Deus já escolheu o novo papa, como disse o cardeal nigeriano John Olorunfemi Onaiyekan. E, a seus colegas do Conclave, só resta descobrir quem ele é. Teoricamente, isso pode demorar poucas horas ou a eternidade, mas não deve passar do fim de semana – os religiosos, todos idosos, não escondem os sinais de cansaço. Até que se chegue a uma decisão, uns rezam, alguns investigam, muitos especulam e outros apostam.
A eleição mais imprevisível do mundo começa nesta terça-feira e mobiliza apostadores. E, de acordo com eles, o favorito é Angelo Scola. No site Oddschecker, que faz uma média entre as principais casas de apostas do mundo, o cardeal italiano, 71 anos, aparece em primeiro lugar, seguido pelo ganense Peter Turkson e pelo gaúcho Odilo Scherer.
A casa irlandesa Paddy Power, por exemplo, paga 2 euros para cada euro apostado em Scola. Apostas em Turkson, que seria o primeiro papa negro da história, pagam quatro para um, e em Scherer, cinco para um. Eles são seguidos na lista pelo italiano Tarcisio Bertone (também cinco para um) e pelo canadense Marc Ouellet (12 para um).
Já a londrina William Hill, uma das casas mais prestigiadas do mundo, também coloca Scola (nove para quatro) como favorito, seguido de Turkson (sete para dois). Mas, em terceiro lugar, põe Bertone (quatro para um) e, em quarto, Scherer (cinco para um).
É possível apostar também na nacionalidade, na idade e até no nome que o próximo Papa usará. E, levando em conta as apostas na Paddy Power, o novo pontífice sairá da Itália, terá menos de 65 anos e vai se chamar provavelmente Leão XIV.
Vaticanistas veem norte-americanoà frente
Prova da imprevisibilidade do conclave é que os números diferem do que pensam, por exemplo, os especialistas. Uma sondagem feita no fim de semana pelo jornal italiano Corriere della Sera entre vaticanistas apontou como favorito o americano Sean O'Malley, arcebispo de Boston. O cardeal de 68 anos é apenas 11º na média das apostas.
Para ser eleito papa, um cardeal precisa ter o voto de uma maioria de dois terços dos 115 participantes do Conclave. Nesta terça-feira, é esperada uma votação. Se não houver consenso, a partir de quarta-feira poderão ser realizadas até quatro rodadas de votações.
No fim de semana, Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, sugeriu que o Conclave não deve ser longo e que a disputa está, de fato, entre poucos cardeais. "Eu posso garantir que, entre os 115 votantes, não há muitos que têm de se preocupar com que nome escolherão", afirmou.
Em 2005 os cardeais precisaram de menos de 24 horas para definir o alemão Joseph Ratzinger como novo papa. A eleição de seu antecessor, no entanto, foi mais longa. Em 1978, João Paulo II só foi escolhido Pontífice após três dias e mais de oito rodadas de votação.
O Vaticano sugeriu que espera que o nome do novo papa seja definido até a Páscoa, 31 de março, e muitos cardeais já manifestaram a vontade de estar em seus países para o Domingo de Ramos, 24 de março.
Entre os papáveis europeus, o cardeal italiano Angelo Scola, 71 anos, é visto como o preferido do papa Bento XVI. O sinal teria sido dado em 2011, quando Joseph Ratzinger promoveu Scola para o comando da diocese de Milão, uma das mais influentes da igreja católica o cargo já alçou a papa dois arcebispos no século XX, Paulo VI e Pio XI.
Foto: Reuters
Odilo Pedro Scherer, 63 anos, indicou que, para a imprensa estrangeira, ele está entre os mais cotados para suceder o papa Bento XVI. Dom Odilo nasceu em uma família de 13 filhos, de pais descendentes de alemães radicados no interior do Rio Grande do Sul.
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O cardeal nigeriano Francis Arinze, 80 anos, é prefeito regional emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Também visto como um conservador em assuntos como a homossexualidade, Arinze já entrou nas apostas dos "papáveis" no Conclave de 2005, quando Bento XVI foi escolhido como papa. O clérigo nigeriano, que se converteu ao catolicismo aos nove anos, se formou doutor em Teologia em Roma, foi ordenado sacerdote em 1958 e bispo em 1965, sendo que, em 1985, João Paulo II lhe designou como cardeal.
Foto: AFP
Jorge Bergoglio, cardeal da Argentina, tem 77 anos. Sua idade, um pouco mais velho que seus adversários, pesa contra no momento em que a Igreja busca por um papa mais jovem. Bergoglio tem origem jesuíta e ficou conhecido por haver sido responsável na América Latina pela redação do documento sobre o segredo de Aparecida.
Foto: AFP
O cardeal Tarcisio Pietro Bertone, secretário de Estado do Vaticano, é o atual camerlengo, como se denomina o administrador de bens e direitos temporários da Santa Sé até a escolha do sucessor de Bento XVI. Bertone nasceu na cidade turinesa de Romano Canavese, em 2 de dezembro de 1934. Membro da Sociedade de São Francisco de Sales São João Bosco (salesianos), estudou no Oratório di Valdocco e no noviciado salesiano de Monte Oliveto, em Pinerolo (Itália).
