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Mundo

Rússia alerta sobre possível desintegração de países árabes

22 fev 2011 - 12h54
(atualizado às 14h00)
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O presidente russo, Dmitri Medvedev, alertou nesta terça-feira sobre a possível desintegração dos países árabes e a chegada de fanáticos ao poder, o que desembocaria em "décadas de convulsões".

As revoltas "poderiam desembocar na desintegração de alguns países densamente povoados (...) em múltiplas partes", disse Medvedev durante uma reunião extraordinária da comissão nacional antiterrorista, segundo as agências russas.

Medvedev assegurou que a situação no mundo árabe é "extremamente difícil" e que os países da região "enfrentam muitas dificuldades".

"Esses Estados são muito complexos e é muito possível que ocorram fatos complicados, inclusive a chegada de fanáticos ao poder, o que significaria décadas de convulsões e a propagação do extremismo", disse.

O Kremlin defendeu a estabilidade do mundo árabe desde o início dos protestos na região em janeiro e, em nenhum momento, apoiou os manifestantes.

Ao contrário do Ocidente, a Rússia não condenou a repressão violenta aos protestos na Líbia contra o líder do país, Muammar Kadafi.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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