Promessa de renúncia de Berlusconi causa nervosismo e ceticismo
9 nov2011 - 19h44
(atualizado às 20h55)
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Os italianos receberam nesta quarta-feira com um misto de alegria, resignação e ceticismo a promessa de renúncia do primeiro-ministro Silvio Berlusconi. "Alguma coisa ele está querendo", disse Mirella Maturani, 57 anos, funcionária de um escritório. "Se ele sair amanhã, ficarei contente", afirmou ela, acrescentando que considera a saída de Berlusconi como o primeiro passo para resolver os problemas econômicos da Itália.
Berlusconi diz que vai renunciar depois que o Parlamento aprovar reformas exigidas pelos parceiros europeus, o que marcará o final de 17 anos de domínio político do extravagante magnata da mídia. "Finalmente! E sou um simpatizante de Berlusconi. Mas pelo menos agora podemos tentar algo novo", disse o ferroviário Giuseppe Russo, 52 anos, que tomava café em um bar no centro de Roma.
Antonella Saddi, 49 anos, e suas amigas disseram ter feito uma "ola" para comemorar a demissão do premiê. Mas ela admitiu estar preocupada com a demora na formação de um novo gabinete. "Não sei quanto tempo levará até as eleições, ou que tipo de governo teremos. Não sabemos quanto tempo irá se passar, e se o novo governo chegará tarde demais."
Ela disse considerar que um governo técnico interino seria necessário para implementar reformas rapidamente, mas nesta quarta-feira havia poucos sinais de nomeação iminente de um novo gabinete. Berlusconi disse não esperar a realização de eleições até o começo de 2012. Nesta quarta-feira, os juros dos títulos italianos chegaram a níveis quase catastróficos, mostrando que a promessa de renúncia do premiê não despertou otimismo. A crise da dívida no país, terceira maior economia da zona do euro, deixa muitos italianos temerosos por seus empregos, poupanças e pensões.
"Estou preocupado que as minhas economias virem lixo. Tanto esforço para guardar alguma coisa e não vou ganhar nada com isso", disse Pietro Pappagallo, 59 anos, morador em Bari, no sul do país. "Já enfrentei quatro mudanças na minha aposentadoria. Planejei minha vida e aí eles dizem que eu tenho de trabalhar mais. Como pai, temo pelos meus filhos, que provavelmente nunca terão aposentadoria."
Já entre os mais jovens, a saída de Berlusconi foi vista como uma oportunidade de renovação cultural e de estímulo ao civismo. "Berlusconi representava um tipo de vida que nos equivocamos em seguir. Espero que percebamos que esse não foi o caminho correto, e comecemos a trabalhar pelo interesse coletivo, e não só por nós mesmos", disse o segurança napolitano Mario Roma, de 28 anos.
Poucos são capazes de pensar em candidatos fortes para substituir Berlusconi. "Espero que os italianos intelectuais finalmente se envolvam em governar a nação, de modo que todas essas questões difíceis sejam tratadas por uma pessoa capaz", disse o contabilista Vittorio Casadei, de 41 anos, de Roma.
"Como (o filósofo e romancista) Umberto Eco, por exemplo. Ele é ótimo em explicar nossos problemas nos jornais, mas não acho que já tenha tentado enfrentar esses problemas diretamente. Precisamos de gente assim para assumir a responsabilidade e devolver a confiança aos italianos.
Sem resposta à crise, Berlusconi anuncia renúncia
Seu terceiro mandato como premiê italiano ficou marcado por escândalos sexuais, mas foi a crise econômica mundial o fator decisivo para o fim do atual governo de Silvio Berlusconi. Olhando para a vizinha Grécia, cujo governo também ruiu à dívida, a Itália é o segundo governo da União Europeia (UE) que passa por reconstrução neste final de 2011.
Berlusconi enfrentou e se saiu vitorioso em diversos votos de confiança no Parlamento, mas a pressão da UE pelo ajuste das contas italianas, aliada a uma crescente oposição descontente, tornaram o reino do Cavaliere insustentável. Ele prometeu renunciar após a aprovação de um pacote de medidas econômicas, o que irá encerrar seu terceiro mandato (1994-95, 2001-06 e 2008 até o momento).
