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Papa Francisco

Vaticano tem surpreendente renúncia de papa e 1º pontífice latino-americano

18 dez 2013 - 16h11
(atualizado às 16h21)
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O ano de 2013 marcou a história do Vaticano por dois fatos históricos: a renúncia de Bento XVI ao pontificado e a posterior eleição em conclave do primeiro papa latino-americano, Francisco, que leva ares renovadores à Igreja e que é definido por muitos como revolucionário.

No início do ano, Bento XVI, cansado, doente e encurralado por escândalos de corrupções protagonizados pelos mais próximos, surpreendeu o mundo ao anunciar em latim que renunciava ao trono da Basílica de São Pedro.

A renúncia provocou comoção quando o papa, refinado e culto, decidiu devolver o cajado e a mitra, e abriu dias de incerteza e tristeza. Um fato como esse não acontecia desde Gregório XII (1406-1414).

Os cidadãos romanos viram o papa seguir de helicóptero rumo à residência de verão dos pontífices no Castel Gandolfo, onde no dia 28 de fevereiro, às 20 horas locais, deixou de ser pontífice para se tornar papa emérito.

Depois, 115 cardeais eleitores designaram em 13 de março, na Capela Sistina do Vaticano, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como novo papa. Foram cinco votações e dois dias de conclave para escolher o 266º sucessor de Pedro. A escolha encheu de euforia a América Latina.

O novo papa encerrou 2013 com um pontificado marcado por seu afã de reformar e abrir a igreja e por suas mostras de simplicidade e proximidade com as pessoas com um carisma arrasador, como mostrado pelas centenas de milhares de peregrinos que lotaram a Praça de São Pedro.

Já se tornaram marcas registradas os passeios entre a multidão nas quartas-feiras antes da audiência, nos quais além de receber bebês para benzer, o papa argentino abraça pessoas com deficiência com um carinho que impressiona o mundo inteiro.

Bergoglio, de 76 anos, é um jesuíta com coração franciscano que diz querer ser um papa "a serviço dos demais", sonha com uma igreja "pobre e para os pobres" e aberta ao mundo, tanto que pediu aos religiosos para abrir os conventos vazios para hospedar os refugiados.

Por isso, sua primeira viagem à Itália foi à ilha de Lampedusa para visitar os imigrantes que chegam da África em grande número. "Vergonha, vergonha!", exclamou quando soube da morte de mais de cem deles ao tentarem chegar à Itália em outubro.

Sua primeira visita oficial ao exterior em julho o levou ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

A primeira ação do papa foi se desprender de falso luxo. Usa sapatos pretos, e não os vermelhos papais (símbolo do sangue de Cristo), e mora na residência Santa Marta, uma dependência do Vaticano, junto com bispos e cardeais, e não no Palácio Apostólico porque, conforme confessou, não queria viver sozinho.

Quando tem que andar por Roma usa um Ford Focus, enquanto seus seguranças viajam em carros mais sofisticados. Ele posta frases no Twitter e faz pedidos para o fim da guerra na Síria, como na imponente Vigília realizada em 7 de setembro.

Para o papa, a simplicidade não está em desacordo com a iniciativa de fazer reformas. Assim, ele cultiva a simpatia de católicos e também de ateus.

A mais esperada ele realizou quando nomeou secretário de Estado o até então núncio na Venezuela, o italiano Pietro Parolin, de 58 anos. Ele substituiu o cardeal Tarcisio Bertone, de 78, marcado por escândalo de vazamento de documentos vaticanos.

Outra decisão importante do papa Francisco foi a nomeação de uma comissão de investigação para reformar o chamado banco do Vaticano, o Instituto para as Obras de Religião (IOR), envolvido há anos em vários escândalos financeiros.

O pontífice criou esta comissão, formada por cinco membros com carta branca para investigar tudo o que ocorrer na sede do IOR. Ele constituiu, além disso, outro grupo de estudo, composto por oito membros, para reformar a estrutura econômica administrativa da Santa Sé.

Francisco fechou o ano com a publicação de sua Exortação Apostólica no qual resume seus desejos: uma Igreja aberta e missionária, que se renove espiritual e estruturalmente, e o retorno à essência do Evangelho.

EFE   
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