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Europa

Vandalismo causa danos milionários a monumentos italianos

10 mai 2014 - 09h42
(atualizado às 09h45)
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Vandalismo causa danos milionários a patrimônio cultural italiano
Vandalismo causa danos milionários a patrimônio cultural italiano
Foto: Reuters

Uma estátua em Milão e um afresco em Pompeia são as últimas vítimas do vandalismo contra bens culturais na Itália, uma prática que todos os anos causa prejuízos de milhões de euros ao patrimônio cultural do país.

Entre os danos mais frequentes a obras de arte italianas estão pichações de monumentos públicos e roubos em lugares históricos, segundo o Ministério italiano de Bens Culturais. O vandalismo inclui também atos involuntários, causados pelo chamado "turismo irresponsável", como acidentes e descuidos de visitantes em museus e parques arqueológicos.

Em um dos incidentes mais recentes, um afresco milenar foi retirado de uma parede nas escavações da antiga cidade de Pompéia, soterrada por uma erupção vulcânica no ano de 79 d.C. e uma das mais famosas atrações turísticas da Itália.

Outra vítima recente de vandalismo foi o Castelo Baronale na cidade de Acerra, perto de Nápoles, no sul da Itália. A fortificação construída por volta de 800 a.C. teve seus muros pichados com tinta cor de rosa.

A associação Legambiente, que se dedica à proteção do patrimônio cultural e ambiental italiano, estima o prejuízo causado pelo vandalismo em cerca de 5 milhões de euros ao ano (mais de R$ 15 milhões). Isso incluiria também danos contra reservas ambientais como os penhascos de Capobianco, na ilha de Elba, que foram recentemente pichados com tinta vermelha por um casal de namorados desconhecido.

Em casos como esse, o autor dos atos de vandalismo pode ser condenado a ressarcir os cofres públicos pelos custos com a limpeza ou com a restauração, de acordo com a lei italiana. No entanto, a Legambiente afirma que essa punição raramente é executada, já que muitas vezes é difícil descobrir quem causou os danos.

Turistas danosos

Há também monumentos que são danificados de modo involuntário. Acidentes desse tipo poderiam até ser considerados cômicos se não tivessem causado grandes prejuízos ao patrimônio de museus italianos.

Na Academia de Belas Artes de Milão, no mês passado, um turista foi fazer uma foto de si mesmo ("selfie") com uma estátua denominada "Sátiro embriagado" e acabou quebrando a perna da obra. Trata-se de uma cópia em gesso da milenar estátua original grega, que no entanto é de grande valor por ter sido feita na oficina do famoso escultor clássico italiano Antonio Canova (1757-1822).

No museu da catedral de Florença, um turista vindo dos Estados Unidos quis fazer o típico cumprimento americano "high five", em que se bate na palma da mão de outra pessoa, com uma estátua de mármore do anjo anunciador, do artista Giovanni d'Ambrogio (1455-1508). Ele acabou quebrando um dedo da estátua, que tem mais de 600 anos de idade.

O diretor do museu florentino, monsenhor Timothy Verdon, diz que "neste mundo globalizado, parece que a principal regra válida para a visita de um museu está caindo no esquecimento: Não toque nas obras de arte".

"A solução para o problema é uma maior conscientização dos cidadãos para o valor dos monumentos e obras de arte", defende Gianni Ravelli, editorialista do respeitado jornal italiano Corriere della Sera. "Sanções e punições são necessárias, mas não são suficientes", diz o jornalista.

Essa conscientização deve começar desde a infância, argumenta Fabiola Minoletti, porta-voz da Associação Italiana Antigrafite. Junto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a associação está promovendo cursos em escolas sobre os danos causados pelas pichações e a diferença entre arte e vandalismo.

No fim das lições, os alunos participam de um mutirão para limpar um monumento ou edifício pichado. O projeto foi iniciado poucas semanas atrás em Milão e deverá ser estendido para outras cidades italianas.

A Itália é especialmente afetada pelo vandalismo cultural por ter um vasto patrimônio artístico. O país tem um número recorde de 49 lugares considerados patrimônios culturais da humanidade pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

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