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Papa Francisco

Vaticano mantém operação transparência em 'banco do Papa'

31 mai 2013 - 12h04
(atualizado às 12h06)
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A Santa Sé deu prosseguimento a sua operação transparência, nomeando especialistas laicos da indústria e das finanças para convencer de sua disposição em romper com a falta de transparência bancária do passado.

O novo presidente do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), o alemão Ernst von Freyberg, recrutado em março é o último exemplo. Este empresário oriundo da construtora naval alemã Blohm & Voss concedeu nesta sexta-feira longas entrevistas para promover a meta de "tolerância zero" com a lavagem de dinheiro sujo.

Esta é uma ofensiva de comunicação sem precedentes para um banco afetado por escândalos do passado e por ligações escusas, que incluíram a falência do "Banco Ambrosiano", lavagem de dinheiro da máfia, serviços secretos e até ligação com instituições maçônicas.

"Tenho aplicado as medidas dos mais altos padrões em termos de exigência em relação a nossos bancos. Recebo em meu escritório durante toda a semana os casos suspeitos e toda semana realizo uma reunião com o responsável pelas operações contra a lavagem de dinheiro", assegurou à rádio Vaticano.

Von Freyberg anunciou ainda uma "política de tolerância zero com os clientes e funcionários" envolvidos em atividades de lavagem de dinheiro.

O novo chefe alemão admitiu ter contratado consultores externos para "examinar cada conta e rever as estruturas e processos para detectar irregularidades" e "um dos principais escritórios de advocacia do mundo" para "compreender melhor a situação legal".

Pela primeira vez, von Freyberg reuniu todos os funcionários do banco para comunicar seus resultados e objetivos. Os balanços do IOR serão publicados na internet.

Ao jornal Le Figaro, o barão alemão assegurou que o IOR está sendo "muito bem" visto pelo grupo de especialistas europeus da MONEYVAL na luta contra a lavagem de dinheiro.

Von Freyberg, que frequenta o Vaticano pelo menos três dias por semana, contou que reside, assim como Papa Francisco, na residência de Santa Marta e que foi "autorizado a assistir sua missa ocasionalmente."

O banqueiro reconhece que, no passado, o IOR foi considerado "uma espécie de ilha" fiscal. A "falta de comunicação" era uma ferida: "a tradição era o silêncio."

Ele revelou ao Le Figaro ter pedido a "um historiador independente que trabalhasse sobre a história do IOR".

"Queremos parar a era dos boatos" e calúnias, insistiu, referindo-se em particular à "ficção" que o IOR teria contas numeradas.

"Fomos acusados esta semana de conexões com a máfia e de esconder dinheiro do IOR em Luxemburgo! Então, pela primeira vez, conseguimos nos defender legalmente com êxito contra aqueles que espalharam estas calúnias", explicou.

O banqueiro indicou que em dois anos cerca de 6.000 contas de clientes foram fechadas: "contas inativas ou pouco usadas".

De acordo com o von Freyberg, o IOR possui 18.900 clientes e mantém o valor de seus ativos em 7,1 bilhões de euros.

Von Freyberg é o terceiro especialista a ser contratado em um ano pelo Vaticano. No ano passado, o jornalista da americana Fox News, Greg Burke, foi contratado para trabalhar no setor de comunicação da Secretaria de Estado, também alvo recorrente de críticas.

No verão, foi a vez do suíço especialista no setor financeiro René Brülhart ser empregado pela Autoridade de Informação Financeira (AIF) do Vaticano.

Três leigos, totalmente dedicados à causa do Vaticano, mas usando métodos modernos, tentam romper com a velha tradição de sigilo das organizações da Santa Sé.

Em 22 de maio, René Brülhart, conhecido por seu trabalho contra a lavagem de dinheiro em Liechtenstein, concedeu uma coletiva de imprensa para apresentar o primeiro relatório anual 2012 da FIA, que supervisiona os assuntos financeiros do pequeno Estado.

Ele anunciou que seis relatórios de transações suspeitas haviam sido enviados à FIA em 2012, dois dos quais foram, em seguida, levados à justiça do Vaticano.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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