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Europa

Quase 50 mortos em operação contra sequestradores na Argélia

17 jan 2013 - 13h19
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Trinta e quatro reféns e quinze de seus sequestradores extremistas foram mortos nesta quinta-feira pelo exército argelino em um campo de exploração de gás, onde um grupo ligado à Al-Qaeda mantém como reféns centenas de pessoas para exigir o fim da intervenção francesa no Mali.

Na operação, quatro reféns estrangeiros, dois britânicos, um queniano e um francês, foram libertados, informou a Agência Nacional APS.

Além disso, sete outros reféns ocidentais continuam vivos. "Três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico" sobreviveram ao ataque dos aviões argelinos contra o local de detenção", anunciou um porta-voz do grupo extremista, citado pela agência de notícias mauritana Nouakchott Information (ANI).

Segundo este porta-voz, que afirmou à ANI estar presente no campo de gás, 34 reféns e 15 sequestradores foram mortos.

Os sequestradores tentavam transportar uma parte dos reféns para um local mais seguro em veículos quando o exército argelino bombardeou, "matando reféns e sequestradores ao mesmo tempo", afirmou a fonte.

Diante da situação confusa, que evolui de hora em hora no local do sequestro, o presidente francês François Hollande afirmou confiar plenamente nas autoridades argelinas para solucionar a crise.

Mais de 24 horas após o início do sequestro, o número exato e a nacionalidade dos reféns continuam sem confirmação precisa: mais de quarenta ocidentais, incluindo sete americanos, dois britânicos, japoneses, um irlandês, um norueguês, e ao menos 150 argelinos (a maioria funcionários de uma companhia francesa de logística).

Um ou mais franceses também foram feitos prisioneiros, segundo o presidente Hollande, que não quis dar outras informações. Também pode haver malinenses e filipinos entre os sequestrados.

Cerca de 30 argelinos conseguiram escapar do complexo, anunciou nesta quinta-feira a prefeitura de Illizi. Outros argelinos foram libertados na quarta em pequenos grupos, sem que o número tenha sido precisado.

Quinze estrangeiros, incluindo um casal de franceses, também conseguiram escapar, segundo o canal argelino Ennahar, mas a informação não foi confirmada oficialmente pelas autoridades argelinas.

O campo de In Amenas, explorado pelo grupo britânico BP, o norueguês Statoil e o argelino Sonatrach está localizado 1.300 km a sudeste de Alger, perto da fronteira com a Líbia.

Argel excluiu qualquer negociação com os sequestradores, que asseguraram reagir "à cruzada realizada pelas forças francesas no Mali" e exigiram "o fim desta agressão". Um britânico e um argelino foram mortos na quarta-feira no ataque extremista contra o campo.

Os sequestradores se apresentam como os "Signatários pelo sangue", nome da katiba (unidade combatente) do argelino Mokhtar Belmokhtar, conhecido como "Senhor Malboro" por seu suposto tráfico de cigarros, recentemente destituído pela Al-Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi).

Os extremistas afirmaram vir do Mali, a mais de 1.200 km de distância, mas o ministro argelino do Interior negou esta informação, afirmando que eles vieram da região e pareciam querer "sair do país com os reféns, o que não é aceitável".

Segundo um funcionário do campo de gás, que pediu anonimato e diz ter ouvido uma conversa entre os argelinos e os sequestradores, os extremistas "exigem a libertação de 100 terroristas presos na Argélia para libertar seus reféns".

Uma operação de sequestro tão complexa como esta provavelmente foi planejada com muita antecedência, e muito antes da intervenção francesa no Mali, apesar dos argumentos utilizados pelos islamitas, segundo os especialistas.

No Mali, Paris anunciou que irá reforçar suas tropas com 1.400 militares e helicópteros de combate. Novos confrontos durante a noite entre militares franceses e islamitas armados foram registrados perto de Konna (centro). A invasão da cidade em 10 de janeiro pelos jihadistas provocou os primeiros ataques aéreos franceses, um prelúdio da movimentação no terreno.

Um combatente islamita confirmou à AFP que os combates pelo controle de Konna não terminaram. A região não é acessível a observadores independentes.

Além disso, vários bairros de Diabali (oeste), onde foram travados combates entre membros das forças especiais francesas e islamitas, continuam nas mãos dos extremistas, segundo uma fonte da segurança do Mali.

Diabali, 400 km ao norte de Bamako, foi tomada na segunda-feira pelos islamitas, que seriam liderados pelo argelino Abu Zeid, um dos líderes da Aqmi.

A localidade foi bombardeada pela aviação francesa, mas os islamitas não abandonam o local e, segundo várias testemunhas, eles tentam se esconder e usar a população como escudo.

"Desde o ataque francês, nós sabemos que eles rasparam suas barbas, eles se disfarçam e tentam se esconder entre a população", afirmou o capitão malinense Cheickné Konaté.

Em Bamako, a chegada de um primeiro contingente nigeriano da força de intervenção da África Ocidental no Ali era esperada nesta quinta-feira. Cerca de 2.000 soldados da Misma devem chegar na capital até 26 de janeiro, segundo as conclusões de uma reunião na quarta-feira entre os chefes de Estado-Maior da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental(Cedeao).

Um primeiro contingente de 200 homens das forças especiais do Chade, dos 2.000 homens prometidos por N'Djamena, chegaram quarta-feira à noite em Niamey, onde devem se reunir com militares de Burkina Faso e da Nigéria.

Em Bruxelas, os ministros europeus das Relações Exteriores aprovaram uma missão da União Europeia para formar e reorganizar o Exército do Mali, que tem como objetivo enviar 450 militares europeus, entre eles 200 instrutores, a partir de meados de fevereiro.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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