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Secretário-geral da ONU pede cessar-fogo imediato na Líbia

16 mar 2011 - 14h27
(atualizado às 15h31)
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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira o fim imediato dos combates na Líbia e reivindicou ao regime de Muammar Kadafi que não bombardeie a cidade rebelde de Benghazi diante dos perigos que correm inúmeros civis. "O secretário-geral solicita a todas as partes envolvidas neste conflito para que aceitem um cessar-fogo imediato", disse em entrevista coletiva o porta-voz da ONU, Martin Nesirky, que expressou a preocupação de Ban sobre um possível bombardeio de Benghazi por parte das forças leais ao líder líbio.

O porta-voz assinalou também que o secretário-geral das Nações Unidas está "profundamente preocupado" com a intensificação da ofensiva das forças governamentais contra os rebeldes e os indícios de que elas preparam um assalto a Benghazi, reduto do movimento contra o regime de Kadafi. "Uma campanha para bombardear um núcleo urbano como esse poria um grande número de vidas civis em risco", apontou o porta-voz, que advertiu àqueles que usem a força contra civis terão de responder por suas ações.

O apelo de Ban pelo cessar-fogo imediato na Líbia é feito no mesmo dia em que os 15 países-membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas negociam a criação de uma zona de exclusão aérea sobre o território líbio. O Conselho teve de suspender na terça-feira as negociações do projeto de resolução apresentado pelo Líbano, em colaboração com França e Reino Unido.

Ban conversou na terça-feira à noite com o ministro de Relações Exteriores da Líbia, Moussa Kusa, sobre a grave situação no país norte-africano, indicou Nesirky. Segundo o porta-voz, o enviado especial da ONU à Líbia, o jordaniano Abdelilah al-Khatib, partiu nesta quarta-feira de Trípoli após dois dias de reuniões com as autoridades do país, às quais transferiu "o firme apelo da comunidade internacional pelo fim dos combates e da violência".

Khatib pediu ao Governo líbio que permita o acesso de ajuda humanitária a todas as regiões do país afetadas pela violência e trabalhar por uma solução pacífica da crise, indicou Nesirky. O porta-voz afirmou ainda que o enviado especial mantém contato com as autoridades de Trípoli, bem como com os líderes dos rebeldes em Benghazi. Enquanto isso, segundo os insurgentes, aviões das forças de Muammar Kadafi bombardearam nesta quarta-feira o aeroporto de Benghazi.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país há quase um mês para pedir a renúncia do líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, se tunisianos e egípcios fizeram história através de embates com as forças oficiais e, principalmente, protestos pacíficos por democracia, a situação da Líbia já toma contornos bem distintos.

Diferentemente da queda de Hosni Mubarak, cujo símbolo foi a aglomeração sistemática de centenas de milhares de manifestantes no centro do Cairo, a contestação de Kadafi tem levado a Líbia a uma situação próxima de uma guerra civil. Após a realização de protestos em grandes cidade, como Trípoli e Benghazi, o litoral mediterrânico da Líbia virou cenário de uma batalha diária entre as forças do coronel e a resistência rebelde pelo controle das cidades, como Sirte- cidade natal de Kadafi - e a petrolífera Ras Lanuf.

Não há números oficiais, mas estima-se que mais de mil pessoas já tenham morrido desde meados de fevereiro. A onda de violência, por sua vez, gerou um êxodo de mais de pelo menos 100 mil pessoas, muitas das quais fogem pelas fronteiras egípcia e tunisiana. Esses números, aliados à brutalidade dos confrontos - como, por exemplo, o bombardeio a cidades rebeldes - vêm mobilizando lideranças da comunidade internacional, que cogitam a instauração de uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas ainda não acenam para uma intervenção no país.

EFE   
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