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Papa Francisco

'Quem sou eu para julgar' gays, diz o papa em coletiva rara

29 jul 2013 - 10h52
(atualizado às 10h57)
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Em uma entrevista coletiva incomum para um pontífice, o papa Francisco afirmou que os gays não devem ser marginalizados, e sim integrados à sociedade.

Durante conversa de quase uma hora e meia com jornalistas durante o voo de volta ao Vaticano, após a visita ao Brasil, o pontífice citou o Catecismo da Igreja Católica para reafirmar a posição de que a orientação homossexual não é pecado, mas os atos são.

"Se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la?", afirmou o pontífice.

A forma como o papa conduziu a entrevista coletiva durante o voo foi considerada algo inédito na história recente do Vaticano, segundo os jornalistas que participaram da viagem.

João Paulo 2° costumava falar com um ou outro jornalista, andando pelo avião. Segundo repórteres, era questão de sorte ser um dos escolhidos, e nem sempre se podia ouvir as respostas dadas a outros colegas.

Bento 16 exigia que as perguntas fossem enviadas com antecedência para que ele pudesse escolher três ou quatro e preparar suas respostas.

Mas Francisco optou por um estilo completamente diferente, falando diante de todos os jornalistas, com um microfone, e respondendo a 21 questões feitas na hora, falando por quase uma hora e meia.

Na conversa, o pontífice abordou vários assuntos de forma bastante franca, segundo os jornalistas. Sobre a ordenação de mulheres, por exemplo, ele disse que elas devem ter um papel maior na Igreja, mas acrescentou que a porta para a possibilidade de mulheres sacerdotes está fechada.

Abertura

A rara coletiva do papa ocorre um dia após o encerramento da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, que reuniu milhares de jovens católicos de todo o mundo.

Cinco meses após ter assumido o posto máximo da Igreja Católica, o papa Francisco sinaliza posições mais abertas do que seu antecessor Joseph Ratzinger, o agora papa emérito Bento 16, que renunciou ao cargo.

"O Catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles [os homossexuais] não devem ser marginalizados por causa disso, mas que precisam se integrados à sociedade", disse o papa Francisco ao falar sobre gays.

O pontífice condenou, no entanto, o chamado "lobby gay" no Vaticano. "O problema não é ter essa orientação. Nós devemos ser irmãos. O problema é fazer lobby dessa orientação, ou lobbies de pessoas gananciosas, lobbies políticos, lobbies maçônicos, tantos tipos de lobby. Este é o pior problema."

Francisco também comentou o caso do monsenhor Battista Ricca, que após ser apontado pelo próprio papa para um cargo importante no Banco do Vaticano foi acusado de manter relações sexuais com garotos de programa quando trabalhava na embaixada do Vaticano em Montevidéu e de manter um amante.

"No caso monsenhor Ricca, eu fiz o que o direito canônico dita, que é a investigação prévia. E, nesta investigação, não se encontrou nada sobre o que ele foi acusado. Não encontramos nada", disse.

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