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Papa Francisco

Os papas e os nomes: conheça a história das alcunhas pontificais

11 mar 2013 - 11h40
(atualizado em 14/3/2013 às 10h58)
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A Cidade do Vaticano no dia 11 de março, véspera do início do Conclave que elege o sucessor de Bento XVI
A Cidade do Vaticano no dia 11 de março, véspera do início do Conclave que elege o sucessor de Bento XVI
Foto: Getty Images

Além das atenções voltadas sobre quem será eleito o novo pontífice, os olhares estão postos também em qual nome adotará o sucessor de Bento XVI. Embora isso só signifique uma preferência, muitos garantem que essa escolha já é uma indicação de como será o pontificado.

O alemão Joseph Ratzinger optou pelo nome Bento XVI em homenagem a Bento XV, "um valente e autêntico profeta da paz perante o drama da primeira mundial", segundo confessou em 27 de abril de 2005, uma semana após ser eleito sucessor de João Paulo II.

"Quis, ao ser eleito Bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja, chamar-me Bento XVI para me unir ideologicamente ao venerado pontífice Bento XV, que guiou a Igreja em um período difícil por causa do primeiro conflito mundial", disse. O agora papa emérito acrescentou que Bento XV "foi valente e autêntico profeta de paz e trabalhou com grande coragem para evitar o drama da guerra e depois para limitar suas nefastas consequências".

Albino Luciani, que só governou a Igreja durante 33 dias, escolheu se chamar João Paulo I em homenagem a seus antecessores João XXIII e Paulo VI, a quem admirava. Karol Wojtyla adotou os dois nomes - a segunda vez que um papa adotava um nome duplo - em homenagem a João Paulo I, a João XXIII e a Paulo VI.

O novo papa escolheu se chamar Francisco, alcunha que homenageia São Francisco de Assis - o santo dos pobres - e nunca tinha sido usada. O Vaticano esclareceu que o nome do Papa recém-eleito, cardeal Jorge Mario Bergoglio, deve ser escrito sem o número romano ao final - portanto, papa Francisco apenas, e não papa Francisco I."Será Francisco I apenas depois que tivermos um Francisco II", explicou o porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi.

O nome do 266º sucessor de Pedro se tornou público quando o cardeal Giovanni Battista Re - visto que o decano, Angelo Sodano, não pode entrar na Capela Sistina por ter mais de 80 anos -, em nome de todos os eleitores, lhe perguntou se aceita a função e, ao receber a resposta afirmativa, indagou: "Quo nomine vis vocari?" ("Com qual nome quer ser chamado?"). O novo pontífice respondeu "vocabor..." (Me chamarei...). Depois, o cardeal protodiácono, nesta ocasião o francês Jean-Louis Tauran, anunciou à cidade de Roma e ao mundo quem é o novo papa e qual nome adotou.

Papa João I, Sumo Pontífice de 523 a 526, em imagem de aproximadamente 520
Papa João I, Sumo Pontífice de 523 a 526, em imagem de aproximadamente 520
Foto: Hullton Archive / Getty Images

Mudanças na liturgia dos nomes

Ao longo da história da Igreja, os papas nem sempre mudaram de nome. Até o ano 532, todos os sucessores de São Pedro usaram seus nomes de batismo, e assim nos encontramos com São Lino, São Anacleto, São Evaristo, São Alexandre, São Telesforo ou São Higino. Além do nome, se sabia de onde procediam (Lino de Tuscia, Anacleto romano, Evaristo o grego, Telesforo o grego, Higino o grego, entre outros).

Mas no dia 31 de dezembro do ano 532 foi eleito papa Mercúrio, o romano. Mercúrio era nome pagão, por isso o novo pontífice mudou de nome e se chamou João II, em homenagem a seu antecessor João I, um mártir de Tuscia (região ao norte de Roma) que reinou na Igreja de 13 de agosto de 523 a 18 de maio de 526.

João II foi papa até 8 de maio de 535 e, a partir desse momento, muitos de seus sucessores o imitaram e começaram a mudar o nome de batismo pelo de apóstolos, mártires ou outros papas. Até agora, o nome mais repetido foi João. O último que o usou foi o cardeal italiano Angelo Roncalli, que decidiu se chamar João XXIII (1958-1963).

Quando Roncalli, que foi beatificado por João Paulo II, escolheu o nome de João, os cardeais o lembraram que seria João XXIII, como um "anti-papa", ao que ele respondeu que não tinha medo de ser confundido com um usurpador da cátedra de São Pedro. "Me chamarei João, um nome doce e ao mesmo tempo solene", disse o chamado papa Bom, cujo curto pontificado foi muito prolífico. Escreveu oito encíclicas, entre as quais se destacaram "Mater et Magistra" e "Pacem in Terris", e convocou o importantíssimo Concílio Vaticano II.

À espera de saber o nome do futuro pontífice, muitos se aventuram a afirmar que se chamará Bento, Pio ou novamente João Paulo. O que sim parece claro é que não se chamará Pedro, já que nenhum de seus 265 sucessores se atreveu a reproduzir o nome do apóstolo. O peso é muito grande.

Angelo Giuseppe Roncalli, o Papa João XXIII, último pontífice a usar a alcunha pontifical mais repetida na história
Angelo Giuseppe Roncalli, o Papa João XXIII, último pontífice a usar a alcunha pontifical mais repetida na história
Foto: Central Press / Getty Images

EFE   
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