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Europa

Snowden deixa Hong Kong em direção a Caracas

23 jun 2013 - 08h37
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O ex-consultor da CIA, Edward Snowden, deixou Hong Kong neste domingo em um voo comercial russo em direção a Caracas, passando por Moscou e Havana, de acordo com a companhia aérea Aeroflot, em uma tentativa de evitar o pedido de extradição dos Estados Unidos, que o acusa de espionagem.

De acordo com fontes da companhia russa Aeroflot, citada por agências de notícias russas, Snowden viajará para Caracas com escala em Moscou e Havana.

O governo de Hong Kong, que confirmou sua saída, declarou não ter "bases legais" para evitar a partida do ex-consultor de 30 anos, justificando que o governo dos Estados Unidos, que o acusa de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo, não entregou até a sexta-feira informações suficientes para justificar a sua detenção e eventual extradição.

"Snowden deixou voluntariamente Hong Kong hoje em direção a um terceiro país de forma legal", indicou em um comunicado o porta-voz do governo, sem confirmar seu destino.

O comunicado acrescenta que os Estados Unidos foi informado desta partida.

Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) e ex-agente da Agência de Inteligência (CIA), embarcou no voo Aeroflot SU213, segundo as agências de notícias russas. A aeronave deve pousar no aeroporto de Moscou às 17H05 local (08H05 no horário de Brasília).

O WikiLeaks, organização fundada por Julian Assange, declarou em sua conta no Twitter às 9H30 GMT (6H30 no horário de Brasília) que Snowden se encontra "no espaço aéreo russo", acompanhado de "assessores jurídicos do WikiLeaks".

Pouco antes, a organização de Assange, que se refugiou na Embaixada do Equador em Londres, informou ter fornecido a "Snowden apoio para um eventual pedido de asilo político, fornecendo documentos para que saísse a salvo de Hong Kong em direção a um país democrático".

Em Moscou, citando fontes da companhia aérea Aeroflot, agências de notícias russas disseram que seu destino final é a Venezuela.

"Um passageiro com este nome chegará hoje em Moscou no voo SU213 vindo de Hong Kong, e amanhã, 24 de junho, ele irá partir no voo SU150 para Havana", indicou a fonte citada pela agência Itar-Tass, acrescentando: "no mesmo dia, ele deixará a ilha em direção a Caracas em um voo local".

O porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse que não sabia nada sobre a chegada do ex-agente, que vazou para a imprensa informações sobre programas do governo dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha para monitorar telefonemas e acessos à internet.

Snowden chegou a mencionar a possibilidade de pedir asilo político à Islândia, onde operam organizações em defesa dos direitos civis em relação ao monitoramento de dados privados por parte dos governos.

Desde 5 de junho, quando foram publicados os primeiros artigos nos jornais The Guardian e The Washington Post, Snowden revelou muitos detalhes sobre o monitoramento realizado pela NSA nos Estados Unidos e no exterior.

No domingo, o Sunday Morning Post assegurou que a NSA interceptou "milhões" de mensagens de texto enviadas pela rede de telefonia móvel chinesa.

A China reagiu fortemente a esta última informação. A agência Nova China chamou os Estados Unidos de o "maior vilão do nosso tempo" em termos de ciberataques.

Estas acusações "mostram que os Estados Unidos, que tentaram por muito tempo apresentar-se como uma vítima inocente de ataques cibernéticos, têm-se revelado o grande vilão do nosso tempo" nesta área, de acordo com a agência oficial chinesa.

A NSA, segundo Snowden, também hackeou em 2009 os servidores da Pacnet, uma empresa com sede em Hong Kong, que administra a rede de fibra óptica mais extensa da região, bem como a prestigiada Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde estão localizadas as seis principais redes através das quais se pode acessar informações na internet de milhões de chineses.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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