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Papa Francisco

Peregrinação e vigília com o Papa na praia no Rio de Janeiro

27 jul 2013 - 09h55
(atualizado às 10h02)
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A praia de Copacabana, normalmente palco de cariocas de corpos esculturais em pequenos trajes de banho, é o destino neste sábado de uma peregrinação de centenas de milhares de jovens católicos e de uma vigília embalada pelas ondas na qual o Papa fará uma oração.

Francisco, o primeiro papa latino-americano, buscará na emblemática praia revitalizar a fé dos peregrinos provenientes de todo o mundo, num momento em que a Igreja perde fiéis, sobretudo jovens, que engrossam as fileiras de evangélicos ou se declaram sem religião.

O papa argentino preside no Rio de Janeiro a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com mais de 320.000 peregrinos de 170 países, e em cujos grandes eventos com Francisco compareceram cerca de 1,5 milhão de pessoas no país mais católico do mundo.

Francisco começou o dia ministrando uma missa na Catedral Metropolitana para cardeais, bispos, religiosos e seminaristas da JMJ.

Perto dali, com um rosário de madeira nas mãos e a bandeira argentina como capa neste dia frio e cinza, Diego Vera, um advogado de Santa Fé de 26 anos, marchava junto a milhares de peregrinos carregando colchonetes e barracas em direção à praia.

"Esta peregrinação é a reunião de toda a Igreja jovem do mundo em direção à figura do Papa; representa o sacrifício, mas é preciso vivê-la com alegria", explicou à AFP o jovem.

"É tão próximo, é tão estranho escutar o papa e sentir que é como ouvir seu pároco. Fala conosco de igual para igual, sem linguagem rebuscada e, sobretudo, pediu para que façamos bagunça, que levemos a Igreja para a rua", afirmou.

"Esta é a juventude do Papa!", gritava uma freira veterana que acompanha a peregrinação, agitando um guarda-chuva fechado em direção ao céu, carregado de nuvens.

Durante seus seis dias de viagem ao Brasil, Francisco pediu para que os jovens conservem a fé na Igreja, apesar dos maus sacerdotes, e nas instituições políticas, apesar da corrupção, depois que grandes manifestações protagonizadas por jovens sacudiram o Brasil nas últimas semanas.

"Jesus se une a tantos jovens que perderam sua confiança nas instituições políticas porque veem egoísmo e corrupção, ou que perderam sua fé na Igreja, e inclusive em Deus, pela incoerência dos cristãos e dos ministros do Evangelho", disse o Papa na sexta-feira, quando presidiu uma gigantesca Via Sacra na praia de Copacabana.

"Quanto nossas incoerências fazem Jesus sofrer!", exclamou o pontífice diante de um mar de peregrinos, em um chamado a viver de acordo com o que se prega.

O Papa, que assumiu o trono de Pedro em março substituindo Bento XVI, enfrenta o desafio de renovar uma Igreja em crise após escândalos de corrupção e pedofilia.

Também deve seguir conquistando fiéis, embora a Igreja mantenha dogmas, desafiados às vezes pelos jovens, como a oposição ao uso do preservativo, à homossexualidade, ao aborto até mesmo em casos de estupro e a defesa da virgindade até o casamento.

Devido às chuvas torrenciais que inundaram o Campo da Fé de Guaratiba - onde deveria culminar a peregrinação de 13 km e ser celebrada a vigília e a missa final da JMJ - os três eventos foram transferidos para a praia de Copacabana.

O assunto constrangeu as autoridades do Rio de Janeiro, que fizeram uma incomum 'mea culpa'. A organização da JMJ é considerada um teste antes do Mundial de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

Finalmente, os jovens peregrinarão 9,5 km durante todo o sábado a partir da estação Central, no centro da cidade, até a praia. Depois acamparão na areia de Copacabana, em uma vigília onde estão previstos vários shows e onde o Papa rezará às 19h30 (horário de Brasília).

Mas antes Francisco também se reunirá com políticos, diplomatas, representantes da sociedade civil e da cultura no Teatro Municipal.

Também almoçará com os cardeais e bispos brasileiros, pronunciará um discurso e passeará três vezes de papamóvel pela cidade, em mais uma demonstração da proximidade que anseia com os fiéis.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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