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Europa

Viena aplaude refugiados que cruzaram fronteira com Hungria

5 set 2015 - 08h26
(atualizado às 14h13)
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Com um calorosos e emocionados aplausos, foram recebidos na manhã deste sábado em Viena, na estação de trens Westbahnhof, um grupo de 400 refugiados que chegaram à Áustria após cruzar a fronteira com a Hungria no primeiro trem especial disponibilizado pelas autoridades austríacas para atendê-los.

Inúmeros voluntários estavam na estação para recebê-los e ajudá-los, entre eles fluentes nos idiomas árabe, farsi e curdo, assim como funcionários de organizações de ajuda que distribuíram água, alimentos, roupas e cobertores aos esgotados aspirantes a receber asilo por parte do país.

Os primeiros refugiados que desembarcaram prestaram um minuto de silêncio e dedicaram uma oração em homenagem a Aylan Kurdi, o menino curdo-sírio de três anos que morreu em uma praia na Turquia e cuja imagem se transformou em símbolo da tragédia dos refugiados sírios.

Também foram lembrados os 71 refugiados encontrados mortos em um caminhão abandonado na Áustria, cujas identidades ainda não foram esclareciddas , assim como as vítimas de recentes naufrágios no mar Mediterrâneo perto da Líbia.

Depois desse primeiro comboio, começaram a chegar a Viena dezenas de ônibus com refugiados. O Ministério do Interior austríaco prevê que durante o dia cheguem cerca de 10.000 pessoas.

Alguns trens já partiram em direção à Alemanha a partir da estação. Entre as pessoas que foram ao local para ajudar os refugiados está a vice-prefeita de Viena, Maria Vassilakou, que distribuiu alimentos aos recém-chegados.

"Estou contente pelo caloroso recebimento dado pelos vieneses. Vem gente que sofreu muito, que passou enormes dificuldades para chegar à Áustria, e o normal é acolhê-los assim", afirmou ela à Agência Efe.

Representante do Partido Verde, ela também disse que a política do governo nacionalista húngaro "não só é desumana, racista e pisoteia os valores mais básicos da União Europeia, mas lembra a época nazista".

Vassilakou acrescentou que Viena conta com ONGs preparadas e recursos suficientes para lidar sem problemas com a chegada de milhares de refugiados.

Entre eles estava Majid, que levava um cartaz que dizia em inglês "Obrigado, Áustria", e que contou à Efe que os países árabes do Golfo Pérsico "deveriam aprender com o humanismo da Europa".

"Países como a Arábia Saudita e o Catar fecharam suas fronteiras e não aceitam os refugiados sírios", criticou.

Apesar do visível cansaço, a grande maioria dos recém chegados quer continuar viagem em direção à Alemanha, país que garantiu que não devolverá os refugiados sírios ao país pelo qual entraram na União Europeia, como exige a lei comunitária.

Um dos muitos exemplos é Teima, de 22 anos, que, esgotada, afirmou à Efe que segue rumo à cidade alemã de Hamburgo com Amir, seu filho de dois anos.

Também síria, Teima relatou que viajou com primos desde a Turquia e que seu marido a aguarda nessa cidade do norte da Alemanha.

Como ela, a maioria dos refugiados têm por trás uma dura travessia, pois chegou à Hungria pela chamada "rota dos Bálcãs", que passa por Grécia, Macedônia, Sérvia e Hungria.

Nesse último país, eles passaram dias esperando na estação ferroviária de Keleti para poder entrar em um trem que os levasse em direção à Europa Ocidental.

Ontem, uma parte deles se cansou de esperar e partiu a pé, por volta do meio-dia, rumo à fronteira austríaca, a mais de 200 quilômetros da capital húngara.

Ontem à noite, quando estavam a cerca de 27 quilômetros de Budapeste, o governo húngaro anunciou que colocaria à disposição os ônibus necessários para levá-los à fronteira.

Áustria e Alemanha deram pouco depois o sinal verde para a entrada e a passagem dos refugiados em seus territórios.

EFE   
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