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Europa

Protestos antigovernamentais causam 2ª morte e seguem intensos na Turquia

4 jun 2013 - 04h55
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Um jovem de 22 anos se transformou na segunda vítima dos maciços protestos antigovernamentais que se estendem pela Turquia pelo quinto dia consecutivo, anunciaram nesta terça-feira fontes oficiais.

A vítima recebeu um tiro na cabeça, por uma pessoa não identificada, durante um protesto iniciada nas últimas horas de ontem na província de Hatay, informou hoje o site do escritório do governador da região.

O jornal local "BirGün", por sua vez, informou que a vítima, identificada como Abdullah Comert, era militante do Partido Republicano do Povo (CHP), o principal de oposição, e que o disparo saiu de um blindado policial.

Em sua última mensagem no Facebook, o jovem contava que tinha dormido apenas cinco horas nos últimos três dias e que estava disposto a morrer para salvar seu país.

A outra vítima registrada durante as manifestações ocorreu na madrugada da última segunda-feira, quando foi atropelado por um veículo particular em Istambul.

Além disso, outro manifestante, que teria recebido um tiro na cabeça, se encontra em estado grave, enquanto uma mulher, que recebeu o impacto de uma bomba de gás na cabeça, segue em coma profundo.

Embora os violentos confrontos entre policiais e manifestantes só tenham deixado 160 agentes e 60 civis feridos, segundo as autoridades, o Colégio de Médicos situou o número de feridos em 2,5 mil somente em Istambul e Ancara, os dois epicentros dos protestos que se estendem por outras regiões do país.

Os confrontos, que começaram na última sexta-feira em Istambul, continuaram intensos durante a última madrugada e deixaram novos feridos e detidos.

Em Ancara, os agentes tamparam os números de identificação exibidos em seus capacetes, enquanto grupos de pessoas vestidas com roupas de civis atacaram alguns manifestantes em apoio à polícia.

Já em Istambul, com a chegada de um enorme contingente de antidistúrbios, inúmeros confrontos violentos foram registrados no bairro de Besiktas, mas, pouco depois da meia-noite, manifestantes e agentes negociaram uma trégua e milhares de jovens marcharam em direção à Praça de Taksim, onde o ambiente de paz reinou até o fim da madrugada.

No entanto, a polícia voltou a cortar brevemente a comunicação entre os dois bairros, espalhando gás lacrimogêneo de helicópteros, sendo que, ao amanhecer, a polícia voltou a usar a força para desperdiçar os manifestantes.

O presidente turco, Abdullah Gül, convocou hoje o vice-primeiro-ministro Bulent Arinc para discutir a situação dos protestos. Posteriormente, o mesmo deve se apresentar diante da imprensa local.

O primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, que estará em viagem oficial pelo Magrebe até a próxima quinta-feira, segue insistindo que os protestos são motivados ideologicamente, convocados pela oposição, e assegurou que tudo se acalmará nos próximos dias.

Vários sindicatos convocaram uma greve para hoje com intenção de denunciar o "Estado de terror" vivido no país e, por isso, pediram a seus filiados comparecerem a seus postos de trabalho vestindo roupas negras, mas sem trabalhar.

Os protestos começaram depois do despejo forçado de um acampamento pacífico no parque Gezi de Istambul, que protestava contra a transformação dessa área verde em uma galeria comercial, e se estenderam pelo país em denúncia ao caráter autoritário de Erdogan.

EFE   
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