"Eram 11 (mulheres), mas só dormi com oito", disse o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, por telefone ao empresário Gianpaolo Tarantini, falando que as jovens brigavam entre si para passar a noite com ele. A gravação da conversa, ocorrida em janeiro de 2009, foi divulgada em setembro deste ano. Nela, Berlusconi se desculpa a Marysthell Polanco, uma bailarina dominicana, pelo pouco tempo que passa com ela: "Sabe, Marysthell, em minhas horas vagas sou primeiro-ministro"
Foto: AFP
"(Angela Merkel é) gorda com quem ninguém quer ter relações sexuais", afirmou Silvio Berlusconi sobre a chanceler alemã. A declaração foi gravada em 2009, mas divulgada em setembro deste ano. Esta não foi a primeira vez que o premiê insultou a chanceler. Em 2008, quando Merkel chegava para uma reunião em Trieste, na Itália, ele a surpreendeu saltando de trás de uma estátua dizendo "cu-cu"
Foto: AFP
"Vou embora deste país de merda, do qual estou nauseado", afirmou por telefone o premiê italiano a Valter Lavitola, diretor e editor do jornal Avanti!, que é investigado por suposta extorsão a Berlusconi. A gravação, feita em julho deste ano, foi divulgada em setembro. No telefonema, Berlusconi se defendeu das acusações de prostituição de menores: "Eu sou assim, transparente, limpo nas minhas coisas. Não há nada que me possa incomodar, entendeu?"
Foto: AFP
Magistrados são "câncer da democracia", disse Silvio Berlusconi durante um de seus julgamentos, em maio deste ano. Acusado de subornar o advogado britânico David Mills com US$ 600 mil para que ele mentisse em depoimentos, o premiê afirmou que as acusações eram infundadas. "Se isso não for uma câncer da democracia, vocês são de outro planeta", disse Berlusconi
Foto: AFP
"Todos temos um lado gay, mas o meu é lésbico", afirmou o premiê em discurso durante ato de seu partido, o Povo da Liberdade (PDL). Em resposta a um militante, Berlusconi disse: "Todos nós somos 25% gay, eu também tenho essa parcela, só que após um atento exame descobri que a minha é lésbica". O premiê também brincou sobre sua estatura: "Não é que eu seja baixo, é que sou mais baixo em comparação aos meus seguranças, que medem 1,95 m, assim é compreensível que eu apareça maisbaixo nas fotos"
Foto: AFP
Sou velho demais para tantas mulheres, disse Silvio Berlusconi sobre as acusações de prostituição de menores ao jornal La Repubblica. "Ainda que eu seja um pouco travesso, 33 garotas em dois meses parece demais até para alguém de 30 anos. São muitas para qualquer um", afirmou o premiê. A promotoria de Milão o acusava de manter relações com 33 garotas de programa em dois meses. Uma delas, a marroquina Karina "Ruby" el-Marough, tinha 17 anos na época
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"É melhor gostar de garotas bonitas do que ser gay", afirmou o primeiro-ministro ao negar os pedidos para que ele renunciasse ao cargo devido às acusações de prostituição infantil. Berlusconi se recusou a pedir desculpas "por sua preferência por mulheres jovens" e negou ter feito alguma coisa de errado. O premiê disse: "Como sempre, eu trabalho sem interrupção e, se ocasionalmente ocorreu de eu olhar nos olhos de uma garota bonita, é melhor gostar de garotas bonitas do que ser gay"
Foto: AFP
Em um vídeo divulgado por jornais italianos, Silvio Berlusconi descreve uma família judia ficcional concordando em esconder outro judeu durante o Holocausto, sob a condição de que ele pague 3 mil euros por dia. Na gravação, ele descreve um membro da família perguntando a outro: "Você acha que devemos lhe contar que Hitler morreu e a guerra acabou?". O vídeo gerou polêmica entre judeus italianos
Foto: AFP
"Não sou santo", disse o primeiro-ministro italiano sobre os escândalos envolvendo conversas entre ele e uma prostituta. "Eu não sou santo, mas agora vocês entendem", disse Berlusconi, sorridente, em uma audiência de executivos e políticos no norte da Itália. Ele chamou as acusações de "lixo", que, segundo ele, teriam como objetivo caluniá-lo
Foto: AFP
"Nunca paguei por uma mulher", afirmou Silvio Berlusconi em entrevista à revista Chi. "Nunca entendi que outra satisfação pode haver senão a de conquistar (uma mulher)", disse o premiê, ao reagir às acusações envolvendo prostituição infantil
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"Mister Obama!", gritou o primeiro-ministro italiano após uma foto oficial no Palácio de Buckingham, em Londres, durante uma reunião de líderes do G20. Em seguida, a rainha Elizabeth II pergunta: "Por que ele tem que gritar?"
