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Europa

Westerwelle surge como mentor de redução tributária alemã

25 out 2009 - 14h05
(atualizado às 14h16)
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O líder do Partido Liberal alemão (FDP), Guido Westerwelle, surgiu neste domingo como o mentor da redução tributária "milagrosa" e do novo rumo do governo da chanceler Angela Merkel, do que será vice-chanceler e ministro de Assuntos Exteriores, embora com clara vocação de intervir sobretudo no âmbito econômico.

"Alcançamos todos novos objetivos eleitorais e agora conseguimos colocar em prática todas nossas propostas nas negociações da coalizão", enfatizou Westerwelle, perante o congresso do FDP que ratificou por aclamação o pacto de governo com a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel.

Alemanha está "diante um novo começo", disse, e este novo começo leva o "selo liberal". "Somos um partido para todo o povo, para toda Alemanha, para todas suas famílias", acrescentou o líder do FDP, confiante de sua função governamental em romper o tradicional estigma do partido "dos salários altos".

Em seu discurso, Westerwelle repassou os acordos da coalizão em matéria fiscal, sanitária, energética, educação e investimentos, falando também sobre seu futuro papel no ministério de Assuntos Exteriores, quando destacou seu compromisso "pessoal" por conseguir "do presidente Barack Obama" a retirada das últimas armas nucleares ainda no país, como um empecilho da Guerra Fria.

Westerwelle é identificado no âmbito financeiro, mas assumirá a chancelaria de acordo à lei não escrita das alianças alemãs, segundo a qual esta é competência do parceiro de Governo.

"Com valor, pelo futuro de nosso país", foi o lema do congresso, cujo único fim era ratificar o pacto de coalizão apresentado ontem por Merkel, presidente da CDU, com seu colega da União Social-Cristã da Baviera (CSU), Horst Seehofer, e Westerwelle.

"A política fiscal anunciada pode se qualificar de ato de valor, mas não no sentido positivo", comentou ironicamente o economista Ralph Brügelmann, do Instituto Econômico Alemão (IW), em declarações ao semanário Der Spiegel.

Os planos fiscais contemplam uma redução tributária na casa dos 24 bilhões de euros (de forma gradual e até 2013), entre rebaixamentos do IRPF e impostos às empresas e as heranças, assim como um aumento das ajudas à família.

Não há um financiamento claro para estes planos, além da confiança numa rápida recuperação econômica, lembram os analistas.

A política fiscal não será competência do FDP e sim do ministro da CDU Wolfgang Schauble, mas o montante dessa redução foi a principal reivindicação do FDP, até conseguir que a União subisse de sua promessa inicial - 15 bilhões de euros - a 24 bilhões.

Schauble admitiu que a Alemanha deverá enfrentar nesta legislatura uma "dívida exorbitante" derivada dos programas de estímulos econômicos iniciados para sair da crise e lembrou que a Alemanha tem o endividamento mais alto de sua história.

Westerwelle defende, no entanto, as reduções tributárias como a fórmula para sair da crise e esta é também a premissa que levou a sua formação de retorno às tarefas governamentais.

O FDP é o aliado natural da União, mas Westerwelle não vai a ser um vice-chanceler fácil para Merkel, em contraste com o anterior, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, que era um conciliador.

Westerwelle, de 47 anos, ambicioso e inteligente, demonstrou ao longo das negociações da coalizão que se compartilha algo com Merkel é a tenacidade.

Se a Merkel foi difícil se impor em uma formação cheia de "barões" como é a União, quando chegou à Presidência, em 2000, a Westerwelle lhe ocorreu algo parecido.

Quando assumiu a liderança do FDP, em 2001, o tradicional partido estava de queda e, com a vitória do social-democrata Gerhard Schröder, em 1999, estava no incômodo posto de oposição.

Da imagem inicial de político superficial passou à de incisivo orador parlamentar e reconduziu seus partidários à ascensão. Dos 6,2% dos votos com o qual o FDP entrou na oposição em 1998, se alçou com aos 14,9% das passadas eleições.

O prêmio para o FDP foram os cinco ministérios outorgados - Economia, Saúde, Justiça, Cooperação e Ajuda ao Desenvolvimento, além de Assuntos Exteriores-, dois mais dos que tiveram Os Verdes como parceiros menores do Partido Social-Democrata (SPD) com Schröder.

A União sai ganhando respeito a seu Governo paritário de grande coalizão, mas a situação de emergência do FDP pode fazer com que tal inferioridade numérica chegue a parecer uma ilusão de ótica.

EFE   
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