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Europa

Trem de Santiago de Compostela circulava a 153 km/h antes de descarrilar

30 jul 2013 - 16h04
(atualizado às 16h31)
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O trem que descarrilou na semana passada em Santiago de Compostela, causando a morte de 79 pessoas, circulava a 192 km/h nos quilômetros anteriores a seu acidente, que aconteceu a uma velocidade de 153 km/h depois de ativados os freios segundos antes, informou a justiça depois de analisadas as caixas pretas.

No último dia 24, a composição, com mais de 200 pessoas a bordo, descarrilou a 4 km de sua chegada à estação de Santiago, em um trecho em que a linha, de alta velocidade, passava a uma via convencional, com uma velocidade limitada a 80 km/h ao aproximar-se da cidade.

"No momento em que saiu dos trilhos, o trem circulava a 153 km/h", em uma zona em que o limite é de 80 km/h, informou o Tribunal Superior de Justiça da Galícia, depois de analisar as caixas pretas.

Aparentemente, o condutor também estaria falando ao telefone com um funcionário da ferrovia e consultava um mapa.

Segundo os dados extraídos das caixas pretas, o maquinista Francisco José Garzón Amo, um experiente profissional de 52 anos, indiciado por homicídio por imprudência, parecia consultar o trajeto do trem.

"Pelo áudio armazenado nas caixas pretas foi possível saber também que o maquinista estava falando ao telefone com o pessoal da Renfe (companhia ferroviária espanhola, nr), aparentemente com um controlador, no momento do acidente", explicou o tribunal.

"Pelo conteúdo da conversa e pelo barulho de fundo, parece que o maquinista consulta um mapa ou algum documento semelhante em papel", acrescentou a fonte.

A hipótese de excesso de velocidade estava sendo privilegiada pelos investigadores desse acidente que comoveu o país, principalmente a região da Galícia, no noroeste, onde as festas do apóstolo Santiago foram canceladas devido à tragédia.

Inúmeros jornais espanhóis afirmaram que o maquinista - que aparentemente conhecia bem o trajeto - teria declarado ao juiz que havia confundido o trecho em que se encontrava.

"Acreditou estar em um trecho diferente do traçado e, quando começou a reduzir a velocidade, era tarde demais para manter o controle da composição", indicou o jornal El País.

O acidente aconteceu numa linha de alta velocidade também utilizada por trens convencionais, mas que não está equipada com um sistema de freagem automática em caso de excesso de velocidade.

Onde aconteceu a tragédia, o trem abandona uma longa reta de mais de 80 km a uma velocidade máxima de 220 km/h para entrar nesta curva perigosa, com velocidade limitada a 80 km/h.

Por causa do acidente, a segurança das ferrovias espanholas está sendo avaliada pela companhia pública Adif, que gerencia a rede.

"Depois do acidente, o protocolo adotado é comprovar se tudo está funcionando corretamente", explicou uma porta-voz.

A ministra espanhola da Infraestrutura, Ana Pastor, e os presidentes da Adif e da Renfe, Gonzalo Ferre Yulio Gómez-Pomar, pediram para comparecer ante os deputados para prestar informações sobre o sinistro.

"É uma medida de precaução depois do que aconteceu. O protocolo é revisar todos os sistemas para confirmar se tudo funciona de maneira correta", insistiu a porta-voz.

Procurada pela AFP, a Renfe não quis fazer comentários. Segundo o jornal El País, a empresa também está verificando seus protocolos de segurança em função da tragédia.

Segundo a porta-voz da Adif, na zona do acidente, devido à mudança de velocidade máxima autorizada, o sistema de segurança passa do europeu ERTMS (European Rail Traffic Management System) para o espanhol ASFA (Anúncio de Sinais e Frenagem Automática), adaptado a velocidades de até 200 km/h, mas que não freia automaticamente o trem quando este supera o limite de velocidade.

Além dos 79 mortos, 66 pessoas continuam internadas, 15 delas em estado crítico, incluindo um menor de idade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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