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Papa Francisco

Vaticano suspende o 'bispo esbanjador' alemão

23 out 2013 - 12h29
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O Vaticano suspendeu, até nova ordem, o "bispo esbanjador" alemão, monsenhor Franz-Peter Tebartz-van Elst, da cidade de Limburgo (no sudeste da Alemanha), que provocou um escândalo por seu gosto pelo luxo e seus gastos desmedidos.

"A Santa Sé considera oportuno autorizar que o monsenhor Tebartz-van Elst deixe durante um período a diocese, à espera do resultado da investigação da Igreja alemã. Chegou-se a uma situação em que o bispo não pode mais exercer suas obrigações episcopais", afirma o Vaticano em um comunicado.

A decisão do papa Francisco foi tomada depois que ele recebeu na segunda-feira, no Vaticano, o bispo alemão, alvo de críticas por sua vida de luxo, mas que preferiu voar pela Ryanair - uma companhia aérea europeia de baixas tarifas - após ser criticado por ter comprado uma passagem de classe executiva para visitar comunidades pobres da Índia.

No episódio, Elst teria dado falso testemunho no tribunal, de acordo com os promotores do caso, ao processar a revista Der Spiegel, quando negou ter dito ao jornalista que voou de classe executiva.

O Vaticano não detalhou o período do afastamento, mas esclareceu que isso dependerá da análise das finanças da diocese de Limburgo e da apuração das responsabilidades pelo escândalo.

O pontífice também recebeu na semana passada o cardeal alemão Joachim Meisner, da diocese de Colônia e próximo ao polêmico bispo, além de outros expoentes da igreja alemã, como Robert Zollitsch, presidente da Conferência Episcopal Alemã, com os quais abordou o delicado caso.

"O papa será informado de forma permanente e objetiva sobre a investigação", afirma o comunicado, no qual o chefe da Igreja Católica determina que Zollitsch assuma o comando da diocese "a partir desta quarta-feira".

Tebartz-van Elst, de 53 anos, foi acusado de ter ordenado a construção de uma onerosa sede episcopal, com museu, sala de conferências, capela e apartamentos privados. O projeto, decidido por seu antecessor, custava 5,5 milhões de euros, mas os gastos da obra aumentaram consideravelmente, alcançando 31 milhões de euros.

O combativo bispo defendeu o projeto, alegando que o complexo da catedral centenária, ao lado da nova estrutura modernista, é um patrimônio protegido, o que complica a obra.

Segundo os meios de comunicação alemães, o religioso gastou para sua banheira pessoal 15 mil euros, sem falar de uma sala de jantar de 63 metros quadrados de quase três milhões de euros.

Em setembro, o Vaticano enviou a Limburgo o cardeal italiano Giovanni Lajolo, que deve elaborar um relatório.

O caso do "servidor mais caro de Deus", como foi apelidado, gera muito interesse na Alemanha, país onde as igrejas se beneficiam de um imposto, razão pela qual gozam de fundos consideráveis.

A Igreja Católica alemã, entre as mais ricas do mundo, costuma financiar muitas associações, escolas, missões e projetos de desenvolvimento.

A chanceler alemã Angela Merkel, filha de um pastor protestante, afirmou, através de seu porta-voz, Steffen Seibert, que "expressa a esperança de que haverá uma resposta para os fiéis, para a confiança das pessoas na sua igreja".

O bispo de Treves, por sua vez, disse à rede pública de TV ARD, na semana passada, que a situação "se intensificou, chegando a um ponto em que o bispo Franz-Peter não pode mais atuar em Limburgo".

O escândalo tem levado muitos alemães, que exigem a renúncia do bispo, a exigir mais transparência em relação às finanças da Igreja Católica. Desde que foi eleito papa, Francisco, que deseja estimular uma igreja pobre para os pobres, não tomou medidas especiais contra o fenômeno, mas aceitou a renúncia de um bispo esloveno considerado também um esbanjador e se comprometeu a reformar as controversas finanças internas da Santa Sé.

Os críticos da Igreja compararam o projeto arquitetônico sofisticado com o estilo mais humilde do papa Francisco, questionando que o dinheiro poderia fazer muito se fosse usado como ajuda aos países africanos pobres.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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