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Europa

Snowden pede asilo político à Rússia

1 jul 2013 - 16h07
(atualizado às 16h20)
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O ex-analista de inteligência americano Edward Snowden, refugiado na zona de trânsito de um aeroporto de Moscou, pediu asilo político à Rússia, onde o presidente Vladimir Putin afirmou que ele poderia ficar desde que parar com suas atividades contra os Estados Unidos.

"Às 22h30 (15h30 de Brasília) de ontem (domingo), a cidadã britânica Sarah Harrison se apresentou ao serviço consular do aeroporto Sheremetievo e entregou um pedido de asilo político de Snowden", declarou à AFP Kim Shevchenko, funcionário consular deste aeroporto da capital russa.

Sarah Harrison trabalha para o site WikiLeaks e acompanhou Snowden durante sua viagem de 23 de junho saindo de Hong Kong, onde o ex-analista se refugiou num primeiro momento depois de ter revelado informações sobre o programa de espionagem americano.

Consultado sobre o futuro de Edward Snowden, Vladimir Putin afirmou em uma coletiva de imprensa no Kremlin que Moscou "nunca entrega ninguém".

"A Rússia nunca entrega ninguém e não tem intenção de fazê-lo. (...) No melhor dos casos, temos trocado agentes de nossa inteligência exterior por (pessoas) detidas e condenadas na Rússia", declarou Putin à imprensa.

No entanto, Putin estabeleceu como condição para que Snowden permaneça na Rússia que o americano deixe de fornecer informações prejudiciais aos Estados Unidos.

"Se ele quiser ficar aqui, a condição é que pare com suas atividades visando a prejudicar nossos parceiros americanos, pouco importa que isso pareça estranho vindo de minha parte", declarou.

As revelações de Snowden sobre os programas de vigilância e espionagem dos Estados Unidos no mundo inteiro provocaram uma nova polêmica nesta segunda na Europa, após a divulgação se informações sobre a espionagem da União Europeia.

"O fato de nossos aliados (ocidentais) espionarem uns aos outros não nos diz respeito", comentou Putin.

Mais cedo, o chefe do Conselho de Segurança russo fez referência pela primeira vez oficialmente aos contatos entre Washington e Moscou sobre o ex-agente de 30 anos, procurado pelos Estados Unidos e acusado de espionagem.

Os presidentes russo e americano "não têm uma solução que satisfaça as duas partes, e é por isso que encarregaram o diretor do FSB (Alexandre) Bortnikov e o diretor do FBI (Robert) Mueller de manter contato permanente e de encontrar soluções", declarou Patrouchev ao canal Rossia 24.

"A tarefa não é simples, porque eles (os dirigentes do FSB e do FBI) devem encontrar uma solução dentro das normas do direito internacional", ressaltou este ex-diretor do FSB (Serviço Federal de Segurança).

"Ainda não é possível dizer que há uma solução", declarou Patrouchev.

Edward Snowden está refugiado na zona de trânsito do aeroporto de Moscou desde 23 de junho depois de ter tido seu passaporte americano revogado.

Ele também pediu asilo político ao Equador, que ressaltou que só poderia conceder esse status se estivesse em seu território. O presidente Rafael Correa também afirmou no sábado que a solução está "nas mãos das autoridades russas".

A Rússia, que não tem acordo de extradição com os Estados Unidos, descarta entregar o americano, considerando que ele "não violou as leis russas, não atravessou a fronteira russa e tem o direito de ir onde quiser", segundo o chanceler russo Serguei Lavrorv.

Os analistas acreditam, no entanto, que o caso provoca embaraço para as autoridades russas.

"Entregá-lo significaria ceder às pressões. Não entregá-lo significaria a deterioração das relações com os Estados Unidos", afirma Alexandre Goltz.

Enquanto um influente parlamentar russo, Alexei Pushkov, que preside comissão de assuntos internacionais da Duma, afirmou que não se deve entregar Snowden aos Estados Unidos, o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, foi cauteloso no domingo e disse apenas que o caso do americano "não é prioridade para o Kremlin".

O especialista Dmitri Trenine, considera, por sua vez, que uma negociação entre os dois países poderia resultar na troca de Snowden pelo piloto Konstantin Iarochenko e pelo ex-militar Viktor Bout, ambos detidos nos Estados Unidos por tráfico de drogas e de armas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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