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Papa Francisco

Teólogo aposta em papa italiano para reformar Igreja em momento de crise

12 fev 2013 - 11h22
(atualizado às 11h35)
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<p>Em 2005, Ratzinger foi fotografado cumprimentando o papa João Paulo II, que morreria no mesmo ano</p>
Em 2005, Ratzinger foi fotografado cumprimentando o papa João Paulo II, que morreria no mesmo ano
Foto: Osservatore Romano / EFE

Apesar de considerar positiva para a figura do papa a renúncia de Bento XVI, o teólogo Isidoro Mazzarolo, pós-doutor em teologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), considera que a Igreja Católica vive um momento de crise, em que é fundamental rever a postura conservadora e reformar a estrutura do Vaticano. Na opinião de Mazzarolo, um papa europeu, de preferência um italiano, teria melhores condições de liderar as mudanças necessárias para recuperar a confiança dos fiéis.

"Em tese, todos os cardeais são elegíveis, mas acredito que pela conjuntura da Igreja Católica atual é pouco provável que tenhamos um papa que não seja europeu. A necessidade grande de renovação no Vaticano exige a escolha de alguém que tenha conhecimento das cúrias, dos decanatos, de tudo o que acontece nessa estrutura grande e pesada de 2 mil anos de história", afirma o teólogo. Segundo ele, além da mudança interna, é preciso repensar na relação da Igreja Católica com a sociedade.

Para Mazzarollo, os últimos 20 anos - sob o comando de João Paulo II e Bento XVI - foram um período de retrocesso em relação aos avanços conquistados a partir do Vaticano II -  concílio da década de 1960 que regulamentou as normas da Igreja. "O concílio estabeleceu, por exemplo, que o controle da prole cabe aos pais, ao casal, abrindo para a aceitação dos métodos anticoncepcionais.  (Os papas) Paulo VI e João Paulo I queriam isso, mas depois houve o fechamento com o João Paulo II, o que ficou mais evidenciado ainda com Bento XVI. A sociedade pede essa abertura, essa conversa com a população", afirma.

O líder para essa mudança, na opinião de Mazarolo, seria um cardeal mais jovem e com habilidade diplomática. "Bento XVI estava muito preocupado com a disciplina da Igreja, com os ritos, as normas. Isso deu para ele segurança interna, mas ele acabou se perdendo na missão evangelizadora. As estatísticas comprovam que a Igreja Católica perde fiéis progressivamente e somente um líder jovem, dinâmico, com capacidade de diálogo poderá recuperar isso", afirma.

Ele ainda diz que acredita que os escândalos envolvendo a Igreja nos últimos anos, como as denúncias de pedofilia e até mesmo o caso de roubo de documentos secretos do Vaticano, colaboraram com a decisão de Bento XVI de renunciar. "Não digo que isso foi decisivo, mas ele sofreu muito o peso de substituir um papa extremamente popular como foi João Paulo (II) e ainda se viu diante de uma forte pressão causada pelas denúncias envolvendo o Vaticano. Isso deve ter pesado no lado emocional".

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Apesar das críticas a Bento XVI, o teólogo elogia a coragem do papa de anunciar renúncia, em um processo que não era visto na Igreja Católica há aproximadamente 600 anos. "A renúncia ajuda a ver a imagem do papa de outra forma, não como um personagem de honra, de glória, mas como um líder temporário, um servo do povo".

Fonte: Terra
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