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João Braz de Aviz, atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, mora em Roma, e será um dos cinco cardeais brasileiros que vão participar do Conclave que elegerá o sucessor do papa Bento XVI.
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O cardeal Timothy Dolan, 63 anos, arcebispo de Nova York, está na lista dos mais cotados. Entre os 117 cardeais que votam no Conclave, Dolan se destaca pelo bom humor: está sempre sorrindo e não perde a oportunidade de fazer piadas. Caso seja eleito, sua personalidade pode ajudar a Igreja Católica a reconstruir uma imagem danificada por escândalos sexuais e divisões internas.
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Aos 61 anos, o arcebispo de Budapeste, Peter Ergö, 60 anos, é um dos mais jovens cardeais do Vaticano, mas isso não o impede de defender um catolicismo mais conservador. Como presidente da Conferência Episcopal da Europa, Erdö prega que, apesar das pressões, a Igreja revitalize e dissemine os seus dogmas tradicionais.
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O cardeal dom Cláudio Hummes, de 78 anos, é um dos brasileiros com maior trânsito na burocracia vaticana. Ex-arcebispo de São Paulo, foi prefeito para a Congregação para o Clero (espécie de ministro papal) até 2011. Desde então, é membro da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Foto: AFP
John Onaiyekan, cardeal da Nigéria, foi ordenado em 3 de agosto de 1969. Professor de Sagrada Escritura e francês no Colégio São Kizito, Isanlu em 1969, reitor do Seminário Menor São Clemente de Lokoja, em 1971, e estudou em Roma a partir desse ano.
Foto: AFP
O cardeal canadense Marc Ouellet já chegou a afirmar que virar Papa "seria um pesadelo", mas este defensor ferrenho da ortodoxia, que viveu muitos anos na Colômbia e comanda a Pontifícia Comissão para a América Latina, é considerado um dos favoritos para suceder Bento XVI. Ouellet, um teólogo de prestígio, de 68 anos, provocou fortes polêmicas em Quebec, a província francófona do Canadá, ao defender nos anos 2000 as posições do Vaticano contra o casamento gay e contra o aborto, inclusive nos casos de estupro, e criticar a "decadência" de uma sociedade na qual duas em cada três crianças nascem fora do matrimônio.
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Oscar Andres Rodriguez, cardeal-arcebispo de Tegucigalpa desde 8 de janeiro de 1993, recebeu a ordenação presbiteral no dia 28 de junho de 1970, pelas mãos de Dom Girolamo Prigione. Foi ordenado bispo no dia 8 de dezembro de 1978 e se tornou cardeal no consistório de 21 de fevereiro de 2001, presidido por João Paulo II, recebendo o título de Cardeal-presbítero de Santa Maria da Esperança. Apoiou o Golpe de Estado em Honduras em 28 de junho de 2009. Desde 2007 é Presidente da Cáritas Internacional, sendo reeleito em maio de 2011 para o período que se concluirá em 2015.
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O cardeal-arcebispo austríaco Christoph Schönborn, ao contrário, tem uma idade considerada ideal: 67 anos, que lhe conferem ao mesmo tempo experiência e longos anos de pontificado pela frente. A dedicação profunda aos estudos também o aproxima do atual papa, chamado de "pai intelectual" do austríaco.
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O cardeal filipino Luis Antonio Tagle, de 55 anos, o mais jovem dos cardeais cotados para suceder Bento XVI, é considerado um progressista por sua pregação por uma Igreja humilde, em um país de grande fervor religioso e de muita pobreza. Especialista do Concílio Vaticano II e teólogo brilhante formado nas Filipinas e nos Estados Unidos, Luis Antonio "Chito" Tagle tem trinta anos a menos que Bento XVI, o Papa que renunciou aos 85 anos por falta de forças.
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Peter Kodwao Appiah Turkson, cardeal de Gana, talvez o mais preparado dos papáveis africanos, foi designado arcebispo de Cape Coast em 1992 pelo papa João Paulo II, quem lhe ordenou cardeal em 2003. Turkson é um especialista na Bíblia, já que estudou as Sagradas Escrituras no Instituto Pontifício Bíblico de Roma, onde se formou em 1980 e se tornou doutor nessa mesma matéria em 1992.
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O cardeal americano Sean O'Malley, com muita fama na internet, cumpriu uma importante tarefa há dez anos ao limpar a diocese de Boston, atingida por um escândalo de padres pedófilos. Conhecido por sua simplicidade, de acordo com a pregada por sua ordem - do padre Pierre da França -, este erudito de 68 anos e língua hispânica, de óculos e barba branca, retomou em 2003 a diocese onde eclodiu o primeiro escândalo com impacto internacional sobre abusos sexuais na Igreja Católica.
Foto: AFP
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