PUBLICIDADE

Europa

Ucrânia liberta 222 rebeldes em troca de 145 militares

Poroshenko recebeu na noite de sexta-feira os 145 militares libertados em um aeródromo militar de Kiev

27 dez 2014 - 09h00
(atualizado às 12h18)
Compartilhar
Exibir comentários
Rebeldes pró-Rússia se preparam para troca de prisioneiros perto de Donetsk. 26/12/2014.
Rebeldes pró-Rússia se preparam para troca de prisioneiros perto de Donetsk. 26/12/2014.
Foto: Igor Tkachenko / Reuters

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, recebeu na madrugada deste sábado em Kiev 145 militares ucranianos em troca de 222 rebeldes no leste separatista pró-russo, no âmbito de um acordo realizado nesta semana durante negociações em Minsk.

Esta troca maciça, a mais importante desde o início do conflito, em meados de abril, deve terminar neste sábado com a entrega na Ucrânia de quatro militares detidos na república separatista de Lugansk. Um funcionário desta república autoproclamada, Vladislav Deinego, negou-se a informar a hora e o local.

Na sexta-feira, os dois grupos realizaram uma troca de centenas de prisioneiros na região rebelde vizinha de Donetsk, realizada em uma rota próxima à cidade de Kostiantynivka (45 km ao norte do reduto rebelde de Donetsk). No total, foram 222 insurgentes - homens e mulheres - e 146 soldados ucranianos, constatou um jornalista da AFP.

Um dos soldados negou-se a retornar a Kiev alegando que era de origem russa e que desaprovava os atos do exército ucraniano no leste.

Assim, Poroshenko recebeu na noite de sexta-feira os 145 militares libertados em um aeródromo militar de Kiev.

"Como presidente e cidadão, estou encantado pelo fato de vocês poderem celebrar o Ano Novo com suas famílias, como eu havia prometido", declarou Poroshenko, segundo um comunicado da presidência.

"Infelizmente, nem todos voltaram. Quatro de seus camaradas voltam amanhã (...). Não abandonaremos ninguém", acrescentou o presidente.

A troca de presos é o único acordo tangível alcançado pelos dois grupos na quarta-feira, em uma reunião do grupo de contato composto por representantes de Kiev, de Moscou, da OSCE e dos separatistas pró-russos.

As negociações deveriam ter prosseguido na sexta-feira, mas não ocorreram.

Os rebeldes exigem, sobretudo, o retorno do financiamento das regiões em seu poder, cortado por Kiev em meados de novembro. Também querem um status especial que conceda maior autonomia às regiões de Donetsk e Lugansk.

O status já estava previsto nos acordos assinados em setembro em Minsk. Mas, segundo Kiev e os ocidentais, os rebeldes minaram estes acordos ao organizar eleições no início de novembro consideradas ilegítimas pela comunidade internacional e pelo governo ucraniano.

O primeiro encontro em Minsk, em setembro, já havia tentado colocar fim a um conflito que deixou mais de 4.700 mortos em oito meses.

Kiev e os rebeldes se acusaram mutuamente, em diversas ocasiões, de querer minar o processo de paz.

O emissário da autoproclamada república separatista de Donetsk, Denis Puchilin, declarou neste sábado que a data do próximo encontro "dependerá de Minsk e dos representantes da Rússia".

"Nós ainda não sabemos quando será realizado o segundo ciclo e não se sabe sob que forma irá ocorrer, com a participação de representantes do Grupo de Contato ou por Skype", disse Puchilin, citado por um site oficial separatista.

O emissário de Lugansk, Vladislav Deinego, disse que desejava que este encontro ocorresse antes do fim do ano.

Por sua vez, o Kremlin publicou na sexta-feira a nova versão da doutrina militar da Rússia, aprovada por seu presidente Vladimir Putin, que aponta a Otan como uma ameaça fundamental para a segurança do país.

Esta doutrina manifesta sua preocupação ante o "reforço das capacidades ofensivas da Otan diretamente nas fronteiras russas, e as medidas tomadas para mobilizar um sistema global de defesa antimísseis" na Europa oriental.

A divulgação desta doutrina russa ocorre pouco depois de uma votação simbólica no Parlamento ucraniano sobre o abandono do status de país não alinhado, uma decisão que permitirá à Ucrânia no futuro pedir sua adesão à Otan.

Entenda a crise na Ucrânia Entenda a crise na Ucrânia

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade
Publicidade