Turquia pressiona Conselho de Segurança a "adotar medidas" após atentados
O ministro turco de Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, pressionou neste domingo o Conselho de Segurança da ONU a "adotar medidas" e "assumir uma postura clara", após o duplo atentado com carro-bomba que deixou 46 mortos ontem na fronteira da Turquia com a Síria.
"Ninguém deve colocar nossas forças a toda prova", advertiu Davutoglu, que está de visita na Alemanha, acrescentando que o ataque, do qual Ancara responsabiliza a Síria, é indicativo dos "crescentes riscos de desestabilização na região".
O ministro turco participava em Berlim do Fórum de Diálogo Germano-Turco junto com seu colega, Guido Westerwelle, que condenou o "bárbaro ato terrorista" e disse que seus responsáveis deverão prestar contas pelo ocorrido.
O titular alemão das Relações Exteriores garantiu, além disso, a plena solidariedade de seu Governo tanto com os familiares das vítimas como com o Governo de Ancara.
A Turquia acolhe mais de 300 mil refugiados sírios, a maioria deles em acampamentos distribuídos ao longo de seus 900 quilômetros de fronteira com a Síria.
O duplo atentado com carro-bomba é o ataque mais mortífero em solo turco desde o começo do conflito na vizinha Síria, em março de 2011, e que já tirou a vida de 70 mil pessoas, segundo dados da ONU.
Davutoglu e Westerwelle presidiram em Berlim o citado fórum, novo formato de consultas bilaterais, com o qual se pretende aprofundar as relações em escala europeia e multilateral, em âmbitos que vão da educação à luta contra o terrorismo.
Em artigo publicado hoje pelo "Frankfurter Allgemeine Zeitung", ambos os ministros apelavam para dar um novo impulso ao processo de entrada da Turquia na União Europeia (UE).
A Turquia impulsionou profundas reformas, nas quais se compromete com os princípios da democracia, o respeito aos direitos humanos e a justiça, aponta o citado texto, e tais esforços devem ser levados em conta "positivamente" nas negociações para sua incorporação à UE.
Até agora, o Governo de Angela Merkel tinha se pronunciado contra um ingresso como membro de plenário direito na UE e favorecido a fórmula de uma "associação privilegiada" com a Turquia.