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FBI enfrenta questões sobre investigação prévia de suspeito de Boston

23 abr 2013 - 22h34
(atualizado às 22h41)
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O Congresso dos Estados Unidos questionou nesta terça-feira agentes do FBI (a Polícia Federal americana) para entender por que um dos suspeitos pelos ataques à Maratona de Boston, Tarmelan Tzarnaev, não continuou a ser investigado pela polícia apesar de ter sido interrogado anos atrás. Tamerlan e seu irmão mais novo, Dzhokhar Tzarnaev, 19 anos, são acusados de ter detonado explosivos perto da linha de chegada da Maratona no dia 15 de abril, deixando três mortos e pelo menos 20 feridos.

O interrogatório de Tamerlan, realizado em 2011, havia sido feito por recomendação do governo russo, que acreditava que ele poderia ter adotado uma visão radical do Islã.

O Comitê de Inteligência do Senado ouviu representantes do FBI em audiência fechada para esclarecer o procedimento da polícia na ocasião. Congressistas americanos acusaram as autoridades de não terem agido corretamente frente à suposta periculosidade de Tamerlan; alguns senadores dizem acreditar que houve falhas de comunicação entre as agências de segurança.

O FBI se defendeu da acusação, afirmando em um comunicado que checou, não encontrou sinais de que o suspeito estava envolvido qualquer atividade terrorista.

A secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano, também foi questionada pelos senadores e disse que o sistema de segurança dos EUA acendeu sinal de alerta quando Tamerlan viajou à Rússia, em 2012, mas afirmou que, quando ele voltou, as investigações do caso haviam sido encerradas.

A BBC preparou uma lista de perguntas e respostas sobre o caso e os questionamentos sobre o trabalho do FBI.

O que se sabe até agora sobre os irmãos Tzarnaev e os seus possíveis motivos?

A família dos dois jovens é da Chechênia - uma república no sul da Federação Russa que foi palco de duas guerras separatistas nas décadas de 1990 e 2000 - Mas vinham vivendo nos Estados Unidos há cerca de dez anos.

Em 2012, Tamerlan viajou ao Dagestão, uma república russa vizinha à Chechênia que, nos últimos anos, se tornou um dos principais fotos de atividade de grupos radicais islâmicos dentro da Federação. O FBI, porém, só teve conhecimento dessa viagem recentemente.

Tamerlan morreu em confronto com a polícia na madrugada da sexta-feira seguinte ao atentado. Já Dzhokhar está internado em um hospital local e já foi indiciado por uso de armas de destruição em massa. Caso seja condenado, o jovem pode ser sentenciado à pena de morte.

Autoridades oficiais que não quiseram ser identificadas afirmaram à imprensa americana que Dzhokhar já disse que ele e o irmão planejaram o ataque por conta própria e sem a ajuda de extremistas estrangeiros.

Segundo as fontes, as declarações de Dzhokhar, escritas de próprio punho no hospital, levaram os investigadores a acreditar que os irmãos foram motivados por visões radicais do Islã e que aprenderam a preparar as bombas por meio de pesquisas na internet.

No entanto, as mesmas autoridades ouvidas pela imprensa americana disseram que as entrevistas são preliminares e que as respostas dos réus ainda precisam ser verificadas.

O que o FBI descobriu quando entrevistou Tamerlan Tsarnaev em 2011?

Tamerlan e integrantes de sua família foram entrevistados pelo FBI na ocasião após um intercâmbio de informações com autoridades russas que sugeria que o jovem de 26 anos teria ligações com extremistas islâmicos.

Após saber disso, a senadora Dianne Feinstein, que preside o Comitê de Inteligência do Senado, pediu que representantes do FBI prestem esclarecimentos sobre o que eles descobriram durante o interrogatório em 2011 e, principalmente, por que nenhuma ação foi tomada contra Tamerlan.

Em sua defesa, o FBI disse que checou bancos de dados do governo americano e investigou outras fontes para verificar se o suspeito havia acessado sites ligados à promoção do Islã radical ou se tinha tido contato com pessoas associadas a esse tipo de atividade.

Mas o órgão "não confirmou nenhuma atividade terrorista, doméstica ou estrangeira, e os resultados foram entregues ao governo estrangeiro (em questão) no verão de 2011", informou o FBI por meio de um comunicado divulgado na última sexta-feira.

Por que nenhuma ação foi tomada após a investigação de 2011?

Os agentes do FBI encerraram o caso depois de não ter descoberto nenhuma prova contra Tamerlan. O órgão informou que havia pedido informações mais específicas e adicionais sobre o jovem ao governo russo, mas não recebeu resposta.

Por que as autoridades americanas não souberam da visita de Tamerlan à Rússia?

Após o interrogatório, o nome de Tamerlan foi incluído em 2011 uma lista de pessoas sujeitas a monitoramento em viagens, preparada pelas autoridades federais americanas.

Registros da alfândega revelam que o jovem deixou Nova York em janeiro de 2012 com destino a Moscou. Ele voltou aos EUA em julho daquele ano.

Segundo a senadora Lindsey Graham, integrante do comitê que trata das forças armadas do Senado, disse que o FBI não estava ciente da visita de Tamerlan à Rússia porque o nome do suspeito havia sido grafado de forma errada em documentos de viagem. Os investigadores estão agora tentando averiguar os seus movimentos na visita ao Daguestão.

Segundo um de seus tios, o jovem passou grande parte do seu tempo rezando e aprendendo a ler o Corão, o livro sagrado dos muçulmanos.

Por que Tamerlan não foi identificado como uma ameaça devido ao fato de ter acessado sites que apresentam visões radicais do Islã?

Isso ainda não está claro, e esse deve ser um dos pontos a ser abordados pelos senadores ao questionar os representantes do FBI.

Nos últimos anos, Tamerlan Tsarnaev passou a postar vídeos de militantes islâmicos em redes sociais.

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