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Fim de cessar-fogo das Farc leva negociações de paz a impasse na Colômbia

22 mai 2015 - 19h11
(atualizado às 19h17)
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Acompanhado por comando militar do país, presidente colombiano disse estar 'preparado para reação'

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram nesta sexta-feira a suspensão do cessar-fogo unilateral que havia sido declarado pelos guerrilheiros em dezembro passado.

A decisão foi tomada após um ataque das Forças Armadas colombianas ter deixado 26 guerrilheiros das Farc mortos no Departamento de Cauca, no sudoeste do país.

Isso leva a um impasse a negociação de paz entre o governo e a guerrilha armada na Colômbia.

"Este foi o golpe mais duro contra as Farc desde 2005 e representa uma crise para este processo", diz Jorge Restrepo, especialista em segurança do Centro de Recursos para Análise de Conflitos (CERAC), instituto de pesquisa baseado em na capital, Bogotá.

Segundo o correspondente da BBC Mundo no país, Natalio Cosoy, "espera-se que agora sejam intensificados tanto os ataques promovidos por guerrilheiros quanto as ofensivas do governo".

Bombardeios retomados

O recente ataque é mais um de uma série de contendas recentes entre guerrilheiros e o governo.

Na semana passada, a Colômbia anunciou que retomaria os bombardeios contra as Farc após um ataque atribuído a elas ter deixado 11 militares mortos e 20 feridos.

Nesta sexta-feira, os guerrilheiros disseram em um comunicado que a suspensão do cessar-fogo chega "após cinco meses de ofensivas terrestres e aéreas contra suas forças em todo o país".

O comunicado questiona o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao acusá-lo de incoerência, e foi publicado logo após Santos fazer um pronunciamento na televisão acompanhado do alto comando militar do país.

Em seu discurso, o presidente disse que "as Forças Armadas estão cumprindo seu dever e suas ordens", destacando que não serão permitidas ilegalidades no território colombiano.

Paz?

Santos acrescentou que o país está "preparado para a reação das Farc", mas que segue na busca pela paz.

Por sua vez, as Farc condenaram os recentes acontecimentos: "Contra nossa vontade, temos que prosseguir com o diálogo em meio à confrontação".

Restrepo, da CERAC, acredita que as negociações continuarão mesmo após estes desdobramentos.

Cosoy, da BBC Mundo, afirma que, no país, há a expectativa de que este impasse possa levar à discussão de um cessar-fogo bilateral - uma demanda antiga da Farc que vinha sendo firmemente recusada pelo governo - nas próximas reuniões previstas para ocorrerem entre guerrilheiros e o governo em Havana.

A capital de Cuba vem sendo usada há dois anos como um território neutro para as negociações de paz entre os dois lados do conflito, que já dura cinco décadas, tendo deixado 220 mil mortos neste período.

"Alguns na Colômbia especulam que os fatos desta sexta-feira podem levar a mesa de negociação estabelecida em Havana a debater esta opção."

AP
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Foto: BBC Mundo / Copyright
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