PUBLICIDADE

Mundo

Reino Unido volta a descartar negociação sobre Malvinas

8 fev 2012 - 19h42
(atualizado às 20h04)
Compartilhar

O Reino Unido manteve nesta quarta-feira sua rejeição a negociações referentes à soberania das ilhas Malvinas e negou que pretenda militarizar o Atlântico Sul, em resposta à ameaça da Argentina de levar a disputa ao Conselho de Segurança da ONU. O tom da disputa entre os dois países subiu diante da proximidade do 30º aniversário da Guerra das Malvinas. Enquanto a Argentina acusa o Reino Unido de reforçar a presença militar no Atlântico Sul, Londres alega que Buenos Aires busca isolar o arquipélago mediante a internacionalização do conflito.

O ex-piloto argentino Mariano Velasco (à dir.) recebeu o ex-artilheiro antiaéreo britânico Neil Wilkinson em sua casa, na província de Córdoba, na Argentina, para um churrasco. Wilkinson, que achava que tinha abatido o avião que Velasco pilotava na Guerra das Malvinas, procurou o argentino após vê-lo falar sobre sua atuação na guerra em um programa de televisão
O ex-piloto argentino Mariano Velasco (à dir.) recebeu o ex-artilheiro antiaéreo britânico Neil Wilkinson em sua casa, na província de Córdoba, na Argentina, para um churrasco. Wilkinson, que achava que tinha abatido o avião que Velasco pilotava na Guerra das Malvinas, procurou o argentino após vê-lo falar sobre sua atuação na guerra em um programa de televisão
Foto: BBC Brasil

O anúncio de terça-feira da presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, que apresentará um protesto formal na ONU devido ao iminente envio de um destróier britânico e à presença do príncipe William nas Malvinas, não conseguiu fazer com que Londres se apartasse da postura que mantém há anos. Londres reiterou que o Reino Unido não está militarizando o Atlântico Sul, pois considera o envio do destróier como uma operação "de rotina", que já estava programada.

"Os habitantes das Malvinas são britânicos por escolha. São livres para decidir sobre seu futuro e não haverá negociações com a Argentina sobre a soberania, a menos que os ilhéus desejem", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico, referindo-se aos cerca de 3 mil habitantes do arquipélago. Na semana passada, Londres anunciara o envio de um moderno navio de guerra ao Atlântico Sul, o destróier HMS Dauntless, equipado com mísseis antiaéreos, dois dias antes da chegada do príncipe William - segundo na linha de sucessão da Coroa britânica - para trabalhos militares de seis semanas no arquipélago.

A decisão do Mercosul de bloquear o atraque de navios com bandeiras das Malvinas nos portos dos países-membros do bloco irritou o governo britânico, que, além disso, teme que as pressões argentinas levem à suspensão do único voo regular que liga o arquipélago à parte continental da América do Sul - operado pela companhia aérea chilena LAN. Cristina Kirchner anunciou na terça-feira que a Argentina denunciará o Reino Unido no Conselho de Segurança da ONU, embora Londres seja membro permanente do órgão, com poder de veto. Ela pediu ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que "dê uma oportunidade à paz, e não à guerra".

Cameron e Cristina trocaram acusações nas últimas semanas. O premiê britânico disse que a atitude argentina era "colonialista", enquanto as autoridades argentinas classificaram a postura do Reino Unido como "provocadora". "Estão militarizando o Atlântico Sul mais uma vez. Não podemos interpretar de outra maneira o envio de um destróier, imenso e moderníssimo, acompanhando o herdeiro real, quem teríamos gostado de ver com roupas de civil, e não com uniforme militar", disse nesta terça-feira a presidente argentina.

Uma porta-voz do Executivo britânico admitiu nesta quarta-feira, em sua entrevista coletiva diária, que a Argentina pode levar à ONU os assuntos que considerar adequados, mas lembrou que a Carta das Nações Unidas consagra "o direito à autodeterminação" dos povos, aludindo ao desejo dos habitantes das Malvinas de permanecerem sob soberania do Reino Unido. A porta-voz voltou a enfatizar que o governo britânico mantém seus frequentes "planos de contingência" em caso de uma agressão contra o arquipélago, cuja soberania o Reino Unido possui desde 1833. "Não estamos militarizando o Atlântico Sul, nossa posição militar continua sendo a mesma", insistiu. Cristina também acusou o Reino Unido de "depredar" o petróleo e os recursos pesqueiros das Malvinas, em cujas águas empresas britânicas realizam trabalhos de prospecção de hidrocarbonetos.

Argentina e Reino Unido travaram uma guerra pela soberania das Malvinas entre 2 de abril e 14 de junho de 1982, iniciada com a invasão de militares argentinas e concluída com a rendição de Buenos Aires. O conflito deixou cerca de 900 mortos, a maioria argentinos.

EFE   
Compartilhar
Publicidade