PUBLICIDADE

Papa Francisco

Papa: se Igreja não proclamar Cristo, se transformará em uma ONG piedosa

14 mar 2013 - 16h52
(atualizado às 17h17)
Compartilhar

O papa Francisco começou nesta quinta-feira seu pontificado rezando perante uma imagem de Nossa Senhora na basílica romana de Santa Maria Maggiore e celebrando uma missa na Capela Sistina com todos os cardeais, aos quais afirmou que a Igreja só seguirá adiante se caminhar com a cruz de Cristo.

"Nós podemos caminhar tanto quanto quisermos, podemos edificar muitas coisas, mas se não proclamamos Jesus Cristo, a coisa não anda. Nos transformaremos em uma ONG piedosa, mas não na Igreja, a esposa do Senhor", afirmou o papa, sem ler um discurso pronto.

Sob a representação do Juízo Final pintada por Miquelângelo, o primeiro papa jesuíta e originário do continente americano afirmou que as três linhas da Igreja são "caminhar, edificar e proclamar".

"Temos que caminhar sempre na presença da luz do Senhor, com uma conduta irretocável, a mesma que Deus pedia a Abraão", acrescentou.

Francisco também disse que é preciso edificar sobre a pedra, como a Igreja Católica em relação a Pedro, "já que, se não for assim, será como os castelos construídos pelas crianças com a areia da praia, que são levados pela água. Tudo é destruído porque não tem consistência".

Sobre a obrigação de proclamar Jesus, o novo papa afirmou que "quem não reza ao Senhor, reza ao diabo, já que quando não se proclama Cristo, se proclama a mundanidade do diabo, do demônio".

O primeiro dia de pontificado começou cedo, com uma visita à basílica romana de Santa Maria Maggiore, onde o para rezou perante a imagem de Nossa Senhora "Salus Populi Romani". Lá, ele foi recebido pelo arcipreste da basílica, o cardeal espanhol Santos Abril, e o vigário de Roma, o cardeal Agostino Vallini.

O papa rezou por dez minutos e depois visitou o altar maior onde fica a relíquia da "sagrada manjedoura", na qual, segundo a tradição, Jesus foi colocado quando nasceu.

Francisco cumprimentou os sacerdotes e funcionários do templo, assim como vários fiéis, entre eles uma mulher grávida de cinco meses, a quem abençoou.

De volta ao Vaticano, fez uma parada na residência onde se hospedou nos dias prévios ao conclave. Lá ele pegou a mala que continha o que trouxe a Roma e pagou a conta, "para dar exemplo", contou hoje o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

O porta-voz disse ainda que ontem, após ser eleito papa, Francisco recebeu na Capela Sistina a reverência dos outros 114 cardeais eleitores de pé, e não sentado, como costuma ser o normal em momentos como esse.

Depois, o pontífice deixou a capela para se dirigir à Casa Santa Marta não no automóvel oficial do Vaticano, mas de ônibus, com os outros cardeais. E mais tarde, durante o jantar, em um ambiente muito cordial, disse aos cardeais: "Que Deus os perdoe por isso que fizeram".

Logo após ser eleito, Francisco ligou ontem para o papa emérito Bento XVI, segundo o porta-voz, que disse que ainda não está previsto que o pontífice vá a Castel Gandolfo visitar pessoalmente seu antecessor.

Francisco rezará o Ângelus no próximo domingo da janela do apartamento papal, que tem vista para a Praça de São Pedro. A residência está trancada desde que foi efetivada a renúncia de Bento XVI, em 28 de fevereiro, como estabelece a legislação vaticana.

Hoje ele foi aberto novamente, mas o papa jesuíta não o ocupará até que terminem as obras de remodelação previstas. Por enquanto, ele continuará se hospedando na Casa Santa Marta, no quarto 201.

Assim que se instalar no apartamento papal, da mesma forma que os pontífices anteriores, Francisco trará de sua casa - no seu caso, em Buenos Aires - os móveis e utensílios que considerar necessários, assim como livros e outros itens.

Bergoglio não voltará pessoalmente para pegar seus móveis e utensílios. Quando retornar à Argentina, o fará como chefe da Igreja Católica.

A missa solene de início de pontificado será realizada em 19 de março, e para a mesma são esperadas delegações oficiais de vários países e dezenas de milhares de fiéis.

EFE   
Compartilhar
Publicidade