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Europa

Repressão a protestos faz novos feridos em Ancara; calma em Istambul

18 jun 2013 - 05h55
(atualizado às 06h14)
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A polícia efetuou na noite da última segunda-feira uma das mais duras intervenções contra os manifestantes em Ancara, enquanto em Istambul havia relativa calma na Praça Taksim, interditada pelas forças da ordem.

Em Ancara, as os agentes foram mobilizados ao redor do Parque Kugulu, onde os manifestantes dormiam em barracas, e começaram uma operação com gás lacrimogêneo e canhões com jatos d'água para esvaziar o lugar.

Na ação policial, que durou até as 22h (de Brasília da segunda-feira), vários manifestantes foram atingidos e feridos, alguns com traumatismos na cabeça e fraturas nos braços, afirmou o movimento de oposição sendika.org em seu site.

"Eu estou em Kugulu. Eles bateram com gravidade nos jovens. Estou levando dois deles para o hospital", comunicou Aylin Nazliaka, deputado do Partido Republicano do Povo (CHP), em um tweet as 22h16 (de Brasília da segunda-feira).

As 23h (de Brasília da segunda-feira), o parque já estava quase completamente vazio.

Por outro lado, em Istambul, uma única pessoa ficou de pé encarou a polícia na Praça Taksim, atraindo outros cidadãos que aderiram em uma manifestação pacífica.

A emblemática praça estava praticamente vazia ontem à noite, pois as forças da ordem impediram o acesso de milhares de trabalhadores em greve, funcionários públicos, médicos, engenheiros e dentistas.

Mas Erdem Gündüz se posicionou ali e permaneceu sozinho e imóvel, com os olhos fixos no Centro Cultural Atatürk, que o governo planeja demolir.

A polícia evidentemente não soube que fazer com este manifestante, que não dizia nada e só tinha uma bolsa. Em pouco tempo, se tornou um dos temas mais comentados no Twitter e centenas de pessoas se uniram a ele.

O jornal "Hurriyet" informou nesta terça-feira em seu site que 300 pessoas acompanharam Gündüz até o fim de seu protesto na primeira hora desta manhã.

"Eu gostaria de continuar apesar da ameaça de ser detido, mas começaram a prender as pessoas ao meu redor e não posso continuar", disse Gündüz que, além de protestar contra o governo, também é crítico com os meios de comunicação locais.

"Quatro pessoas morreram e não mostraram. A (eventual) renúncia deste governo não é suficiente. Este sistema tem que mudar. Isto é um grito, eu sou uma pessoa. Amanhã virá outra", acrescentou.

Um segundo "cidadão de pé" foi visto no bairro Besiktas de Istambul e a polícia começou a perseguir os que se juntavam ao seu ao redor.

Como um protesto simbólico contra as prisões em Taksim, vários sapatos foram deixados próximos do "homem de pé", que continuava hoje com seu silencioso protesto.

A Associação de Médicos da Turquia (TTB) contabilizou quatro mortos e 7.822 feridos, 59 deles em estado grave, nas três semanas de protestos em 13 províncias do país.

Entre os feridos graves há seis que correm risco de morte, 11 ficaram cegos e 100 sofreram traumatismo craniano.

Em seu mais recente relatório, a TTB denuncia que a polícia atacou centros de saúde que foram estabelecidos próximos dos lugares dos protestos.

Além disso, as forças especializadas na luta contra o terrorismo da Direção de Segurança de Istambul iniciou nesta terça-feira uma operação com muitas prisões.

Segundo o site do "Hurriyet", "muita gente" foi detida na inesperada ação desta manhã.

As sedes do jornal "Atilim" e da agência "Etkin News", "estão entre os lugares" onde foram feitas prisões, acrescentou.

As pessoas detidas foram levadas para a Direção de Segurança de Istambul após terem sido submetidas a exames médicos no Instituto Legista.

Segundo o deputado do partido pró-curdo Paz e Democracia (BDP), Sirri Sureyya Onder, pelo menos 70 pessoas foram presas até o momento nesta operação, supostamente relacionada com os protestos populares contra o governo de Recep Tayyip Erdogan.

Os jornais turcos afirmaram hoje que 500 pessoas foram detidas nos últimos dois dias em Istambul e Ancara.

EFE   
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