PUBLICIDADE

Europa

Rússia parece mudar de posição e apoia eleição ucraniana

Putin disse nesta quarta-feira que a eleição presidencial da Ucrânia é um passo "na direção certa", mas que o voto não valerá nada se os direitos dos cidadãos não foram protegidos

7 mai 2014 - 20h07
(atualizado às 20h08)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Putin também fez um pedido aos separatistas pró-Moscou na Ucrânia para que adiassem o referendo pela autonomia</p>
Putin também fez um pedido aos separatistas pró-Moscou na Ucrânia para que adiassem o referendo pela autonomia
Foto: Reuters

No que aparenta ser uma mudança de postura da Rússia, o presidente Vladimir Putin disse nesta quarta-feira que a eleição presidencial da Ucrânia, marcada para o dia 25 deste mês, é um passo "na direção certa".

No entanto, ele afirmou que o voto não valerá nada se não vier acompanhado da proteção dos direitos de "todos os cidadãos".

"Eu gostaria de enfatizar que apesar de a ação estar na direção certa, os votos não vão decidir nada se todos os cidadãos da Ucrânia não conseguirem garantias de que seus direitos serão protegidos após a eleição", disse Putin.

As declarações foram feitas após líderes russos criticarem a votação. O chanceler Sergei Lavrov disse que fazer uma eleição durante a atual onda de violência seria "pouco usual", enquanto o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, classificou a ideia de "absurda".

Referendo

Putin também fez um pedido aos separatistas pró-Moscou na Ucrânia para que adiassem o referendo pela autonomia, marcado para este domingo, no sudeste e no leste da Ucrânia. Segundo ele, isso poderia ajudar a criar as condições necessárias para o diálogo.

O presidente sugeriu que as operações militares de Kiev no leste da Ucrânia poderiam ser suspensas, em troca do adiamento do referendo.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, minimizou o apelo de Putin, dizendo que ele está "falando bobagem".

Putin fez o pedido após se reunir em Moscou com o presidente suíço, Didier Burkhalter, que preside atualmente a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Entenda a crise na Ucrânia Entenda a crise na Ucrânia

Os organizadores do referendo em Donetsk - que prepararam cerca de 3 milhões de cédulas de votação - disseram que eles se reuniriam na quinta-feira para discutir o pedido de Putin.

"Putin definitivamente não é conhecido por voltar atrás em suas opiniões", disse o correspondente da BBC em Moscou, Steve Rosernberg. "Mas seus últimos comentários sobre a Ucrânia sugerem, uma mudança na posição do Kremlin - e isso cria esperanças de que haja uma solução diplomática para o conflito."

"O Ocidente provavelmente tratará esses comentários com cautela e esperar que efeito terá na prática. E ver se a nova posição do Kremilin vai ou não reduzir a escalada de tensão na área."

A Ucrânia rejeitou as demandas dos ativistas por mais autonomia, temendo que isso poderia levar a uma onda separatista no país. Kiev também enviou tropas, nas últimas semanas, para retomar prédios do governo que haviam sido ocupados por rebeldes.

Tropas

Em meio à tensão, Putin também disse que a Rússia havia retirado suas tropas da fronteira com a Ucrânia e as enviado para "locais de treinamento".

No entanto, a Otan disse que "não viu nenhuma mudança significativa na disposição das tropas ao longo da fronteira."

Mais no início do dia, forças de segurança ucranianas retomaram apenas por algumas horas a prefeitura da cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. Mas logo em seguida separatistas pró-Rússia retomaramo edifício.

Quando invadiram o prédio, as forças ucranianas prenderem 16 ativistas e os levaram para a delegacia local, o que culminou em um confronto violento entre parentes dos detidos e policiais, que atiraram para cima.

A tensão na região se intensificou desde que o forças apoiadas pelo Kremlin tomaram o controle da Crimeia, que em seguida votou, em março, para se unir à Rússia, em um referendo que Kiev e o Ocidente consideram ilegal.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade