010, um dia depois do segundo turno das eleições presidenciais na Costa do Marfim. A votação, marcada pela violência, deixou pelo menos sete mortos
Foto: AFP
Manifestantes seguram um cartaz que diz "não à ditadura, vida longa para a democracia" em frente à sede da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI), em 2 de dezembro de 2010 em Bouaké
Foto: AFP
Apoiadores do candidato presidencial e vencedor não-oficial Alassane Ouattara se reúnem para comemorar sua eleição em 02 de dezembro de 2010 em Bouaké
Foto: AFP
Apoiadores do candidato presidencial Alassane Ouattara queimam pneusna rua em 03 de dezembro de 2010, em Abidjan, após o chefe do Conselho Constitucional da Costa do Marfim, um aliado de Gbagbo, ter afirmado que Gbagbo ganhou a eleição
Foto: AFP
Policiais passam por pneus queimados nas ruas de Abidjan durante um protesto de partidários de Alassane Dramane Ouattara em 04 de dezembro de 2010
Foto: AFP
Laurent Gbagbo tomou posse como presidente da Costa do Marfim em 04 de dezembro de 2010 em Abidjan. Laurent Gbagbo foi formalmente empossado apesar da rejeição internacional à sua reeleição
Foto: AFP
O candidato presidencial Alassane Dramane Ouattara assiste a uma cerimônia em um hotel em Abidjan em 04 de dezembro de 2010, após o primeiro-ministro Guillaume Soro, líder do movimento das Forças Novas que controla o norte do país, oferecer sua carta de renúncia a Ouattara. Alassane Ouattara jurou a si mesmo no como novo presidente da Costa do Marfim por carta, reivindicando a presidência em desafio a Laurent Gbagbo, que enfrenta pressão internacional para deixar o poder
Foto: AFP
Apoiadores de Alassane Ouattara queimam pneus durante uma manifestação nas ruas de Abidjan em 06 de dezembro de 2010
Foto: AFP
Tanques das Nações Unidas patrulham o Hotel Golf, sede de Alassane Ouattara, em 06 de dezembro de 2010 em Abidjan
Foto: AFP
O ex-primeiro-ministro e candidato às eleições presidenciais AlassaneOuattara fala no telefone atrás de um soldado da ONU que patrulha o Hotel Golf, sua sede, em 08 de dezembro de 2010 em Abidjan
Foto: AFP
Dois corpos jazem na rua enquanto as tropas leais ao ex-presidente Laurent Gbagbo entram em confronto com partidários do candidato Alssane Ouattara em 16 de dezembro de 2010 no bairro de Aboboa, em Abidjan
Foto: AFP
Soldados da ONU na Costa do Marfim tomam posição junto a uma linha de arames farpados na entrada sede da ONUCI em Abidjan em 20 dezembro de 2010
Foto: AFP
Mulheres cristãs fazem uma oração pela paz em 27 de dezembro de 2010 na Praça da República em Abidjan
Foto: AFP
O presidente do Benin Yayi Boni é escoltado pelo primeiro-ministro da Costa do Marfim Gilbert Marie N'gbo Ake ao chegae ao aeroporto Felix Houphouet-Boigny, em Abidjan, antes da realização de conversas separadas com Gbagbo e seu rival Alassane Ouattara
Foto: AFP
O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, conversa com os presidentes de Benin, Boni Yayi, e de Serra Leoa, Ernest Koroma, após a sua reunião em 28 de dezembro de 2010 no Palácio Presidendical em Abidjan
Foto: AFP
O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, conversa com os presidentes de Cabo Verde, Pedro Pires, de Serra Leoa, Ernest Koroma, e do Benin, Boni Yayi, durante sua reunião de 28 de dezembro de 2010 no Palácio Presidencial, em Abidjan
Foto: AFP
O vencedor das eleições presidenciais da Costa do Marfim internacionalmente reconhecido, Alassane Ouattara, conversa com o presidente doCabo Verde, Pedro Pires, e do Benin, Yayi Boni, após uma reunião em 28 de dezembro de 2010 no Hotel Golf em Abidjan
Foto: AFP
Apoiadores do internacionalmente reconhecido vencedor das eleições presidenciais da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, protestam em 28 de dezembro de 2010 em frente ao Hotel Golf, em Abidjan
Foto: AFP
Membros do grupo radical "Jovens Patriotas", partidários de Laurent Gbagbo, protestam em 29 de dezembro de 2010 em Abidjan
Foto: AFP
Mulher atravessa a rua na frente de um carro da ONU que foi queimado em 30 dezembro de 2010 no bairro de Yopougon, em Abidjan, onde moram apoiadores de Laurent Gbagbo
Foto: AFP
O ex-primeiro-ministro e candidato presidencial Alassane Ouattara é clicadodepois de exercer o seu voto em 28 de novembro de 2010, durante o segundo turno das eleições presidenciais em Abidjan
Foto: AFP
04 de janeiro de - Tropas das Nações Unidas patrulham as ruas de Abidjan
Foto: AP
04 de janeiro - Alassane Ouattara (à esquerda), internacionalmente reconhecido como presidente eleito da Costa do Marfim, fala com o seu chefe de gabinete, Marcel Amon Tanoh, no início de um encontro com um grupo de embaixadores no Hotel Golf, em Abidjan
Foto: AP
04 de janeiro - Alassane Ouattara (à direita), reconhecido internacionalmente como o presidente eleito da Costa do Marfim, reuniu-se com um grupo de embaixadores, incluindo o embaixador dos EUA, Phillip Carter (à esquerda), no Hotel Golf, em Abidjan
Foto: AP
05 de janeiro - Alcide Djedje (centro), ministro das Relações Exteriores do governo do líder Laurent Gbagbo, fala durante coletiva de imprensa em seu escritório, em Abidjan
Foto: Reuters
06 de janeiro - O presidente eleito, Alassane Ouattara, concede entrevista à imprensa no hotel Golf, em Abidjan
Foto: Reuters
06 de janeiro - Ouattara disse que tem provas de que seu rival, Laurent Gbagbo, instigou a violência pós-eleitoral e ordenou que agentes estrangeiros realizassem assassinatos