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Papa Francisco

João Paulo II, um Papa aberto ao diálogo e inflexível em temas morais

5 jul 2013 - 14h34
(atualizado às 14h45)
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O papa João Paulo II, beatificado no dia 1º de maio de 2011 e cuja canonização foi autorizada nesta sexta-feira pelo papa Francisco, marcou o fim do século XX ao ser um pontífice aberto ao diálogo e, ao mesmo tempo, inflexível em temas morais, que contribuiu para a queda do comunismo.

O futuro santo da Igreja católica manteve durante todo o seu longo pontificado posturas morais conservadoras que suscitaram críticas de muitos fiéis em algumas ocasiões.

O primeiro Papa eslavo - o 264º pontífice a ocupar o trono de Pedro - foi beatificado por seu sucessor, Bento XVI, e será canonizado por Francisco, o primeiro papa latino-americano, que nesta sexta-feira aprovou o segundo milagre atribuído a ele.

Eleito no dia 16 de outubro de 1978 como sucessor de João Paulo I, o Papa polonês faleceu em 2 de abril de 2005 após uma longa doença acompanhada de perto por todo o mundo.

Karol Wojtyla nasceu em Wadowice, perto da Cracóvia (Polônia), no dia 18 de maio de 1920 em uma família modesta.

Seu pai, Karol, aprendiz de alfaiate, assim como seu avô, foi convocado às armas em 1900 pelo exército de ocupação austríaco e chegou a oficial em 1915.

O jovem Karol, que precisou trabalhar em uma mina de sódio para ganhar a vida, manteve com perseverança os estudos até a universidade.

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha nazista ocupou seu país, liderou um grupo de teatro clandestino e terminou seus estudos de seminarista, ordenando-se como sacerdote em 1946.

Depois de ter sido professor de Teologia, em 1964 foi nomeado bispo da Cracóvia e, como tal, participou do Concílio Vaticano II. Em 1967 foi alçado a cardeal.

Seu pontificado entrou para a história pelas viagens apostólicas realizadas no mundo inteiro - 104 fora da Itália, visitando 129 países - e por ter renovado a Igreja Católica após a crise pós-conciliar provocada pelas reformas iniciadas com o Vaticano II e consideradas muito radicais por alguns.

Ele logo estabeleceu um estilo que contrastava com os habituais da Cúria Romana e se aproximou do povo, sem temer o contato direto com os fiéis.

No dia 13 de maio de 1981 esteve à beira da morte, quando o turco Ali Agca o feriu com três tiros no abdômen em plena Praça de São Pedro, no Vaticano.

Ao longo de seu pontificado - um dos mais extensos da história da Igreja, com 27 anos de duração -, se pronunciou pela paz e pelo entendimento internacional, pela defesa dos direitos humanos, pela promoção de uma grande Europa do Atlântico aos Montes Urais e pela solidariedade entre o Norte e o Sul.

Em seus muitos discursos e ensaios também propiciou a reconciliação com os judeus e o diálogo com os muçulmanos e com outras confissões.

Além disso, pediu perdão pelos erros e horrores cometidos pelos católicos no decorrer dos séculos, ao mesmo tempo em que adotou uma linha muito conservadora em temas relacionados ao controle da natalidade, ao aborto e ao divórcio.

Para alguns setores da opinião pública, a principal sombra de sua obra é relativa a sua firme rejeição aos métodos contraceptivos em um mundo onde a Aids mata milhares de pessoas. Essas posturas não foram aceitas pelos próprios fiéis.

Atualmente, há os que criticam sua falta de determinação e transparência para tratar as denúncias de abusos de pedofilia por parte de religiosos.

Alguns não o perdoam por não ter empregado contra os padres condenados por pedofilia, entre eles o fundador dos Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel, a mesma intransigência com que tratou os setores mais progressistas da Igreja, como os representantes da Teologia da Libertação latino-americana, afastados da Igreja sem hesitação.

Para contrabalançar os questionamentos de alguns teólogos, João Paulo II se apoiou em grupos ultraconservadores, que deram à Igreja uma imagem reacionária, como o Opus Dei e o movimento Neocatecumenal.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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