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Abrigo a vítimas de terremoto "é como um camping de fim de semana", disse Berlusconi sobre a situação dos desabrigados por um terremoto que atingiu o centro da Itália em abril de 2009. "As pessoas estão bem porque têm muita assistência, muito calor humano, recebem muito amor de nossos voluntários ", afirmou. "Eles têm tudo de que precisam, cuidados médicos, medicamentos à disposição, refeições quentes e abrigo à noite. É como um fim de semana no camping e temos de achar soluç¿es mais concretas"
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Barack Obama é "jovem, bonito e também bronzeado", afirmou o primeiro-ministro italiano em novembro de 2008, após a eleição do novo presidente americano. Berlusconi disse que a eleição de Obama era um bom começo para impulsionar as relações entre Rússia e EUA
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"As mulheres de direita são certamente mais belas do que as de esquerda", disse Silvio Berlusconi, então candidato à reeleição, em um programa de rádio, provocando reação imediata de italianas ligadas a partidos de esquerda ou centro-esquerda. Dias antes, em uma visita à Sardenha, Berlusconi havia afirmado que o poder das mulheres "é dentro de casa"
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"Sou o Jesus Cristo da política", disse o primeiro-ministro a simpatizantes, em fevereiro de 2006. "Aguento todos, me sacrifico por todos", afirmou Silvio Berlusconi. O parlamentar esquerdista Giuseppe Giulietti disse ter certeza de que "Deus e o resto da família de Jesus não gostaram muito disso". Para o parlamentar comunista Marco Rizzo, foi uma "comparação grotesca"
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"Só Napoleão fez mais do que eu", disse Silvio Berlusconi sobre as reformas de seu governo, em fevereiro de 2006, em um programa de televisão. O apresentador retrucou: "Mas não posso fazer um cara a cara com Napoleão", e o premiê respondeu: "Eu sei, mas, de qualquer maneira, eu certamente sou mais alto do que ele"
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"Prometo dois meses e meio de abstinência sexual"¸afirmou o primeiro-ministro italiano em janeiro de 2006, em promessa ao padre Massimiliano Pusceddu. Silvio Berlusconi fez um comício ao lado do padre e prometeu se abster de relações sexuais até as eleições gerais de abril daquele ano: "Vou tentar corresponder a suas expectativas e prometo, de agora em diante, dois meses e meio de absoluta abstinência sexual até 9 de abril"
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"Usei charme e táticas de playboy" para persuadir a presidente da Finlândia, Tarja Halonen, a desistir da candidatura de seu país em abrigar a nova Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, disse Berlusconi em junho de 2005. "Tive de usar todas as minhas táticas de playboy, mesmo que elas não tenham sido usadas por algum tempo", afirmou o premiê, provocando protestos da Finlândia
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"Mussolini nunca matou ninguém", afirmou o primeiro-ministro em setembro de 2004. "Mussolini enviou as pessoas de férias ao exílio (interno)" disse Berlusconi à revista britânica Spectator. Na ocasião, o premiê italiano afirmou que considerava o ditador da Segunda Guerra Mundial "benigno"
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"Gostaria de sugerir o senhor para o papel de 'Kapo'", disse Berlusconi ao deputado socialista alemão Martin Schulz, que o incomodava com perguntas em sua estreia no Parlamento Europeu. "Kapo" era um prisioneiro de campos de concentração que tinha privilégios para inspecionar o trabalho dos prisioneiros. "Senhor Schulz, eu sei que há na Itália um homem produzindo um filme sobre os campos de concentração nazistas. Gostaria de sugerir o senhor para o papel de Kapo", afirmou o premiê
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