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Europa

Vinte e cinco anos depois marcas do leste perduram na socidade alemã

1 out 2015 - 17h27
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Passados 25 anos depois da reunificação da Alemanha, o leste do país mantém marcas próprias forjadas nos tempos de divisão e que afetam tanto sua cultura política, como a vida cotidiana.

Uma infinidade de estudos constatam atualmente os grandes avanços conseguidos no lento processo de convergência entre as antigas Alemanha oriental e a ocidental, e revelam ao mesmo tempo as diferenças que continuam.

Como destaca o relatório anual do governo alemão sobre o estado da unidade, desde 1990 o PIB por habitante do leste duplicou, mas se mantém um terço abaixo do nível do oeste alemão.

Em 2014, o índice de desemprego no território da extinta República Democrática Alemã (RDA) atingiu um mínimo histórico de 9,8%, mas ainda está claramente acima dos 5,9% do oeste.

Mas o capítulo mais sangrento para muitos alemães do leste continua sendo as pensões, inferiores nos territórios orientais e baseados em um cálculo diferente segundo o estado de residência.

"Temos que conseguir a equiparação das pensões para que se consuma a unidade social na Alemanha", reconheceu a comissária do governo para o processo de equiparação das condições de vida entre leste e oeste, Iris Gleicke.

Os grandes números macroeconômicos se misturam com dados estatísticos que revelam que a sociedade dos ainda denominados "novos estados federados" mantém um perfil próprio e a marca de sua história recente.

Um dos mais claros exemplos é o papel da mulher e os modelos familiares: 69% das mães do leste trabalham fora de casa, e 37% têm um emprego de mais de 32 horas semanais, porcentagem que cai para 13% no oeste.

Nos casais do oeste, o modelo mais comum (76%) é o de pai em tempo total e mãe em tempo parcial, que não representa nem a metade dos casos no leste.

Enquanto no oeste três de cada quatro casais com filhos são casados, a porcentagem fica em 52% no leste, segundo o relatório publicado pelo Escritório Federal de Estatística por ocasião do 25º aniversário da reunificação.

Exemplo paradigmático é o do aborto, que há 25 anos se tornou no último empecilho para assinar o tratado de reunificação entre as duas Alemanhas.

A solução foi permitir que, de forma transitória, continuasse vigente na RDA a lei que desde os anos 70 permitia às mulheres do leste o aborto livre nos três primeiros meses de gestação, com o que, durante um ano e meio, leste e oeste contaram com leis diferentes.

Embora as taxas neste campo também tenham se aproximado, nos estados do leste as porcentagens de interrupções voluntárias da gravidez continuam sendo superiores à média nacional.

Por outro lado, os estudos mostram que em 2013 pela primeira vez o leste recebeu mais imigrantes procedentes do oeste dos que saíram em sentido inverso, principalmente graças à atração exercida por Berlim e após perder dois milhões de habitantes desde a queda do muro.

Se algo marca a diferença na radiografia demográfica é a homogeneidade da população no antigo território da RDA, com ínfima presença de estrangeiros.

Cerca de 9% dos habitantes na Alemanha é de estrangeiros, e essa porcentagem fica acima de 12% em vários estados federados do oeste, enquanto no leste fica abaixo de 3%.

No entanto, é nesse território onde estão mais presentes os temores diante da imigração e da rejeição às recentes ondas de refugiados que chegam ao país e que, de acordo com a regra federal, serão distribuídos proporcionalmente entre todos os estados.

Chama assim a atenção o movimento racista "Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente" (Pegida) em Dresden, capital da Saxônia, um estado com apenas 2,9% de população estrangeira.

E também se destaca que o partido ultradireitista que reúne os vários grupos neonazistas na Alemanha, o NPD, só tenha representação no parlamento regional do estado oriental de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental.

Essa peculiaridade política é acompanhada por seu oposto: o partido da Esquerda, que reuniu os pós-comunistas do leste e dissidentes social-democratas, só está presente em dois governos regionais, em Turíngia e Brandemburgo, ambos no leste do país.

EFE   
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