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Europa

Rússia nega vínculo com Snowden e rebate acusações americanas

25 jun 2013 - 11h10
(atualizado às 11h11)
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A Rússia negou nesta terça-feira qualquer vínculo com o ex-agente americano Edward Snowden, procurado por espionagem pela justiça dos Estados Unidos, e considerou "inaceitáveis" as acusações neste sentido de Washington.

Washington havia solicitado à Rússia a expulsão e entrega de Snowden, que revelou dados sobre o programa de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana, assim como da vigilância de ligações telefônicas e da internet nos Estados Unidos e no exterior.

Snowden foi acusado em seu país e pode ser condenado a 30 anos de prisão.

O americano, de 30 anos, que se refugiou em Hong Kong em 20 de maio, teria viajado no domingo a Moscou em um voo da companhia russa Aeroflot. No entanto, Snowden não foi visto desde que foi anunciada sua presença na Rússia, nem foi informado o local em que se encontraria.

"Não temos nenhuma relação com Snowden, nem temos nada a ver com seus problemas com a justiça dos Estados Unidos, nem com suas viagens pelo mundo", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"Snowden não atravessou a fronteira russa e consideramos totalmente infundadas e inaceitáveis as tentativas de acusar a Rússia de ter violado as leis dos Estados Unidos, e quase de ter planejado um complô, tudo isto acompanhado de ameaças contra nós", completou em uma entrevista coletiva.

Lavrov não confirmou nem desmentiu se Snowden teria pousado em Moscou.

"Ele escolheu o itinerário sozinho. O governo soube como muitas pessoas, pela imprensa", disse o ministro.

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta terça-feira à Rússia que entregue Snowden, ressaltando que Washington não está buscando "confronto".

Kerry, em visita à Arábia Saudita, afirmou que a transferência do ex-consultor da NSA era uma questão de respeito à lei.

Segundo fontes citadas pelos meios de comunicação russos, Snowden teria passado pelo menos a noite de domingo em um hotel localizado na zona de trânsito do aeroporto de Sheremetievo-Moscou. O acesso ao local não tem controle de passaportes ou exigência de visto russo.

As mesmas fontes afirmaram que o ex-agente deveria embarcar na segunda-feira em um voo de Moscou para Cuba e depois seguir para Venezuela e Equador, país ao qual pediu asilo e que está considerando o pedido. Mas aparentemente Snowden não embarcou no voo.

A agência russa Interfax destacou na segunda-feira que "seguramente" Snowden já havia abandonado a Rússia, mas fontes aeroportuárias afirmaram que ele permanecia na zona do aeroporto.

Mas Snowden não foi visto em Sheremetievo ou em qualquer outro local da capital russa.

O fundador de Wikileaks, Julian Assange, asilado na embaixada equatoriana em Londres, disse que Snowden estava "a salvo" depois de deixar Hong Kong com um documento de refugiado proporcionado pelo Equador. O passaporte americano de Snowden estava expirado e foi revogado pelas autoridades de Washington.

O caso Snowden afeta as relações dos Estados Unidos não apenas com a Rússia, mas também com a China, já que Hong Kong, apesar de ter um estatuto administrativo especial, está sob sua soberania.

Em Washington, as críticas a Pequim foram de rara veemência. Os porta-vozes da presidência e da diplomacia dos Estados Unidos, Jay Carney e Patrick Ventrell, acusaram a China de ter "optado deliberadamente por liberar um fugitivo, apesar de uma ordem de detenção" e do passaporte expirado.

Quinze dias depois da reunião na Califórnia entre os presidentes Barack Obama e Xi Jinping, que supostamente daria novo impulso às relações entre os dois países, a Casa Branca lamentou não poder contar com os chineses "para que respeitem suas obrigações jurídicas em termos de extradição".

A China rebateu nesta terça-feira as críticas.

"Não é razoável por parte do Estados Unidos questionada a gestão de Hong Kong de assuntos de conformidade com a lei. As acusações contra o governo central chinês carecem de fundamento", declarou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

"A China não pode aceitar isto", completou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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