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Europa

"Eu não gostaria de comandar o Titanic", disse capitão em 2010

17 jan 2012 - 10h34
(atualizado às 10h55)
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Francesco Schettino, o comandante do Costa Concordia, que naufragou na sexta-feira, declarou em 2010 ao jornal tcheco Dnes que não gostaria de ter estado no lugar do comandante do Titanic e elogiou os esforços do colega em prol da segurança dos passageiros.

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"Eu não gostaria de estar no lugar do capitão do Titanic, ter que navegar num oceano de icebergs", declarou Schettino nesta entrevista de dezembro de 2010, reproduzida na segunda-feira pelo jornal tcheco em seu site.

"Mas acho que, graças à preparação, você pode lidar com qualquer situação e lidar com problemas em potencial", acrescentou o capitão na entrevista que deu a um jornalista que se encontrava em um cruzeiro com ele. "A segurança dos passageiros é fundamental", enfatizou na ocasião.

Um telefonema gravado entre a capitania dos portos e o comandante do "Costa Concordia", que naufragou na noite de sexta-feira passada no litoral italiano, revela que Schettino se negou a voltar ao navio para liderar a evacuação dos passageiros, informou a imprensa italiana nesta terça-feira.

Exatamente à 1h46 (22h46 no horário de Brasília), quando centenas de pessoas ainda permaneciam no navio, um oficial da capitania ordenou ao capitão Schettino que voltasse ao "Costa Corcordia": "Agora vá até a proa, suba pela escada de socorro e coordene a evacuação. Você precisa nos dizer quanta gente ainda está lá, se há crianças, mulheres, passageiros, o número exato de cada categoria".

"O que você está fazendo? Abandonou o socorro?" - pergunta o oficial. "Capitão, é uma ordem, eu estou no comando agora e você, que declarou abandono do navio, precisa ir até a proa, voltar a bordo e coordenar" a evacuação.

O oficial da capitania pergunta se "há mortos" e Schettino responde: "quantos?". O oficial se irrita e emenda: "É você que deve me dizer se há mortos. O que está fazendo? Quer ir para casa?".

"Agora você volta lá e nos diz o que podemos fazer, quantas pessoas estão lá, quais são suas necessidades" - ordena o oficial da capitania. Segundo testemunhas, o capitão Schettino já estava em terra antes da meia-noite, provavelmente por volta das 23h40.

Naufrágio do Costa Concordia
O cruzeiro Costa Concordia naufragou na última sexta-feira, dia 13 de janeiro, após colidir em uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa italiana da Toscana. Mais de 4,2 mil pessoas estavam a bordo. Até a manhã de segunda-feira, dia 16, seis mortes haviam sido confirmadas. Outras 16 pessoas seguiam desaparecidas: dez turistas e seis tripulantes. O Itamaraty informou que 57 brasileiros estavam a bordo do navio, mas não há indícios de que eles estejam entre as pessoas que ainda não foram encontradas.

Segundo as primeiras informações sobre as causas do acidente, o navio, que tem 290 metros de comprimento e 114,5 mil toneladas, margeava a ilha de Giglio quando bateu em uma rocha e começou a adernar. Houve pânico entre os passageiros, que reclamaram de despreparo da tripulação e luta por coletes salva-vidas. O comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, foi acusado de ter abandonado o navio. Ele nega, mas a empresa responsável pela embarcação se posicionou confirmando a negligência do capitão.

Veja no mapa o local onde aconteceu o acidente:

Francesco Schettino, 52 anos, era o comandante do navio Costa Concordia no momento do acidente
Francesco Schettino, 52 anos, era o comandante do navio Costa Concordia no momento do acidente
Foto: AP
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