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Europa

Tecnologia nuclear atrasa energia limpa, diz Greenpeace

23 abr 2009 - 09h36
(atualizado às 09h58)
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Para que acidentes nucleares como o de Chernobyl - que completa 23 anos no próximo domingo - não ocorram novamente, ONGs como o Greenpeace lutam contra a instalação de novas usinas deste tipo. Em um documento divulgado nesta semana, o grupo acusa a indústria de energia nuclear de vender a tecnologia como forma de combater o aquecimento global. De acordo com os ambientalistas, isso atrasa o investimento em estudos para a produção de energia limpa.

Em Kiev, uma mulher segura a foto do marido morto pela radiação liberada por Chernobyl
Em Kiev, uma mulher segura a foto do marido morto pela radiação liberada por Chernobyl
Foto: AFP

De acordo com os ambientalistas, a indústria nuclear diz que a tecnologia é um dos meios mais limpos de produção de energia, além de barato e seguro. No entanto, o grupo afirma que a energia nuclear é cara e ameaça a segurança global. "As reduções nas emissões de gases causadores do efeito estufa provenientes de usinas nucleares é muito pequena e traz um grande custo ambiental".

O documento afirma que o investimento em energia limpa e renovável e em um uso mais eficiente pode ser mais eficaz no combate ao aquecimento global e não estaria acompanhada dos perigos da tecnologia nuclear. O Greenpeace também questiona os riscos ambientais, de segurança e de saúde da etapa final da produção de energia: não há destino seguro para o lixo radioativo, segundo a ONG.

"A indústria nuclear se beneficiou por mais de meio século de um investimento massivo dos financiadores internacionais. Agora é hora de esse dinheiro ser usado para custear métodos mais simples, baratos e eficientes de suprir as demandas de energia dos consumidores", diz o Greenpeace.

Enquanto a indústria nuclear argumenta que o acidente de Chernobyl foi resultado apenas de uma tecnologia ultrapassada e da falta de controle do antigo bloco soviético, eventos chamados de "quase acidentes" continuam a ocorrer. Desde Chernobyl, foram cerca de 200 "quase acidentes" somente nos EUA, de acordo com a Comissão Regulatória Nuclear do país.

Outro exemplo foi a falha técnica ocorrida em Forsmark, na Suécia, em 2006, que fez com que quatro dos seis reatores fossem desligados. O ex-diretor da usina disse, na época do evento, que "era pura sorte não ter havido uma catástrofe".

De acordo com as estimativas do grupo, elaboradas por uma comissão de 52 cientistas, 600 mil pessoas foram expostas a níveis elevados de radiação, 270 mil delas devem contrair câncer e 93 mil podem morrer vítimas da contaminação no leste europeu. O número é bem maior do que a previsão feita pela ONU de 4 mil vítimas fatais.

O estudo do Greenpeace concluiu que a radiação liberada pelo acidente teve um "efeito devastador nos sobreviventes; avariando os sistemas imunológicos; acelerando o envelhecimento; causando problemas sangüíneos e cardiovasculares; elevando a ocorrência de doenças mentais; gerando aberrações genéticas e deformações de fetos.

Fonte: Redação Terra
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