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Europa

Espanha: Rajoy descarta renúncia e convocação de eleições

1 ago 2013 - 09h43
(atualizado às 10h09)
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O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, admitiu nesta quinta-feira ter se equivocado ao confiar no ex-tesoureiro de seu partido acusado de corrupção, mas enfatizou que o escândalo não o impedirá de governar nem o fará deixar o cargo, apesar da exigência de renúncia da oposição.

"Equivoquei-me em manter a confiança em alguém que agora sabemos que não a merecia", afirmou o conservador Rajoy diante da Câmara de Deputados se referindo a Luis Bárcenas, gerente e tesoureiro do Partido Popular (PP) de 1990 a 2009. Bárcenas, investigado por ter 47 milhões de euros na Suíça, encontra-se em prisão preventiva desde o fim de junho por suposta fraude fiscal.

Em suas declarações perante a justiça, disse ter realizado durante anos uma contabilidade oculta no PP, com doações anônimas de empresários que teria utilizado para pagar salários não declarados a muitos dirigentes, entre eles Rajoy.

"No Partido Popular não foi feita nenhuma dupla contabilidade, e nenhum crime é ocultado", disse o chefe do governo em seu comparecimento destinado, segundo ele, a "oferecer os esclarecimentos necessários". "Foram pagos salários? Sim. Foram pagas remunerações complementares por razão do cargo? Sim", afirmou. Mas "se pagou por um trabalho e foi incluído na contabilidade", disse. "Declarar as receitas pagas à Fazenda já é uma responsabilidade individual", acrescentou.

Rajoy, sob crescente pressão desde que em janeiro seu nome foi envolvido neste escândalo, aceitou romper seu silêncio sobre Bárcenas comparecendo diante de uma Câmara Baixa onde dispõe de uma ampla maioria absoluta.

O ex-tesoureiro, convertido em um dos personagens mais midiáticos e controversos do país, manteve durante meses Rajoy à margem do escândalo, mas recentemente o envolveu em declarações feitas a partir da prisão ao jornal conservador El Mundo.

O jornal calculou que o agora chefe de governo recebeu no total 373,7 mil euros em bônus durante duas décadas, acusação que Rajoy já havia negado categoricamente em fevereiro.

A publicação desta informação e de uma série de mensagens SMS nas quais Rajoy expressava seu apoio ao ex-tesoureiro há até poucos meses levaram o Partido Socialista a pedir sua renúncia. Uma exigência a qual nesta quinta-feira se somaram boa parte dos partidos da oposição.

"Você está prejudicando a Espanha. Por isso peço que você vá embora. Peço um ato de solidariedade para um país que não pode sofrer por ter à frente um presidente como você", lançou o líder dos socialistas, Alfredo Pérez Rubalcaba.

"Você hoje não é confiável, não é garantia de estabilidade (...) Assuma sua responsabilidade, faça um favor à Espanha, renuncie e convoque eleições gerais", pediu o eco-comunista Cayo Lara.

"Este país não merece ter um corrupto como presidente do governo. O único caminho digno é renunciar", acrescentou um deputado catalão, Joan Coscubiela.

Rajoy, no entanto, deixou claro que este escândalo não o fará deixar o cargo, assumido por ele em 2011. "Alguns dirigentes pediram minha renúncia. Responderei a eles de forma clara e direta: não", afirmou. "Nem vou renunciar, nem vou convocar eleições legislativas, que fique muito claro", insistiu.

A Espanha, quarta economia da Eurozona, encontra-se afundada na recessão há dois anos e enfrenta um desemprego galopante, de mais do dobro da média do bloco monetário, embora nos últimos meses os indicadores tenham dado sinais de melhora: a contração do PIB passou de 0,5% no primeiro trimestre a 0,1% no segundo e o desemprego caiu de 27,16% para 26,26%.

<a href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/eleicoes-europa/index.htm">veja o infogr&aacute;fico</a>

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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