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Europa

Snowden pedirá asilo político à Rússia para viajar legalmente à América Latina

12 jul 2013 - 18h31
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O ex-consultor americano de inteligência Edward Snowden pediu nesta sexta-feira asilo à Rússia, a fim de poder viajar "legalmente" para a América Latina.

"Peço a vocês a sua ajuda (...) para poder ir de forma segura à América Latina e peço asilo político à Rússia esperando que minha viagem seja realizada legalmente", indicou Snowden em um comunicado divulgado após um encontro com organizações de direitos humanos em um aeroporto de Moscou onde está bloqueado há quase três semanas.

A Casa Branca advertiu nesta sexta-feira a Rússia para a possibilidade de conceder a Edward Snowden uma "plataforma de propaganda" permitindo que fique no país, enquanto o presidente Barack Obama conversará com seu colega russo Vladimir Putin sobre o assunto, disse o porta-voz Jay Carney.

Carney acrescentou que conceder asilo a Snowden vai "de encontro às declarações anteriores do governo russo" sobre sua neutralidade e que "é incompatível com as afirmações russas de que não querem que o Sr. Snowden provoque mais danos aos interesses americanos".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ressaltou que Snowden deve parar com suas atividades contra os Estados Unidos para que possa permanecer na Rússia.

Em troca, o ex-consultor prometeu "não prejudicar mais os Estados Unidos", disse nesta sexta-feira um participante de uma reunião de advogados e ONGs, entre elas a Anistia Internacional, com o foragido americano no aeroporto de Moscou.

"Ele prometeu parar de prejudicar os Estados Unidos", declarou o advogado russo Guenri Reznik aos jornalistas.

Enquanto isso, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na cúpula do Mercosul, realizada nesta sexta em Montevidéu, que "foi ratificado um comunicado doutrinal para garantir o direito ao asilo como direito fundamental".

Maduro também criticou a espionagem praticada por agências de inteligência americanas.

Procurado pelos Estados Unidos pelo vazamento de informações sobre o programa americano de espionagem de comunicações, Snowden afirmou que "não lamenta" nada que tenha feito.

O americano ainda afirmou que pretende viajar a Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela para agradecer ao seu povo e aos seus líderes pelo apoio recebido.

Na semana passada, Snowden, que trabalhava para uma empresa que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional (NSA), apresentou uma solicitação de asilo político a mais de 20 países, incluindo a Rússia.

A Venezuela ofereceu asilo a Snowden, assim como Nicarágua e Bolívia.

O americano está bloqueado no aeroporto de Moscou desde 23 de junho, quando chegou proveniente de Hong Kong.

Ele classificou de "perigosa escalada" a iniciativa dos Estados Unidos, que deram um "passo sem precedentes" ao ordenar aos aliados militares o "fechamento do espaço aéreo ao avião de um presidente latino-americano".

Snowden se referiu ao avião presidencial do mandatário boliviano Evo Morales, que teve que aterrissar em Viena diante da rejeição inicial de países como Espanha, França e Portugal de permitir que entrasse no espaço aéreo por temor de o imformante estivesse a bordo.

O especialista em informática, que acabou de completar 30 anos em 21 de junho, anunciou que aceita "todas as ofertas de apoio ou asilo" recebidas e "as que possa receber no futuro", e menciona em particular o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

"Meu status de asilado é agora formal e nenhum Estado pode limitar ou interferir neste direito", disse, após acusar diretamente os Estados Unidos de terem violado a legislação das Nações Unidas sobre o direito ao asilo e ameaçado com represálias os países que se ofereceram para recebê-lo.

Neste sentido, os países do Mercosul, que se reuniram nesta sexta-feira em Montevidéu, incluíram na agenda o debate de uma resolução para reivindicar o direito a solicitar e conceder asilo.

Os Estados Unidos cancelaram o passaporte de Snowden pouco depois de suas revelações em Hong Kong, em junho, ao jornal britânico The Guardian.

A "ameaça ilegal", que, segundo ele, sofreu dos Estados Unidos e de alguns países europeus, o impede de viajar para a América Latina e de receber "o asilo concedido de acordo com os direitos compartilhados".

Enquanto não receber garantias, Snowden aguardará na Rússia.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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