A Igreja Católica Apostólica Romana inicia uma nova etapa no dia 28 deste mês, quando o papa Bento XVI, 85 anos, renuncia ao pontificado. Segundo o professor de direito canônico Paulo Bosco, da Universidade Católica de Brasília (UCB), há uma necessidade latente de renovação na Igreja, mas ocorre em meio a uma série de expectativas sobre o sucessor de Bento XVI. Segundo o professor, o próximo papa deve ser, sobretudo, um "agregador".
"É uma nova etapa da Igreja que se inicia sob o ponto de vista da esperança, pois há uma necessidade de renovação", disse Bosco à Agência Brasil. "O papa é o sucessor de São Pedro, aquele que deve saber lidar com a diversidade e ser agregador. Deve ter também o poder de congregar", ressaltou.
O processo de escolha do novo papa começa imediatamente após a renúncia. O padre jesuíta Luís Corrêa Lima, professor da Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), explicou que essa fase inicial é chamada de período de conversas prévias. Pela legislação que rege a eleição, há um prazo de 15 dias para esperar pelos ausentes até que comece o conclave, o que deve ocorrer de 15 a 20 de março.
O conclave - expressão que vem do latim e significa "com chave" - reúne os cardeais que têm menos de 80 anos. No total, são 209 cardeais, mas apenas 117 votarão no conclave. O processo de escolha começa com um juramento de segredo absoluto sobre todos os procedimentos. Dos eleitores, 50 foram nomeados por João Paulo II e 67 por Bento XVI.
No conclave, estarão representados os cinco continentes: Europa, com 61 cardeais; América Latina, com 19; América do Norte, com 14; África, com 11; Ásia, com 11; e Oceania, com um. Os países que têm mais cardeais eleitores são a Itália, com 28, os Estados Unidos, com 11, a Alemanha, com seis, o Brasil, a Espanha e a Índia, com cinco cada um.
Corrêa Lima lembra que, durante o conclave, os cardeais ficam isolados e que a votação ocorre também de maneira sigilosa. No momento de votar - em um pequeno pedaço de papel retangular no qual está a frase Eligo in Summum Pontificem (Elejo como Sumo Pontífice) -, o cardeal deve escrever na parte inferior, procurando disfarçar a letra, o nome do seu candidato.
A cédula de votação é dobrada duas vezes e levada para o altar. Todo o processo segue um rito. A cédula é depositada no altar no qual está uma urna em que cada cardeal pronunciará: "invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito".
Se não houver consenso, haverá votações de manhã e à tarde. Caso não haja acordo depois de três dias, estabelece-se prazo de 24 horas de interrupção para oração. O período de um dia é chamado de reflexão espiritual. Em seguida, são retomadas as votações. Sem êxito, após um período máximo de nove dias, os cardeais eleitores serão convidados a dar sua opinião sobre o modo de proceder em busca de consenso.
Na juventude, Joseph Ratzinger serviu como assistente de forças militares alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Nesta foto, de 1943, ele tinha 16 anos
Foto: AFP
Em 1952, durante missa na Alemanha
Foto: AP
Nesta foto, de 1959, Joseph Ratzinger posa ao lado de um piano em um escritório. Na época, Ratzinger, com 32 anos, era professor de teologia dogmática em Freising, na Bavária
Foto: AFP
Nos anos 1970, antes de se tornar cardeal
Foto: AP
Em maio de 1977, Joseph Ratzinger foi ordenado arcebispo de Munique e Freising pelo bispo de Berlim, o cardeal Alfred Bengsh. Foi um dos passos que o levariam ao papado em 19 de abril de 2005
Foto: AFP
Então cardeal, Joseph Ratzinger participa de missa ao lado da Madre Teresa no 85º dia dos católicos alemães, em Freiburg. O evento ocorreu de 13 a 19 de setembro de 1978
Foto: AP
Nesta foto de 1979, Joseph Ratzinger posa ao lado do papa João Paulo II. Em 1981, Ratzinger passou a cumular cargos na Igreja Católica Romana. Foi nomeado líder da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Comissão Bìblica Pontífica e da Comissão Teológica Internacional
