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Gbagbo aceita negociar saída pacífica para a Costa do Marfim

4 jan 2011 - 13h00
(atualizado às 16h41)
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O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, aceitou negociar sem condições uma solução pacífica para a crise política em seu país, anunciou nesta terça-feira os mediadores da União Africana e da CEDEAO.

Laureant Gbagbo acena ao passar pela Guarda de Honra do palácio presidencial de Abidjan. Gbagbo, presidente da Costa do Marfim até o final de 2010, se declara vitorioso com o apoio do Sul do país
Laureant Gbagbo acena ao passar pela Guarda de Honra do palácio presidencial de Abidjan. Gbagbo, presidente da Costa do Marfim até o final de 2010, se declara vitorioso com o apoio do Sul do país
Foto: AFP

Gbagbo também se comprometeu a desbloquear o quartel-general de seu adversário, Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como presidente eleito da Costa do Marfim.

Segundo Gbeho, Ouattara "indicou sua vontade em assegurar a Gbagbo uma saída digna, contanto que este aceite o resultado do segundo turno das eleições (realizadas em 28 de novembro), como foi declarado pela Comissão Eleitoral Independente (CEI) e certificado pela Missão da ONU" na Costa do Marfim (ONUCI).

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que também reconhece Ouattara como o legítimo presidente eleito, enviou na segunda-feira a Abidjan os presidentes de Cabo Verde, Pedro Pires; Benin, Yayi Boni e Serra Leoa, Ernest Koroma, para convencer Gbagbo a entregar o poder pacificamente. À delegação de presidentes da região ocidental africana se uniram o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, como enviado especial da União Africana, e Gbeho.

"Esta Missão parabeniza a UA e a Cedeao por manterem firme sua posição (de reconhecimento da eleição de Ouattara) e sua atuação conjunta na busca de uma solução duradoura da crise, e incentiva as duas instituições a enviarem o mais rápido possível à Costa do Marfim outra delegação para continuar as discussões com as duas partes", acrescentou o dirigente regional.

Gbeho admitiu, no entanto, que subsiste uma "estagnação" em um aspecto das negociações: que Gbagbo deve primeiro renunciar, tal como pede a Cedeao. Sobre as ameaças anteriores do bloco econômico de utilizar a força militar para tirar Gbagbo do poder, Gbeho disse que "a comissão está estudando outras opções disponíveis. Não se chegou a um acordo ainda".

Em entrevista coletiva anterior em Abuja, o presidente nigeriano e atual titular de turno da Cedeao, Goodluck Jonathan, reiterou que o bloco de 15 países africanos poderia utilizar a força para retirar Gbagbo se este não aceitar entregar o poder. Por sua parte, Raila Odinga, disse que uma "solução queniana" (de que Gbagbo e Ouattara compartilhassem o poder) não estava na mesa de discussões como parte dos esforços para resolver a crise da Costa do Marfim.

"Disse a Gbagbo que a chamada solução queniana não entra em jogo aqui e expliquei que não queremos que este experimento (queniano) se perpetue. Essa não é a maneira de afiançar a democracia na África. Em uma eleição deve haver ganhadores e perdedores", disse Odinga. A recusa de Gbagbo, empossado presidente pelo Conselho Constitucional do país, que para isso anulou quase um milhão de votos que favoreciam Ouattara, colocou a Costa do Marfim à beira de outra guerra civil.

Crise pós-eleitoral

No dia 28 de novembro de 2010, a Costa do Marfim realizou o segundo das eleições presidenciais, cujo resultado permanece até agora indefinido. Os dois candidatos se consideram vencedores do pleito: o até então presidente, Laurent Gbagbo; e o líder oposicionista, Alassane Ouattara.

Internamente, a situação está dividida e reflete a antiga cisão por que o país passou na Guerra Civil de 2002: Gbagbo conta com o apoio da porção sul do país, enquanto Ouattara tem sua base no Norte. Externamente, porém, a ampla maioria da comunidade internacional apoia a renúncia de Gbagbo e a posse de Ouattara.

Enquanto o dilema político não se resolve, a sociedade marfinense vive à beira do colapso: a ONU reportou casos de violência e teme um conflito de proporções graves. Centenas já morreram, e milhares fugiram para a Libéria, país vizinho. A União Africana, que mantém diálogo com os líderes, não descarta uma intervenção no país.



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