Foto: AP
Em 1994, ratzinger já gozava de fama entre católicos. Nesta imagem, feita em junho, ele autografa uma publicação no aniversário de 1240 anos da cidade alemã de Fulda
Foto: AFP
Em 2005, Ratzinger foi fotografado cumprimentando o papa João Paulo II, que morreria no mesm oano
Foto: Osservatore Romano / EFE
Em 18 de outubro de 2003, Ratzinger acompanhava o papa João Paulo II no aniversário de 25 anos da eleição de João Paulo. Cardeais do mundo inteiro compareceram ao evento no Vaticano
Foto: AFP
Em 8 de abril de 2005 o cardeal Ratzinger (centro) passa em frente ao caixão de João Paulo II na praça São Pedro, no Vaticano. Ratzinger já era um dos líderes mais importantes do catolicismo
Foto: Filippo Monteforte / AFP
Dias depois de abençoar o caixão de João Paulo II, Ratzinger acena para a multidão pela janela da Basílica de São Pedro, agora como o Papa eleito, no dia 19 de abril de 2005
Foto: Patrick Hertzog / AFP
Em 24 de junho de 2005, um dos primeiros atos políticos do Papa Bento XVI, que visitou o presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi. Na foto, ele acena para o público ao passar pela guarda Corazzieri (guarda montada presidencial italiana), na frente do palácio presidencial de Quirinale
Foto: Giulio Napolitano / AFP
Papa Bento XVI acena para peregrinos de um barco cruzando o rio Rhine em Colônia, sua terra natal, em 18 agosto de 2005. Essa foi a primeira visita de Joseph Ratzinger como o Papa ao local emque nasceu. Mais de 400 mil jovens católicos de cerca de 200 países compareceram ao encontro
Foto: Patrick Hertzog / AFP
No Brasil, em 11 de maio de 2007, o Bento XVI compareceu à missa pela canonização do Frei Galvão no Campo de Marte, em São Paulo. Quase um milhão de pessoas compareceram à cerimônia que canonizou o primeiro santo nascido no Brasil
Foto: Arturo Mari/Osservatore Romano / AFP
Na véspera de completar 82 anos, o Papa acena para peregrinos na praça São Pedro no dia 15 de abril de 2009, ao lado do seu secretário, o bispo George Gaenswein
Foto: Alberto Pizzoli / AFP
Na sua segunda passagem pela África, Bento XVI abençoa uma criança no seminário de São Gall, em Ouidah. A foto foi feita em 19 de novembro de 2011
Foto: Vincenzo Pinto / AFP
Ao final do Angelus de 2012, no dia 29 de janeiro, Bento XVI olha para a pomba que soltou de uma janela no Vaticano. A imagem foi capturada pelo setor de imprensa do Pontífice
Foto: Osservatore Romano / AFP
Na sua última aparição pública antes do anúncio da renúncia, no domingo, 10 de fevereiro de 2013, o Papa Bento XVI conduziu a oração do Angelus
Foto: Gregorio Borgia / AP
Papa Bento XVI é cumprimentado pelo cardeal Angelo Sodano, decano do colégio de cardiais da Igreja Católica, logo após o anúncio da renúncia neste dia 11 de fevereiro
Foto: Osservatore Romano / AP
Dois dias após o surpreendente anúncio, o Papa rezou a tradicional missa de Quarta-feira de Cinzas
Foto: Stefano Rellandini / Reuters
Mesmo após anunciar a saída do Trono de Pedro, Bento XVI seguiu com a agenda normal. No domingo, 23 de fevereiro, o Papa recebeu o presidente italiano, Giorgio Napolitano, em uma audiência no Vaticano.
Foto: AP
Na quarta-feira, 27 de fevereiro, um dia antes de renunciar, Bento XVI participou de sua última audiência pública como Sumo Pontífice
Foto: AFP
Bento XVI abençoa bebê durante desfile de papamóvel ao chegar à Praça São Pedro
Foto: Reuters
Cerca de 150 mil pessoas ocuparam a Praça São Pedro para acompanhar a cerimônia de despedida do Papa
Foto: AFP
Em seu pronunciamento, Bento XVI afirmou que, apesar de deixar suas atividades oficiais, seguirá acompanhando o caminho da Igreja. "Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e inovação, mas com uma profunda serenidade de espírito", disse
Foto: AFP
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